A cidade de Curitiba já se consagra como uma das capitais mais
“maratonistas” do Brasil. A maratona é uma competição que literalmente
pára a cidade e abre-a para a participação mais democrática com que
algum liberal já sonhou. Para organizar uma prova como esta, o estafe
precisa ser grande, ou seja, não é para amadores. O mesmo acontece com
os corredores: não é para principiantes.
No domingo, teremos outras provas acontecendo ao mesmo tempo. Mesmo não
sendo a primeira vez que isso acontece, sempre desconfiei dessas
combinações de provas durante o evento principal, mas acho que a coisa
está dando certo. Explico-me: neste domingo teremos a realização da
maratona, de uma corrida de 10 km e de uma caminhada de 5 km. Tudo isso
acontecendo no mesmo dia, com intervalos entre as largadas muito
pequenos, todos os atletas se misturando.
Como em outros anos a idéia deu certo, este ano os organizadores
repetem a idéia. O principal motivo, acredito, é para que muita gente
participe da festa. Uma organização tão cara para poucos atletas não
tem sentido, então, aproveita-se com novas alternativas. Que assim
seja.
Já para os corredores, as alternativas nos dias que antecedem a prova
não são muitas. Os treinos mais pesados e longos deveriam ter sido
feitos pelo menos 30 dias atrás; depois disso, apenas manutenção. A
gíria de corredores chama isso de rodar, apenas rodar alguns
quilômetros. Sono, boa alimentação e uma disposição para concluir a
prova são os segredos destes últimos dias.
Quando se tem um mínimo de experiência nesse tipo de corrida,
descobre-se desde cedo seu ritmo de prova. Maratona é compreendida como
uma prova aeróbia. É necessário um grande consumo de oxigênio, um alto
VO2, o que os especialistas consideram como mínimo para se concluir uma
maratona. Numa linguagem mais fácil, posso explicar como VO2 aquele
momento em que o atleta inspira o ar para se manter em atividade e o
que está consumindo é o suficiente. Ao contrário, é quando alguns
iniciantes reclamam que não conseguem inspirar direito. Não é
exatamente isso. O correto é dizer que não conseguimos utilizar o que
está sendo inalado; nosso corpo não consegue trabalhar com o que
consegue captar.
Mais do que isso, a maratona é uma prova de muita paciência e um forte
apelo psicológico. Como se permanece muito tempo em movimento, se a
cabeça não estiver preparada para esse espaço de tempo no qual o que se
faz é a mesma coisa, por muito tempo, não se consegue completar a
prova. Portanto, para um bom corredor de longas distâncias, só os
treinamentos são insuficientes. Precisa-se, além disso, muita
persistência e força de vontade. O resto é historinha para contar
vantagem.
Esta coluna é de responsabilidade do professor de Educação Física Carlos Mosquera – [email protected]