É uma pena que estes jogos não tenham a mesma repercussão que os jogos
dos “normais”. Os motivos são variados; a imprensa não dá o mesmo
valor, a população deixou de assistir às competições, a própria
organização do evento deixou de valorizá-los. As razões são claras, mas
é difícil de concordar com qualquer um deles, nem ao menos aceita-los.
Einstein afirmou, “época triste a nossa em que é mais difícil quebrar
um preconceito do que um átomo.” Na trilha deste preconceito ancestral,
comparo dois resultados nestas duas competições, apenas como mais uma
curiosidade, ou para quem quiser, uma reflexão.
Nos Jogos do Pan deste ano, no atletismo dos 100m rasos o brasileiro
melhor colocado, Vicente Lenílson (7º colocado) fez o tempo de 10.37s.
e no Parapan Lucas Prado cravou 11.29s.
Nesta prova, na categoria B1, o atleta cego corre acompanhado de um
guia e vendado, para evitar qualquer desconfiança. Pois bem, a
diferença entre o “normal” e o “deficiente” é menor que um segundo,
isso mesmo, se fôssemos colocar os dois para competirem juntos, a
diferença seria muito pequena.
Quero continuar com a provocação, quem é o deficiente? Porque
continuamos desprezando, ignorando esta parcela da população que hoje
se aproxima de 15%. Apesar disso, o esporte continua cumprindo o seu
papel; é uma forma de identificação coletiva e também uma das fontes de
significado na vida de quase todos que estão competindo neste Parapan.
Como afirma Norbert Elias, viver juntos em dependência mútua é a
condição básica para todos os seres humanos, por isso, o esporte para
deficientes pode mostrar para a sociedade os valores que cada
paraatleta carrega consigo, do esforço em manter-se treinando e
competindo à possibilidade de se superar.
Por último, continuando a provocação, vale a pena acompanhar estes
Parapan e, continuar informando-se do que eles são capazes, assim
podemos acreditar que o a sociedade pode ser melhor se dermos mais
valor aos excluídos.
Esta coluna é de responsabilidade do professor
de Educação Física Carlos Mosquera