Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que não conheço pessoalmente o jogador do atlético Denis Marques, muito menos soube de algo que o rebaixasse mentalmente. Quero apenas fazer neste intróito uma analogia do que vi pessoalmente, um gol antológico com uma síndrome pouco conhecida, chamada de savant. Esta síndrome é lembrada como a convivência da deficiência com a genialidade. Quando recordamos do filme Rain man, que o ator Dustin Hoffman interpretou o personagem Raymond Babbitt, fica fácil entender quem são. No filme, o savant memoriza mais de 7.500 livros, conhecia todos os ceps e DDD da sua cidade. Como na vida real ele era capaz de dizer, pela data de nascimento, o dia da semana que a pessoa tinha nascido e qual o dia da semana dessa mesma pessoa, quando ela fizesse setenta anos. Assim fica mais fácil explicar o que é Savant. Voltando a analogia proposta, no primeiro tempo do jogo, me refiro ao jogo do atlético com o Paraná, no último sábado, vi esse mesmo jogador perder dois gols que, qualquer jogador mediano não faria muita força para fazer. Quando estas chances foram perdidas, na mesma hora vem a vontade de rotulá-lo de limitado. Pois é, não passa muito tempo e o mesmo limitado apronta uma de savant, um gol que dificilmente algum craque do Brasil já fez. Muitos aplausos, gritarias e torcedores regozijando-se pelo gol e pela inspiração. E se perguntarmos a ele como ele conseguiu a proeza, dificilmente saberá responder, como um savant responde às suas realizações de gênio. As habilidades que a síndrome de savant desperta é em sua maior parte, limitadas, e tendem a estar concentradas no hemisfério direito. Ou seja, elas são predominantemente não-simbólicas, artísticas, visuais e motoras. Incluem música, arte, matemática, formas de cálculo e uma variedade de outras aptidões, como as mecânicas ou espaciais. Em contraste, as habilidades de hemisfério esquerdo são mais seqüenciais, lógicas e simbólicas. Elas incluem a linguagem e a especialização da fala. As habilidades motoras que é o nosso exemplo, também têm outros representantes “savant”, o gênio Garrincha, não conseguia compreender as ordens do técnico, apenas fazia o que mais lhe agradava, driblar e fazer gols. Acho que, apenas uma opinião sem critérios científicos; todo grande atleta tem um pouco ou muito de savant, apresentam um comportamento diferenciado, muitos são introspectivos, outros, extrovertidos ao extremo mas, quase todos sabem muito bem o que fazer com a sua especialidade. Como já dizia Nelson Rodrigues “o gol é a expressão da alma” é uma pena que fora dos campos estes “savants” não façam à mesma coisa.
Esta coluna é de responsabilidade do professor
de Educação Física Carlos Mosquera