Desde muito jovem acreditei na popularização da atividade física, sem
pretensões das glórias, obviamente. Diferentemente dos meus tempos de
faculdade, quando as provas científicas dos exercícios físicos para o
corpo eram mais difíceis, hoje, sobram motivos para todo cidadão se
mexer. Uma pena que as autoridades ainda não perceberam isso. Depois de
ler os trabalhos de Doreen Kimura, de uma Universidade Americana,
acrescentei mais um bom motivo para continuar acreditando nos
benefícios dos esportes. Em seus trabalhos com neurociência, afirma que
os movimentos da boca dependem da mesma faculdade que guia os
movimentos balísticos de mão, ou seja, melhorias na destreza poderiam
ajudar na linguagem, e vice-versa.  Supõe-se que a capacidade de fazer
arremessos acurados, que teriam ajudado os hominídeos a sobreviver aos
episódios de resfriamento nos trópicos, também abriu a possibilidade de
comer carne regularmente e de sobreviver ao inverno em zona temperada.
O dom da fala seria um benefício acidental. Como são milhões de anos a
evolução da nossa espécie, é certo que o DNA dos nossos craques dos
esportes são, na sua maioria, de herdeiros diretos desses caçadores e
primatas eficientes nas suas especialidades. Um movimento balístico
como um arremesso no basquete, tem muito mais a ver com a evolução do
que qualquer outro raciocínio lógico usado diariamente. Agora, imaginem
o resultado de toda essa evolução quando vemos uma jogada de futebol,
como a do Alexandre Pato, ontem, com toques mágicos, que encantam
qualquer retina. Como estamos no século da genética, em breve estaremos
comentando sobre os genes que capacitam um cidadão à craque, ou quem
estará apto a arremessar bem. Mesmo com essas descobertas é preciso que
estes genes “despertem” e cumpram a sua função, como já se sabe quando
aparecem alguns tipos de doenças, ou seja, o meio influenciando a
genética. Então, que 2007 possamos ser “agentes inovadores do esporte”,
vamos começar a jogar gol-a-gol, ou quem sabe, improvisar uma cesta de
basquete e treinar na garagem de casa.


Esta coluna é de responsabilidade do professor de Educação Física Carlos Mosquera