O que escrever depois de uma quarta-feira repleta de sucessos futebolísticos no Brasil? Uma classificação convincente do Fluminense, melhor ainda com a presença do velho Chico Buarque. A vitória do ressuscitado Corinthians, que por sinal começa a resgatar um futebol vibrante, talvez até pela presença do Herrera, um coadjuvante do Carlitos Tevez. São jogos que imobilizam diversas camadas sociais, quase 100 mil espectadores em cada partida. São viagens que nos remetem a um universo de paixões – e desilusões quando os nossos times perdem, é claro.
Depois de todo esse espetáculo de vitórias dos nossos times, uma notícia vinculada nesta semana passou despercebida para a maioria dos brasileiros, pelo menos para os aficionados por esportes. É a classificação do Brasil para disputar com mais três países a possibilidade de sediar a Olimpíada de 2016. Como a Inglaterra já está credenciada para a próxima Olimpíada, resta agora a especulação em torno do próximo país a sediar o evento esportivo mais cobiçado do planeta.
Na celebração do resultado as imagens me entristeceram muito, “os rivais políticos” se abraçando por uma causa em “benefício do Brasil”. Todos os “abnegados especialistas” se entregando a uma causa pelo povo sofrido e carente. Não sei, não, essa imagem eu já vi recentemente nos Jogos do Pan, no Rio de Janeiro, agora parece que tudo segue a mesma trilha. Depois de todo aquele investimento no Rio, não se ouviu nem leu nada sobre os resultados efetivos daquele investimento. Ou estou enganado? Você, leitor, pode me ajudar?
Nossa preocupação, insisto, deveriam ser as escolas e esportes de participação. Não temos, em nenhuma esfera – municipal, estadual e federal – um programa que atenda a participação dos jovens brasileiros nos esportes de base. Não seria mais produtivo um investimento nos técnicos, professores, nas instalações e nos programas esportivos do que numa Olimpíada? Mesmo quando se articula uma ascensão política pelo esporte, o próprio investimento interno pode resolver esta insatisfação, além do benefício ser direto.
Nossa realidade esportiva ainda depende do aparecimento de alguns talentos que surgem muito mais pela facilidade de participação do que iniciativas concretas. Para citar apenas um Projeto Nacional, o “Segundo Tempo”, depois de um investimento brutal no esporte do contraturno escolar, até agora não se conhece nenhum resultado “desse esforço”. Não me venham com a história de que em uma cidade do sertão baiano (nada contra os baianos, ao contrário), tem um menino que foi campeão brasileiro e saiu deste projeto. Isso poderia acontecer mesmo sem o projeto do governo.
A população em geral desconhece qualquer iniciativa governamental nesta área, não se tem uma fiscalização efetiva; os resultados apresentados são inócuos. E o dinheiro público é desviado. Basta sondar o que as nossas prefeituras e estado estão fazendo com os escolares. O que fica, muitas vezes, é a imagem “global”, uma comemoração artificial que atende apenas uma parcela dos interesses. O principal mesmo, o dia-a-dia do esporte, fica relegado a outro plano. Por isso, imagem não é tudo.
Esta coluna é de responsabilidade do professor de Educação Física Carlos Mosquera