Raríssimo leitor, estimada leitora, perdoem-me por escrever sobre algo
de que não entendo, mas o futebol é algo que penetra na alma de
qualquer um, como disse na semana passada, por isso acho que vale a
pena arriscar. Nas conversas mais animadas, sempre fico indignado com o
pouco caso que os clubes fazem da sua história. Perguntem aos mais
jovens: Quem foi o major Couto Pereira? Não precisa muito, pergunte a
um fanático atleticano: Quem foi o Caju? Indagar a um paranista sobre a
importância da Rede Ferroviária na fundação do seu clube, então, seria
pedir demais.

Alguns clubes mantêm a história da sua fundação e outros acontecimentos
históricos nas suas páginas da internet, mas me parece pouco assim
mesmo. Nossas crianças estão carentes de histórias de ídolos
esportistas. Pelé é Pelé porque está na mídia o tempo todo, já
Garrincha, Pepe, Coutinho, Sicupira, Krüeger e outros já sumiram da
lembrança da maioria dos “fanáticos”.

“O que vale é o presente” diz o filho do meu vizinho, e isso não deixa
de ser verdade. Para se saber um pouco mais da história futebolística,
é preciso ser no mínimo curioso, caso contrário acreditamos que estes
que estão na ativa são os “nossos ídolos”. Recordo-me da idéia de um
amigo da imprensa que anos atrás organizou um álbum de fotos, aquelas
coleções de figurinhas que se compram em banca de jornais, apenas com
os jogadores dos times paranaenses. A idéia vingou, só que uma grande
empresa de marketing fez primeiro.

Escutei dia desses na televisão que um time do interior do Paraná doou
o “bicho” para uma instituição de caridade. Além de ajudar os mais
necessitados a iniciativa como marketing me parece perfeita. E aquelas
visitas que os antigos jogadores faziam às escolas publicas? E as
camisas autografadas pelos jogadores e doadas a instituições de
caridade para a arrecadação de dinheiro? Não existe mais ou eu que não
compreendo nada de marketing?

 Acho também que os próprios jogadores não sabem da importância da suas
imagens. Sempre acreditei que uma das finalidades de um clube, seja
esportivo ou social, é atender também a sua comunidade. Quantos
torcedores bem instruídos e formados, “doentes” pelos seus times, estão
à disposição clubística? Poderiam estar voluntariamente ajudando a sua
“tribo”: extraindo dentes, cortando cabelos, realizando uma avaliação
oftalmológica, doando material escolar, etc…

Mais um detalhe. Todas as grandes agremiações utilizam seus ônibus
apenas para levar seus jogadores ao aeroporto ou ao CT. Eles não 
poderiam transportar, em algumas semanas do ano, um pouco mais de
solidariedade às comunidades carentes e também “fanáticas”. Esses
torcedores carentes, em muitos casos, são os verdadeiros, os únicos que
engolem o precário futebol que a maioria dos times apresenta.