Meu livro da semana é “A dança dos deuses, futebol, sociedade, cultura”
de Hilário Franco Júnior, editora Companhia das Letras. Para quem gosta
de futebol é um lazer fascinante, talvez uma das obras mais completas
sobre a história do futebol. Hilário conta de uma lenda na China, entre
2000 e 1500 a.C., que guerreiros inventaram uma curiosa e macabra
diversão para relaxar após a tensão das batalhas: chutar o crânio de um
inimigo procurando faze-lo ultrapassar duas estacas de bambu fincadas
no chão.
Estas entre tantas outras, ilustram muito bem como o ludopédico é
cativante e vicioso. Muitos sociólogos e psicólogos tentam encontrar
uma justificativa sensata das nossas paixões pelo bretão. No livro “A
dança com deuses”, uma explicação de 1864, do jornal londrino The Field
definia o futebol como preparação para os futuros governantes do país.
O futebol moderno nasceu como instrumento do darwinismo social, diz o
livro. Por mais isso, acho muito difícil uma explicação para gostar do
futebol que não seja amor, só pode ser isso, mas deixa pra lá. Desde os
tempos do aparecimento da primeira “pelada” entre os ingleses até os
dias atuais, pouca coisa dos costumes futebolísticos mudaram,
diferentemente dos outros esportes.
A velocidade com que mudam regras, costumes, equipamentos e técnicas
são assustador, os especialistas precisam se acostumar com esta
velocidade, caso contrário ficam expostos ao ridículo. Já no bretão a
coisa é tradicionalista, como o chá da tarde dos ingleses, pra quê
mudar?
Nesta semana dois técnicos da província fizeram as malas, entram mais
dois, o do Atlético que nem conhece Curitiba e o Lori que retorna
depois de uma passagem incerta. Pois bem, acho que estas mudanças, em
muitas vezes são necessárias, em outras, preocupantes. Isto mostra que
os clubes, mesmo profissionalizados, não conseguem manter um
planejamento a médio e longo prazo.
É incoerente, para não dizer outra coisa, um técnico escalar um time
sem ao menos conhecer as características de seus jogadores, para isso é
aconselhável pelo menos algumas semanas, para não dizer meses, do
contato “entre as partes”.
Sai técnico, auxiliar técnico, diretor e companhia, quem escala o time?
O massagista ou o presidente? E o planejamento do clube? Volto ao livro
do Hilário, só o amor mesmo para agüentar tanta desorganização e
bagunça, não há outra justificativa. Talvez a explicação mais sensata
seja terminar de ler o livro e esquecer um pouco estas mudanças no meu
Paraná.