
“É para você chegar e sair leve do teatro, querendo dançar, cantar, morrer de rir e se emocionar também, porque é uma história de amor”, conta a atriz Claudia Raia sobre o espetáculo “Conserto Para Dois, O Musical”. Ao lado do seu marido, Jarbas Homem de Mello, o casal vive 12 personagens em uma sinfonia colorida e engraçada.
Leia mais em Bem Paraná:
- Feira Coletiva em Curitiba terá concurso de grafite neste fim de semana
- Encantadas Jazz continua até o último fim de semana de agosto no Litoral do Paraná
- Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello trazem a Curitiba a comédia “Conserto Para Dois, O Musical”
A comédia musical conta a história de amor, encontros e desencontros entre o famoso escritor Ângelo Rinaldo (Jarbas) e a atriz internacional Luna de Palma (Claudia). Separados, os dois embarcam em um cruzeiro para esquecerem a desilusão amorosa. Eles só não contavam embarcar no mesmo navio, Sinfonia dos Mares, rumo à Antártida.
O espetáculo chega no Teatro Guaíra neste sábado, 24 de agosto, com sessões às 17h e às 21h. A venda de ingressos acontece pelo Disk Ingressos e pelas bilheterias do Teatro Guaíra, Shopping Mueller, Teatro Positivo e Teatro Fernanda Montenegro.
Em entrevista ao Bem Paraná, os atores compartilham a sua paixão pelo teatro musical, a parceria de longa data com a dramaturga curitibana Anna Toledo e as expectativas para a reestreia em Curitiba. Confira a entrevista na íntegra aqui.
Bem Paraná – Sobre o que se trata Conserto para Dois, O Musical? Qual é o ponto de partida dessa aventura?
Jarbas Homem de Mello – Nós queríamos fazer um musical para cantar, dançar e exercitar tudo o que gostamos de fazer, mas que fosse uma “comediona” rasgada. Então, a Anna Toledo (autora) nos apresentou uma sinopse muito interessante, cheia de erros e acertos, daqueles dois personagens que se encontram e se desencontram. E nós adoramos.
A partir daí, ela desenvolveu o texto em cima de todas as referências que nós tínhamos, como: “Irma Vap”, que é um espetáculo que ficou anos em cartaz, do Marco Nanini e do Ney Latorraca, em que eles faziam vários personagens; “TV Pirata”; “Nunca Houve Uma Mulher Como Gilda”; “Irma la Douce”, que é um filme do Jack Lemmon, com a Shirley MacLaine.
Claudia Raia – Nós temos muito orgulho desse espetáculo, porque ele é brasileiro,e pensado por nós dois. Uma vontade nossa de fazer um musical, de fazer muitos personagens, muitos tipos e muitas vozes, que é um exercício muito interessante para o ator.
É a primeira vez que eu produzo e ele [Jarbas] me dirige. Isso podia ser muito perigoso, mas, graças a Deus, não foi. Porque eu disse: “meu Deus, agora ele vai mandar em mim, como é que vai ser?”. Mas foi tudo maravilhoso, porque ele é um diretor muito amoroso.
Então, o nosso processo de criação dos personagens foi muito gostoso. E uma curiosidade bem íntima é que os personagens, os tipos, as vozes foram criadas no nosso quarto, na maioria das vezes.
BP – O teatro é uma arte colaborativa e, nesse caso, temos a colaboração de uma curitibana nessa produção. Como nasceu a parceria de vocês com a Anna Toledo e qual é a importância desse texto para o espetáculo?
Claudia – A Anna é uma autora que conhece muito o gênero do teatro musical. Ela é muito culta, curiosa, escarafuncha e faz pesquisa. Ela vai atrás do que ninguém vai e ela é oriunda do teatro musical. Ela é uma cantora e atriz de teatro musical.
O primeiro espetáculo que ela fez em São Paulo foi comigo. Foi o “Beijo da Mulher-Aranha” e ali começou o nosso caso de amor. Mais pra frente, ela começou a escrever. O que foi um grande êxito pro teatro musical. Desenvolver uma história, um espetáculo inteiro, não é tarefa fácil. E o “Conserto Para Dois” teve nove tratamentos. É uma tarefa árdua, mas a Ana é do teatro, ela é da carpintaria e da dramaturgia.
Nós ficamos muito felizes que a Ana seja a nossa grande parceira e ela está escrevendo o novo espetáculo que vamos fazer, que é o “Cenas da Menopausa”. É a nossa terceira parceria seguida. Nós temos muita confiança nela, né? Nosso diálogo é muito fácil. As coisas fluem.
Jarbas – A Anna é muito aberta a opiniões e mudanças, porque nós, como produtores e diretores, sabemos muito bem qual é a cena que queremos. Qual é o estilo e gênero que vamos fazer. Se é uma comédia, se é uma farsa, se é mais para o drama ou não. Então, vamos orientando, ela vai dando ideias e vamos construindo juntos.
Claudia – E o “Conserto Para Dois”, por exemplo, é uma farsa, o que é muito divertido. Estamos na terceira temporada do espetáculo tal sucesso que é, porque ele é realmente ele é um fenômeno. A magia é feita justamente por essa mudança de personagens tão rápida, de 8, 10, 12 segundos cada troca. E troca de tudo: peruca, barba, bigode… Eu faço homem, ele faz mulher.
Jarbas – São 12 personagens distintos contando a mesma história, não são quadros em que personagens entram e não apareçam mais. Eles vão, voltam, vão, voltam, conversam um com o outro e é uma loucura. Mas é muito divertido.
