FELIPE GUTIERREZ BUENOS AIRES, ARGENTINA – O grupo de torcedores uniformizados das Hinchadas Unidas Argentinas (HUA) anunciou sua dissolução em entrevista coletiva nesta quinta-feira (5). O comunicado, que foi divulgado por meio da advogada Debora Hambo, que atua como porta-voz da organização, culpou a Associação do Futebol Argentino (AFA) por não entregar-lhes ingressos para assistir à Copa do Mundo no Brasil.

A torcida, que foi criada antes da Copa-2010 e que reunia barras-bravas (torcidas organizadas violentas) do país, se preparava para enviar cerca de 650 torcedores para o Mundial. Eles alegaram acordos para ajuda “operacional” (hospedagem, transporte e até ingressos) com algumas torcidas organizadas, como as do Internacional, Cruzeiro e Flamengo.

A HUA chegou a pedir ajuda do governo da presidente Cristina Kirchner, com quem sempre teve estreitos laços. Os idealizadores da entidade acertaram sua criação com assessores da Presidência dentro da Casa Rosada. Eles costumam levar aos estádios faixas de apoio ao regime e tiveram ajuda financeira, no torneio da África do Sul, de entidades ligadas aos partidos que apoiam a presidente. Mas, desta vez, não conseguiram.

A torcida justificou o veto aos ingressos gratuitos por não terem representantes de torcidas de clubes como Boca Juniors, River Plate ou San Lorenzo. A organização é formada por torcedores de outros clubes da Argentina como Racing, Independiente, El Porvenir, Platense, e San Telmo, entre outros.

Mesmo com a suspensão de suas atividades, cerca de 150 integrantes do grupos devem vir ao Brasil, mas separados. Debora acusou ainda a entidade que rege o futebol argentino de dar entradas às torcidas dos outros clubes, mas não ao grupo que ela representa. “Vocês vão ver as torcidas do River, do Boca e do San Lorenzo no Brasil, seguramente”, afirmou. Ela aproveitou o ato para também reclamar da pressão do governo. “O [secretário do Ministério da Segurança] Sérgio Berni disse à AFA que, se dessem uma só entrada às Hinchadas Unidas, não enviaria nenhum policial ao Brasil.

É uma pressão grande do governo contra o grupo”, apontou. A advogada afirmou que, talvez, no próximo governo, a Hinchadas Unidas Argentinas se transforme em um partido político. Colaborou ALEX SABINO, de São Paulo