
Os amantes de literatura ganharão na próxima semana uma nova e promissora opção de leitura. Na segunda-feira (3 de junho), Eunice Martins lançará seu primeiro romance, o livro “Chão Vermelho”, em evento na sede da Associação dos Procuradores do Estado do Paraná (APEP), localizada no bairro Bom Retiro (R. Des. Hugo Simas, 915). Na ocasião, também haverá sessão de autógrafos a partir de 18h30 e, pouco depois, um bate-papo entre a autora, seu editor Marcelo Nocelli e o jornalista Ernani Buckmann.
A obra é resultado de um esforço literário empreendido nos últimos quatro anos e que demandou não só muita criatividade, mas também muita pesquisa. É que o livro, embora seja um romance de ficção, tem uma história que se passa nas últimas décadas do século XIX, na região do Mato Grosso anterior à divisão (atual Mato Grosso do Sul), entrelaçando as vidas de seus personagens fictícios a acontecimentos reais.
“Eu nasci em Dourados, que fica naquela região, e tinha uma curiosidade muito grande para saber mais dessa história, especialmente para saber o que tinha acontecido ali logo depois da Guerra [do Paraguai]. Afinal de contas, por que minha família tinha ido parar lá? O que tinha de atrativo? Por que eu nasci naquele lugar, que era longe de tudo? Esse era o mote da minha pesquisa e encontrei subsídios em pesquisas de universidades como a USP, a Unicamp e as universidades federais de Dourados [UFGD] e de Campo Grande [UFMS]”, conta a escritora.
Além da pesquisa sobre a história da região, no entanto, Eunice também fez questão de se aprofundar em assuntos como a cultura, a moda e a própria linguagem utilizada pelos matogrossenses naquele período, tudo para elaborar um retrato mais fiel sobre o coração profundo do Brasil daqueles tempos.
“Eu fiz muita pesquisa sobre a linguagem da época, as roupas que se usava, como eram as construções, a decoração das casas — e não só da época, mas também daquela região específica. Eu tentei ser o mais fidedigna possível com aquele ambiente histórico e aquele local geográfico, tanto que fui ler a linguagem típica da Cuiabá da época, que era a capital da província. No livro tem algumas expressões que são típicas só de Cuiabá e daquela época”, relata ainda Eunice.
A história de Argônio e Belinha: nasce um romance
As pesquisas de Eunice Martins poderiam resultar, certamente, num livro de história. A autora, no entanto, não se sentia autorizada a fazer tal incursão. “Eu não podia publicar um livro de história, porque não sou historiadora. Eu não gostaria que alguém publicasse um livro de Direito não sendo advogado ou da área do Direito. Como fazer, então? Foi aí eu resolvi criar personagens fictícios que caminham naquele momento histórico. A história sobre aquele lugar é contada em função dos acontecimentos pessoais com os meus personagens”, explica.
Assim nasceram, então, Argônio e Belinha, protagonistas de “Chão Vermelho” (título que faz referência ao solo fértil da região onde passa a história, formado por restos de rocha vulcânica e com uma terra avermelhada). Ele, criado num internato, tímido e solitário, não aprendeu a reconhecer suas próprias vontades ou a formar senso crítico e expressar opiniões. Ela, por sua vez, é uma moça rica, de muita leitura, cheia de ideias e desprovida de ilusões sobre o amor e o casamento.
Os dois, no entanto, acabam se unindo num casamento arranjado, conveniente a ambos porque, de um lado, enriquece o moço e, de outro, representa a libertação da noiva das garras repressivas da mãe viúva, fazendeira e truculenta. Já o pano de fundo do enredo é o monopólio no extrativismo da erva-mate nativa da região do sul do Mato Grosso de então, com Argônio se vendo implicado na tentativa de resgatar uma receita do cultivo da árvore da erva-mate, que fora enterrada por jesuítas espanhóis dois séculos antes, enquanto a libertária Belinha vê desmoronar a mais categórica das suas convicções.

Sobre a autora: do mundo das leis para o mundo das letras
Nascida em Dourados (MS), Eunice Martins vive há quase 50 anos em Curitiba, cidade para a qual se mudou em 1975 com o intuito de cursar Direito. Atuou por anos na área, como professora, advogada e Procuradora do Estado. Até se aposentar e, então, começar a resgatar sua veia artística, literária.
“Eu sempre gostei muito de esrever, era uma atividade prazerora para mim. Mas por muito tempo eu escrevi matéria técnica. Até que comecei a me interessar novamente mais pela literatura quando as circunstâncias foram me levando para o lado da aposentadoria”, relata a autora.
Sua estreia como escritora ocorreu em 2022, com o lançamento do conto “Memórias Eróticas de uma Senhora”, obra disponível gratuitamente na Amazon para assinantes do Kindle Unlimited. No ano seguinte, outros dois trabalhos, o conto “Amor entre Américas” e a poseia “Lua Mensageira”, foram selecionadas para a coletânea Offlip de Paraty.
E agora, a estreia da escritora como romancista, como o livro “Chão Vermelho”. Até o dia 2 de junho, inclusive, a obra está em pré-venda na loja virtual da Editora Reformatório (editorareformatorio.lojavirtuolpro.com), com 10% de desconto e dedicatória exclusiva da autora. Depois do lançamento (na segunda-feira, 3 de junho), também será possível encontrar e adquirir a obra na Telaranha Livraria & Café, localizada no Centro de Curitiba (R. Ébano Pereira, 269).