Gordos, saúde e dúvidas

Carlos Mosquera

Em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um conceito sobre saúde: “É o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença”. Se fôssemos ainda seguir esse conceito, certamente já estaríamos marcando o horário do velório. As implicações para uma boa saúde são muitas, e não merecem aqui uma discussão mais aprofundada.
Vale, sim, refletir sobre a obesidade, uma doença que compromete decididamente o bem-estar de qualquer indivíduo. É um problema que pode também afetar a carreira de muitos atletas talentosos, como o ex-jogador Neto, do Corinthians, agora um comentarista de TV “magrinho”.
Estima-se que sejam mais de 300 milhões os obesos no mundo. Um número assustador, principalmente quando associamos essa epidemia a óbitos do coração. A classificação da obesidade quanto à quantidade de gordura é baseada na relação peso/altura, conhecida como IMC. Esse parâmetro ainda é o mais empregado, pois não existem custos para realizá-lo. O cálculo do IMC é obtido dividindo-se o peso do indivíduo em quilogramas (Kg) pela altura ao quadrado (altura x  altura) em metros (m).
Como esse assunto já foi abordado em outra ocasião, resisto em repetir apenas o índice que é considerado como peso normal: IMC entre 18,5 a 24,9 kg/m². Quando os índices estão além destes, sinta-se um obeso. Nos gordinhos a gordura pode se apresentar de duas formas: tipo andróide, quando a gordura é depositada preferencialmente na região abdominal, elevando o risco de hiperinsulinemia (resistência à insulina), hipertensão arterial, hipercolesterolemia (colesterol elevado), diabetes e outras. Os homens são mais propensos a essas doenças. Basta ver a barriga dos atletas.
Na segunda forma, a obesidade tipo ginóide, a deposição de tecido adiposo está localizado em regiões glúteas e femorais. As mulheres são mais acometidas nesses casos. Essa distribuição de gordura, o que muitas mulheres se perguntam, se dá hereditariamente pela atividade de uma enzima chamada lípase lipoprotéica (LPL), que facilita a captação e armazenamento de triglicerídeos pelos adipócitos (células de tecido adiposo). As variações na atividade da LPL são responsáveis também na distribuição da gordura que ocorre durante a gravidez, nas pessoas de meia idade e na gordura corporal total e em sua diferente distribuição entre homens e mulheres.
Mesmo assim, as dúvidas sobre um emagrecimento saudável continuam trazendo polêmicas. Comer isso ou aquilo? Beber antes, durante ou depois das refeições? Tomar ou não remédios? Submeter-se à cirurgia? Todas essas questões são defendidas por uns e criticadas por outros. O que vale mesmo é “fechar” a boca, consumir o mínimo possível e exercitar-se todos os dias, nem que seja uma caminhada. Caso contrário, você continuará fazendo parte das estatísticas.