Nesta Guerra Civil, de que lado você está?

Capitão América: Guerra Civil contrapõe dois grupos de heróis lutando em meio a uma ordem que suscita muitas dúvidas

Lycio Vellozo Ribas

Capitão América. Um soldado americano fora de seu tempo. Homem de Ferro. Um gênio da tecnologia que não obedece ninguém. No meio deles, uma resolução do governo norte-americano obrigando todos os super-heróis a se registrarem — e a ficarem sujeitos à regulação oficial. Era de se esperar que o Capitão defendesse a ideia e o Homem de Ferro nem quisesse saber dela. Mas não. Afinal, Tony Stark tem compromissos com o governo. E Steve Rogers é, acima de tudo, um defensor das liberdades. O conflito entre os dois heróis diante dessa situação é a premissa de Capitão América: Guerra Civil, que estreia hoje em Curitiba. Trata-se do terceiro filme com o herói estrelado da Marvel — além dos dois Os Vingadores e da ponta em Thor: O Mundo Sombrio.

Rogers (Chris Evans) e Stark (Robert Downey Jr.) já ensaiaram confrontos nos dois filmes anteriores dos Vingadores. Em ambos terminaram amigos. Mas se afastaram depois dos acontecimentos de Vingadores: Era de Ultron, quando a equipe se dissolveu. Em Guerra Civil, os remanescentes, comandados pelo Capitão América, levam uma bronca do General Thaddeus Ross (William Hurt, que já apareceu em um filme do Hulk) depois das destruições em Nova York (Os Vingadores), Washington (Capitão América: O Soldado Invernal) e Sokovia (Era de Ultron). O general diz que os heróis precisam se registrar e, com isso, prestar contas ao governo de seus atos.

Contudo, o Capitão é contra. E não é o único. Alguns o seguem fielmente, como Falcão (Anthony Mackie). Está formado um time. E outros são a favor do registro. Como o Homem-de-Ferro. Alguns o seguem fielmente, como o Máquina de Combate (Don Cheadle). Está feito outro time. A tensão entre os dois lados piora porque o Capitão sempre sai em defesa do Soldado Invernal, o antigo amigo Bucky Barnes (Sebastian Stan), que causa muitos problemas. E há heróis que podem trocar de lado.

Guerra Civil é baseado em uma saga das HQs que chacoalhou o universo Marvel entre 2006 e 2007. O filme não reúne tantos heróis quanto os quadrinhos, mas traz o suficiente. À exceção de Thor e Hulk, o filme resgata não apenas os que já foram vistos em outros longas da editora, como Feiticeira Escarlate (Elisabeth Olsen), Visão (Paul Bettany) e Homem-Formiga (Paul Rudd), mas apresenta duas grandes novidades: Pantera Negra (Chadwick Boseman), o monarca do reino africano de Wakanda, e Homem-Aranha, o próprio (Tom Holland). Eles tem papéis fundamenais na trama.

O filme dos diretores Anthony e Joe Russo consegue não apenas desenvolver cada um dos heróis em cena, mas ainda coloca personagens como a agente Sharon Carter (que tem uma quedinha pelo Capitão), o remendado Ossos Cruzados (o agente Brock Rumlow, que sobreviveu ao fim de O Soldado Invernal), a Hydra e o Barão Zemo. Vai além do rótulo de filme de super-herói graças à trama política e psicológica. Afinal, eles são heróis ou vigilantes? Estão dentro da lei ou fora dela? E se eles trocarem de lado? E de que lado as pessoas ficariam se tivessem poderes?

Capitão América
Ponto forte: liderança
Homem de Ferro
Ponto forte: tecnologia
Feiticeira Escarlate
Ponto forte: poderes psíquicos
Visão
Ponto forte: poderes psíquicos
Falcão
Ponto forte: roupa que lhe permite voar
Máquina de Combate
Ponto forte: roupa que lhe permite voar
Soldado Invernal
Ponto forte: combate corpo a corpo
Pantera Negra
Ponto forte: combate corpo a corpo
Gavião Arqueiro
Ponto forte: armas e técnicas de luta
Viúva Negra
Ponto forte: armas e técnicas de luta
Homem-Formiga
Ponto forte: força e diminui de tamanho
Homem-Aranha
Ponto forte: agilidade e uma língua ferina

Os quadrinhos e o filme
Na saga dos quadrinhos, Guerra Civil envolveu praticamente todos os personagens do universo Marvel — incluindo os X-Men, o Quarteto Fantástico e o recém-aclamado Deadpool, que não podem aparecer no filme por causa de direitos autorais para o cinema. Depois que um grupo de heróis adolescentes provoca uma tragédia em Stamford, o governo norte-americano decide que os superpoderosos precisam se registrar e ter supervisão — e, não menos importante, revelar a identidade secreta. O Homem de Ferro é a favor. O Capitão América é contra e, por isso, ele e os que pensam como ele são perseguidos como criminosos. E os confrontos com os heróis legalizados são inevitáveis. No primeiro deles, o Ferroso dá uma surra no Capitão. No segundo, o Supersoldado quase mata o rival. Mas ele para tudo ao ver os estragos do confronto, desiste de lutar e se entrega às autoridades. Acaba abatido a tiros no dia em que seria julgado (como os quadrinhos são de 2007, esse spoiler prescreveu).