Toda e qualquer pessoa que costuma assistir ao Programa do Jô, da Globo, sabe quem são o saxofonista Derico e o baixista Bira, dois dos mais divertidos e conhecidos integrantes da banda da atração. No Altas Horas, comandado por Serginho Groisman, as moças do grupo que toca no programa não são tão famosas como os músicos de Jô Soares, mas também são reconhecidas nas ruas, praias e shoppings. Fausto Silva adora bater papo, no meio do Domingão do Faustão, com os integrantes de sua banda, atualmente capitaneada pelo músico Luiz Schiavon, ex-tecladista do RPM. Hebe Camargo, Ratinho e Emilio Surita, do Pânico, também têm grupos musicais para animar seus programas. E quem ganha com isso – além do telespectador, que tem mais um atrativo na tela – são os próprios músicos, que, além de um emprego fixo, passam a fazer shows e a ser contratados para eventos, graças à fama conquistada na TV.

Apesar de só agora estar explodindo no Brasil, a onda das bandas em programas de TV não é novidade. Fausto Silva e Jô Soares já fazem isso há mais de 20 anos. Jô, aliás, copia, inegavelmente, a fórmula do apresentador americano David Letterman, que também tem um grupo no palco e adorar fazer piadas com seus músicos. Hoje, é raro um grande programa de auditório de TV no Brasil que não tenha a própria banda, desde os grandes da Globo e do SBT, aos menos conhecidos, como o É Tudo Improviso, da Band, passando pelo humorístico O Pânico na TV, da RedeTV!. E cada grupo reflete, em muito, as características do apresentador. No Pânico, Emílio Surita dá boa noite e a plateia já entra em agitação, puxada pelo pancadão da bateria da banda Viva Noite. O Sexteto do Jô costuma fazer um som que mescla MPB e muito jazz, estilo preferido de Jô Soares. No programa de Hebe Camargo, o trabalho musical fica nas mãos de uma orquestra de 20 músicos, lembrando os tempos em que a apresentadora cantava no rádio, nos anos 40. E por aí vai.

Apesar de serem apenas coadjuvantes, as bandas desses programas recebem bons salários – alguns chegam a R$ 15 mil – e conseguem consolidar a carreira fora da TV. Algumas fazem 15 shows por mês Outras, misturando sertanejo e funk, cobram cachês de R$ 30 mil por uma hora.

Depois de seis anos acompanhando o Pânico, da RedeTV!, o grupo Viva a Noite possui agenda com média de 15 shows mensais Entre os clientes, estão grandes empresas, como Volkswagen, Banco Itaú e Sony. Bem diferente de quando o grupo cantava na casa noturna Na Mata Café, em São Paulo, por um cachê simbólico em torno de R$ 30. Com os novos ares, o empresário e baterista da banda, Dino Scarpelli, 38 anos, conseguiu realizar um sonho antigo: comprar um Dodge 1979, que custa cerca de R$ 70 mil. Na RedeTV!, eles não recebem cachê. Tocam apenas para alcançar divulgação. Nos shows, a banda lota casas noturnas com hits de Menudo, Sidney Magal, Luan Santana e Lady Gaga. No ano passado, o grupo fez um show para 20 mil pessoas em Aracaju e lançou um DVD pela Universal Music.

Do RPM para o Faustão — Em 2003, Hebe Camargo convidou a orquestra Atrium Jazz Band para um especial de Natal, no SBT. Com o programa no ar, Hebe pediu a Silvio Santos para contratar a orquestra. Deu certo. Hoje, para tocar na atração, a banda recebe R$ 16 mil, valor divido entre os 20 componentes. Mas o grupo também faz shows, cobrando cachê de R$ 10 mil. O pessoal da Banda do Ratinho tem vida melhor: o grupo recebe salário de R$ 3 mil. Além disso, o grupo cobra R$ 30 mil por uma hora de apresentação em festas de aniversário, casamentos e festivais. Fazemos de seis a oito shows por mês, diz o vocalista Camilo Reis, 35 anos.

A Band também segue a tendência. No humorístico É Tudo Improviso, exibido terça-feira, às 23h, a banda Paraquedas se encarrega das vinhetas de entradas e saídas dos quadros. No ar há apenas dois meses, o grupo já tem agenda de shows e cobra R$ 6 mil por uma apresentação de uma hora. Mas o filé desse mercado fica mesmo com as bandas dos programas da Globo.

Pelo prestígio que conquistaram ao lado de Jô Soares, os integrantes do Sexteto do Jô têm camarim com um estúdio próprio, e cada um recebe salário em torno dos R$ 16 mil.

O músico Luiz Schiavon, 52 anos, ex-tecladista do RPM e hoje líder da banda do Domingão do Faustão, não gosta de falar do salário, avaliado em R$ 15 mil. Só posso dizer que ganho bem, afirma. As moças da Banda Altas Horas, formada por nove mulheres e há dez anos no programa de Serginho Groisman, não ficam distante dessa bela realidade. O grupo recebe cerca de R$ 6 mil por mês e ainda reforça o orçamento com shows solo. Com certeza, estar na Globo traz prestigio para o músico, diz Ilca Leanza, 35 anos, a tecladista.

A cantora Leilah Moreno, também da banda Altas Horas, sabe bem disso. Aos 27 anos, ela cobra R$ 20 mil por um show individual. O universo desses músicos da TV é bem diferente do mercado. Segundo o Sindicato de Músicos de São Paulo, por uma hora de show um artista autônomo ganha, em média, R$ 30. Sorte – muita sorte – dos que conseguem entrar para uma banda de programa de TV. Agora, você sabe por que o Bira – o baixista do Jô – ri à toa.

SHOWS

Grupo: Sexteto do Jô
Atração: Programa do Jô
Emissora: Globo
Média de shows: 18 por mês, mas no último ano tem sido menos por conta da TV
Para contratar: 11-5112-4000

Grupo: Banda do Faustão

Atração: Domingão do Faustão
Emissora: Globo
Média de shows: 5 por mês
Para contratar: (21) 2444-4000

Grupo: Atrium Jazz Band

Atração: Programa Hebe
Emissora: SBT
Média de shows: 5 por mês Para contratar: 11-3687-3000
Grupo: Viva a Noite

Atração: Pânico na TV
Emissora: RedeTV!
Média de shows: 15 por mês, em todo o Brasil
Para contratar: Com a Nadrena Produções. 11-5052-9318

Grupo: Banda Altas Horas
Atração: Altas Horas
Emissora: Globo
Média de shows: 5 por mês
Para contratar: 11-5112-4000

Grupo: Viva a Noite
Atração: Pânico na TV
Emissora: RedeTV!
Média de shows: 15 por mês, em todo o Brasil
Para contratar: Com a Nadrena Produções. 11-5052-9318