O termo fitness é amplo e voltado à satisfação de necessidades. É empregado em áreas de conhecimento diversificadas, tais como: administração, informática, educação física, entre outras.
No Brasil o termo fitness está popularizado ao ideal de boa forma, promovido pela indústria bilionária do lazer esportivo. Mesmo atendendo uma parcela ainda pequena da população brasileira, aproximadamente 2 %, revelam tendências notáveis para ascensão.
Neste negócio onde se vende à idéia de saúde e beleza, opera o princípio humano incontrolável do prazer. Este pode ser obtido utilizando recursos como: álcool, tabaco, drogas, etc. Em nossa sociedade ocidental pós-moderna, há uma tendência a obtenção do prazer sem esforço. Isto faz as pessoas consumirem os produtos e serviços de maneira quase inconseqüente. Basta ter dinheiro em mãos para comprar.
Vários orgasmos durante um único dia. Tudo muito rápido, superficial e, principalmente, com pouco esforço. A tendência à acomodação, ou seja, a tendência a obter prazer com um mínimo de dispêndio energético tem contribuído para o sedentarismo de milhões de pessoas. O problema é que os empresários do fitness são, muitas vezes, cúmplices desta situação. Um exemplo clássico são os aparelhos mirabolantes que prometem resultados fantasmagóricos sem esforço, como os eletro-estimuladores. Será que não poderiam treinar também os freqüentadores para serem mais amáveis e compreensíveis? Seria um tremendo serviço à humanidade, fazer com que os “brucutus” e “ratos de academia” exercessem amplamente a cidadania.
Retornando a satisfação do prazer, muitas modalidades de atividades nestes estabelecimentos oferecem subsídios para a obtenção de prazer imediato. Já são de domínio popular que os exercícios físicos liberam neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer, então nada mais sensato que se lançarem aos abdominais, flexões e agachamentos e, se ainda tiver música e gente sarada, melhor ainda. Parece tudo bom e ótimo, assim como para o drogado que argumenta as benesses de injetar e cheirar.
Sem sofismo, não é adequado transformar atividade física em produto enlatado. Saúde é um estado de equilíbrio, por sua vez, este equilíbrio é individual, portanto cada ser humano precisa ser orientado a encontrar este equilíbrio, mesmo que isto demande algum esforço. Existe sempre a necessidade de adaptar, pois diante do primeiro princípio do treinamento desportivo, ou seja, individualidade biológica parece-me inerente que qualquer processo de treinamento físico deva levar em consideração as diferenças, mesmo sabendo que o essencial é mesmo o prazer. Nesta sociedade da técnica, a artificialidade envolve as pessoas, as aprisiona, as submetem a inconsciência individual e coletiva. Daí toda esta corpolatria, para não dizer “corpolatrina”. Aqui reside o maior dos males, a alienação da atividade física. A busca do corpo perfeito. Hipnotizados, adolescentes passam o dia treinando para emagrecer ou ganhar massa muscular. Produtos para ganhar e perdem peso constituem uma febre. Os adultos e idosos que invadiram estes locais, mais parecem lutar para reverter o envelhecimento. Afinal, há algo de errado nisto? O senso comum pode dizer não, mas onde fica a elevação do nível de consciência?
Repensar as atividades físicas de academias, sua riqueza e real finalidade será importante não só para a evolução do setor, mas, sobretudo para justificar seu status de centro promotor de saúde, deixando de ser um local gerador de ansiedades, frustrações e, sobretudo de dependência.
Patrick Ramon Stafin Coquerel, bacharel em Educação Física e Esportes. Mestre em Ciências do Movimento Humano. motriz@iguamirim.com.
Docente da Universidade do Contestado- UNC