
No próximo sábado, 25 de março, Mel e Kandiero, do Centro Cultural Humaita, conduzem mais um passeio Linha Preta pelo Centro de Curitiba para compartilhar fatos e curiosidades que desmistificam a história do Paraná criada pelos paranistas.
O projeto faz parte das ações de valorização da história e cultura afro-brasileira, incluída nos currículos escolares há 20 anos pela Lei 10.639/03. “Importante ressaltar que, no Paraná, não basta ensinar a história e cultura africana e afro-brasileira, desconsiderando as memórias locais, pois isso contribui com a invisibilidade da população afro-paranaense e afro-curitibana. Sem a abordagem regional, corremos o risco de repetir a mentira paranista, de que no Paraná não existe presença negra, história e cultura afro”, afirma Kandieiro. “Africanos e afrodescendentes já estavam presentes em nosso território 300 anos antes da chegada dos imigrantes”, completa.
O público pode saber mais sobre as histórias que a História não conta na Linha Preta Curitiba, um passeio pelos pontos de memória afro-curitibanos no centro histórico da capital mais negra do Sul do Brasil.
A Curitiba preta tem mais de 330 anos
A história de Curitiba é repleta de fatos e curiosidades que remetem a presença negra desde antes da fundação da Vila Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais. Alguns personagens despertam curiosidade e provocam reflexões interessantes, como o mestre em cantaria na aquarela de Debret intitulada “Curitiba, 1827”. Ele trabalha as pedras com suas ferramentas e seu barrete frígio, tendo ao fundo a antiga Igreja do Rosário dos Pretos e o mastro de São Benedito.
O padre Antonil, em suas crônicas de 1711, conta sobre o africano que encontrou os primeiros veios de ouro nas Minas Gerais, havia estado antes nas minas de Paranaguá e Curitiba.
Para receber uma doação de sesmaria, os fundadores da vila deveriam comprovar posse de “grande escravaria” para explorar e extrair as riquezas da nova terra. E, naqueles primeiros tempos, os escravagistas comercializavam principalmente africanos e africanas especialistas em prospecção, extração e fundição de ouro da Costa da Mina, chamados de pretos e pretas Mina.
“Para entender as contribuições africanas na história do Paraná é preciso ter em mente que estamos falando de conhecimentos e tecnologias fundamentais para o desenvolvimento da Vila. A história dos afro-curitibanos é sobre mão de obra especializada, cujos conhecimentos em inúmeras áreas estão presentes desde antes da fundação da Vila”, relata Kandieiro. “Diminuir estas importantes contribuições ao aspecto meramente físico e braçal e negar a importância dessas contribuições ou minimizar a sua participação, é racismo. E, vale destacar, a invisibilidade é o ponto nevrálgico do racismo no Paraná”, afirma.
Serviço:
Passeio Linha Preta Curitiba – A Curitiba preta tem mais de 330 anos
Data: 25/03 (sábado)
Horário: das 9h ao meio-dia
Professores: Mel e Kandiero
Ingresso: 40 reais
Inscrição pelo formulário: https://Bit.ly/InscriçãoLinhaPreta
Instagram: @linhapreta.curitiba