DHIEGO MAIA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Considerado o golpista mais conhecido do país, Marcelo Nascimento da Rocha voltou à prisão na manhã desta quarta (25) em uma operação da Polícia Civil de Mato Grosso.

Marcelo teve sua extensa ficha criminal -principalmente crimes de estelionato- narrada no livro “VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso”. A publicação foi adaptada para o cinema, com o ator Wagner Moura no papel do golpista.

Seu momento de maior notoriedade ocorreu em entrevista em 2001 ao programa de Amaury Jr., na Rede Bandeirantes. Na ocasião, Marcelo se passou por Henrique Constantino, filho do fundador da Gol, e até contou planos de expansão da empresa aérea.

Também chegou a se apresentar como chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) quando esteve preso em Bangu, presídio do Rio.

Nascido em Curitiba, Marcelo foi preso em 12 estados diferentes, com nove fugas no currículo. O estelionatário cumpria pena de quase 35 anos de prisão em Cuiabá.

Após quatro anos no regime fechado, ele obteve em 2014 o direito ao semiaberto. Como Mato Grosso não tem unidade prisional para esse tipo de regime, Marcelo cumpria a pena em casa –monitorado por tornozeleira eletrônica.

Segundo a GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), da Polícia Civil, ele foi detido desta vez sob a suspeita de fraudar atestados de trabalho apresentados à Justiça para reduzir a pena –pela lei, um dia de pena pode ser reduzido a cada três trabalhados.

“A gente comprovou que as empresas não têm funcionários, não têm movimentação financeira e só eram utilizadas como forma de justificar a progressão de regime”, disse o delegado Diogo Santana.

A fraude, segundo a Promotoria, foi descoberta a partir de monitoramentos do cotidiano de Marcelo, que se tornou uma figura pública também na capital mato-grossense.

Segundo a promotora Josane Guariente, foram encontradas cinco empresas de fachada. “Uma vez que os documentos utilizados não são verdadeiros, não há direito à progressão [de regime]”, diz.

Ela solicitará à Justiça que Marcelo volte ao regime fechado e seja transferido ao Rio.

O advogado Antonio Carlos Garcia, que defende Marcelo, negou que ele tenha fraudado a documentação apresentada à Justiça. Ele disse ainda que vai apresentar provas de que seu cliente é inocente –não detalhou quais seriam elas.