Convivência Pacífica – Yoga e Exercícios Físicos

Por: Mayra C. Castro

Não recentemente, mas há uns dois anos, muito se falava do Conselho
Federal de Educação Física (CONFEF) encampar e regulamentar a prática
do yoga. Explodindo como modismo, emprestando suas técnicas a aulas
como a do body balance, o yoga, na época, era dado como panacéia,
método capaz de cuidar, a um só tempo, do corpo e da alma.

Hoje – e, veja só, são apenas dois anos – há um consenso de que o yoga
não seja apenas uma atividade física, mas toda uma filosofia, milenar
por sinal, que ajuda o homem a desenvolver sua espiritualidade partindo
do corpo para atingir o psíquico. É aceito que o professor de yoga não
seja um professor de educação física, mas de educação espiritual,
moral, comportamental. O corpo e a saúde física, no yoga, são
instrumentos para o autoconhecimento, para atingir a expansão da
consciência e para alcançar um estado em que o homem esteja unido a si
mesmo. Aliás, yoga, em sua raiz sânscrita, significa justamente isto:
união.

Quando uma pessoa vem fazer yoga, ela está predisposta a aprender como
se sentir melhor, a descobrir os mecanismos que a estressam, a observar
que a saúde não vem apenas com a prática de exercícios físicos, mas com
uma revisão de hábitos – desde alimentares, de lazer, de rotina de
trabalho e estudos a relacionamentos – e de disciplina para pô-los em
prática.

E, dentro desta revisão de hábitos, muitas vezes nos deparamos com
alunos que precisariam fazer atividades físicas, paralelamente ao yoga,
e não o fazem, seja por qual motivo for – inclusive porque seu
professor de yoga não recomenda. Diante deste quadro, eu arriscaria
dizer que, se o yoga convive pacificamente com a educação física nas
academias de ginástica, já nos estúdios de yoga esta convivência
careceria de maior intimidade.

Nos Estados Unidos (sempre lá) há esportistas unindo yoga ao seu treino
profissional; há professores de yoga juntando yoga e exercícios
aeróbicos, senão na mesma aula, como também na orientação durante a
anamnese do aluno que se matricula. Conheço alguns professores que
praticam musculação e atestam que sua prática de yoga se desenvolve
melhor. E atletas amadores que dizem que o yoga trouxe uma nova
dimensão para sua prática esportiva, começando a enxergá-la não apenas
pelo prisma físico, mas, sobretudo, espiritual.

Gandhi lutou pela independência da Índia praticando ahimsa, que é o
preceito hindu e yogue da não-violência. É na convivência pacífica e na
colaboração mútua que professores de yoga e professores de educação
física poderão dedicar-se ao seu propósito que, no final das contas, é
educativo: educar o aluno para um estilo de vida comprometido com tudo
aquilo que lhe fará bem, desde o exercício, até a meditação.
Namastê. (Saudações.)


Mayra C. Castro (mayraccastro@hotmail.com) é lingüista,

professora de yoga e aromaterapeuta. Pratica yoga há oito anos

e é fundadora dos estúdios Navrattna Yoga no Paraná.