Não terminamos nem a primeira semana na Olimpíada e o número de medalhas do Brasil em Pequim mostra o verdadeira estágio no nosso esporte. Somos iludidos pelos Jogos Pan-Americanos e agora todos se perguntam o por quê do nosso baixo rendimento no cenário mundial. Competições dessa natureza são resultado da participação de uma elite esportiva do Brasil, não temos e nunca tivemos uma “base” esportiva planejada.

Isso é o que nós chamamos de funil do esporte, quando os atletas precisam do suporte técnico, financeiro, para continuar praticando um esporte. Tudo vira pó. Comecemos pelas escolas. Pouca coisa se tem de participação em massa. Nenhum projeto – insisto -, nenhum projeto governamental atende as verdadeiras necessidades do nosso esporte escolar.

Os clubes esportivos, mesmo recebendo incentivos de lei, não suportam as despesas para manter equipes em treinamento sem resultados imediatos. Todos os clubes amadores brasileiros vivem de resultados a curto prazo. Para o atleta se manter treinando em academias particulares? Apenas os de famílias que dispõe de capital podem ter este privilégio.

Quem são os nossos representantes na natação? Em todos os demais esportes nacionais, raríssimos são os atletas que vieram de uma classe pobre, com exceção do bretão, é lógico. Nem quero aqui relacionar os esportes de elite, que não contam: vela, hipismo, tiro e outros tantos.

Tenho escutado muito nesses jogos o nome de Cazaquistão. Onde fica esse país? Por que tanta presença no pódio de um país como esse? E Cuba, que não é mais a mesma, mas continua muito à frente do Brasil? Já conhecemos essas fórmulas do sucesso há muito. Quais as dificuldades de mudança de comportamento?

Também concordo com outras correntes segundo as quais participação em Olimpíada não é o mais importante, e sim as nossas competições nacionais com muita qualidade. Perfeito, então não precisamos entrar em ufanismos hipócritas, achando que a nossa medalha feminina do judô foi um grande avanço esportivo. Foi apenas um bronze, mais nada. 

Enquanto nossos projetos políticos estiverem apenas focados em organizar jogos e distribuir bolas, estaremos apenas revivendo Pierre de Coubertin: “O importante é competir”.

P.S.: Há muito tempo não aparecia um atleta como o da Mongólia, lutador de judô da categoria do meio pesado. Na luta final pelo ouro, parecia que estava treinando e não simplesmente a “luta da vida”.

Esta coluna é de responsabilidade do professor de Educação Física Carlos Mosquera – [email protected]