BP – Essa é uma peça muito dinâmica e grandiosa, trazendo tudo de melhor que o teatro pode oferecer. Para vocês, o que o teatro (especialmente, o musical) proporciona que outros formatos não?
Jarbas – O teatro musical traz liberdade. O teatro traz o super fantástico para a cena, ou seja, que um ator está sentindo tanto que ele não consegue expressar aquilo a não ser cantando uma música. E o público compra e acredita nisso. Mesmo nessa farsa que fazemos, que é muito “farsesco” mesmo, o público fica muito encantado com a história.
Claudia – Eu sempre costumo comparar com o carnaval brasileiro e com as escolas de samba. As escolas de samba nada mais são do que operetas colocadas na avenida, contando e cantando uma história e mostrando cenários espetaculares, carros alegóricos e figurinos incríveis. O teatro musical é isso. Ele encanta a esse nível.
A arte tem esse poder de transformação. As pessoas entram no teatro de um jeito e saem do outro. Seja comédia, seja drama, seja o que for, mas o teatro musical tem essa imagem super fantástica, que mostra que você pode tudo. E que quando você está falando e não dá mais pra falar, você canta. E quando você não tem mais o que cantar, você dança.
Jarbas – E existe a diferença do ator de teatro musical, que é um ator que costumamos dizer que é o “atleta de alta performance do teatro”, porque a gente tem que estar com as técnicas todas apuradas. Não adianta você ser um ótimo ator e não cantar, ou cantar com uma técnica ruim e perder a voz. Então, temos que estar muito preparados, sempre com essas três técnicas básicas, que é o canto, a dança e a interpretação, muito afiados.
BP – Em uma crítica lançada sobre o espetáculo, em 2022, escrita pelo Miguel Arcanjo, uma observação me chamou atenção. Ele diz que: “dá para ver que se divertem em cena, assim como duas crianças brincando no palco”. Vocês se sentem dessa forma? É uma diversão para o público, mas e para vocês?
Claudia – Primeiro, que a gente gosta muito do que a gente faz. E, segundo, que a gente ama trabalhar junto. Então, isso também é outro fator bem importante. E, terceiro, que a gente se diverte com o público.
Nós adoramos fazer comédia, porque nós dois somos dois comediantes natos. E essa brincadeira, esse jogo cênico que tem o “Conserto Para Dois” é uma coisa que você não consegue em todo espetáculo que você faz. E esse espetáculo, ele é muito tenso, porque ele é muito preciso.
Jarbas – É, ele vive da precisão das trocas, do maquinário, do cenário, da nossa troca de personalidades. Então, ele vive da precisão.
Claudia – E da rapidez. A estrutura dele já é tensa. É tensa pra todo mundo, não só pra nós dois.
Jarbas – É uma trolha (risos).
BP – Depois do sucesso que foi a temporada em 2022, vocês voltam em uma turnê com apresentações em cidades inéditas. Qual é a expectativa de vocês para a (re)estreia em Curitiba?
Claudia – Nós amamos o público de Curitiba, porque o público curitibano é muito culto. Ele é um público que conhece muito o musical e que vai ao teatro.
Jarbas – É um público que gosta de teatro e tem um festival maravilhoso que eu já participei algumas vezes [o Festival de Teatro de Curitiba]. Então, a cidade respira teatro e isso é muito bom. É muito bom ir para Curitiba.
Eu já me apresentei uma vez no Guairão. Dá um medo, porque é um teatro imenso, mas estamos muito ansiosos para esse espetáculo. Vai ficar lindo no Guairão, porque o nosso cenário é um navio que vira várias coisas, então vai ficar bem belo nesse palco.
Claudia – E nós gostamos, porque o público curitibano é muito educado como público. Então, aplaude na hora certa, ri na hora certa, sabe? O público treinado.
Jarbas – Eu acho que não é um público tiete também, não é? Ou gosta do teatro ou não gosta.
BP – Por último, vocês poderiam deixar um convite para os nossos leitores? Por que eles deveriam embarcar nesse navio?
Claudia – Bom, a Sinfonia dos Mares não é pouca coisa. É um navio enorme, com uma história muito cheia de altos e baixos, encontros e desencontros, e muitos personagens muito engraçados.
É uma grande comédia e, essencialmente, é um divertimento, né? É pra você chegar e sair leve do teatro, querendo dançar, querendo cantar, morrer de rir, se emocionar, também, porque é uma história de amor.
Temos nós dois que a vida se confunde com a arte, a arte se confunde com a vida, fazemos marido e mulher no espetáculo, somos marido e mulher na vida real, dessa vez com um gostinho diferente. Estamos chegando em Curitiba com o nosso Luca, que está indo para conhecer a cidade, que ele precisa conhecer.
Serviço – Conserto Para Dois, o Musical
Quando: 24 de agosto de 2024 (sábado)
Onde: Teatro Guaíra (R. XV de Novembro, 971 – Centro, Curitiba)
Horário: 17h e 21h.
Quanto: PLATEIA: R$110,00 meia entrada e R$220,00 inteira; PRIMEIRO BALCÃO: R$75,00 meia entrada e R$150,00 inteira; SEGUNDO BALCÃO: R$21,18 meia entrada e R$42,36 inteira.
Vendas: Disk Ingressos e nas bilheterias do Teatro Guaíra, Shopping Mueller, Teatro Positivo e Teatro Fernanda Montenegro.