Jérôme Valcke pretende voltar ao Brasil depois da Copa do Mundo para curtir o país. Mas fará de tudo para não ser reconhecido pela população. O secretário-geral da Fifa mostrou nesta sexta-feira (23) que entende bem que, para os brasileiros, ele é o vilão da organização do Mundial. Quando questionado se retornaria ao país a passeio, fez piada com a fama que carrega. “Volto sim, mas barbudo e cabeludo para não ser reconhecido. Não acho que vou receber o título de cidadão honorário do Brasil, como ganhei na África do Sul.”

O dirigente fez questão de assumir que gerou algumas farpas entre a organização da Copa e o governo federal, mas ressaltou que o relacionamento entre as duas partes é bom. “Suscitei algumas tensões por palavras que usei em certas alturas. Não há problemas em setores mais elevados, como entre a Dilma e o Blatter.” A declaração mais polêmica de Valcke foi dada em 2012, quando o secretário-geral da Fifa disse que o Brasil merecia um “chute no traseiro” para agilizar as obras do Mundial. Dois anos depois, o dirigente está mais complacente com os atrasos. O francês assegurou que os estádios estarão 100% prontos quando a Copa começar e prometeu “que nada vai afetar os jogos” e “nem a preparação das 31 seleções estrangeiras que vêm ao Brasil e merecem o melhor tratamento possível”.

“Foram muitos atrasos. Primeiro, o prazo era 31 de dezembro, depois janeiro, fevereiro, março…. Alguns estádios ainda estão em obras. Os atrasos foram o maior problema. O tempo é um luxo que desaparece. Tudo dará certo, mas alguns estresses poderiam ter sido evitados”. Valcke ainda relativizou o atraso das obras menos ligadas ao futebol, como transporte e infraestrutura. Segundo ele, algumas delas nem sairiam do papel se não fosse o Mundial. “O legado não é algo que vai aparecer no dia 13 de julho. Temos que ver como vai estar o Brasil em 2017 e 2018 e comparar com como era 2007 [quando o país foi escolhido sede da Copa]. Muitas coisas mudaram no Brasil”, afirmou. “Não teremos a melhor circulação de pessoas, mas ao menos evitaremos os maiores problemas. É espantosa a quantidade de obras em Cuiabá, Belo Horizonte acelerou seus projetos por causa da Copa. Talvez não esteja tudo acabado, mas muito foi feito. Nem todas as obras eram para a Copa do Mundo, elas só aproveitaram a Copa”.