Uma casa branca com um jardim não seria nenhuma novidade se não abrigasse uma escola diferente. A “batida” já é ouvida ainda no ambiente externo, no portão, e quando você entra, encontra uma sala moderna e colorida. Logo na chegada, o secretário pergunta se sou eu que vou fazer a matéria. A resposta é afirmativa. Em seguida, levanta da cadeira um rapaz e se apresenta: Dj Christ, dono da Academia que leva seu nome.
Alguns minutos “monitorei” o ambiente: poltronas coloridas, revistas musicais estrangeiras e uma tv mostrando diversas imagens com um som alto,e aquela “batida” que citei no início, se misturam com pessoas que ali circulam – algumas de calça jeans e camiseta, mostrando suas tatuagens e piercigs, e outras de calça social e camisa, indicam que diferentes “tribos” se encontram ali.
Sentada no sofá e anotando no meu caderno, vejo surgir Frany Muller. A moça simpática com um visual bem moderno já puxa papo. Formada pela escola, ela toca profissionalmente há um ano e meio. “Vivo disso. Claro que começou como um hobby, mas logo foram surgindo as oportunidades para tocar e não parei mais”, conta a dj de apenas 20 anos, que já mostra uma maturidade diante do que faz. “Para ser um bom dj, você tem que sair da massa, da mesmice, se sobressair em alguns aspectos musicais. Curitiba é exigente, e tem um bom mercado”. Ela, inclusive, já tocou fora da cidade e se autodefine como “dj móbile”, que não tem residência fixa e toca esporadicamente em raves e casas noturnas.
Minutos após a conversa, entro numa sala com discos no chão (trazidos de Londres) e uma mesa onde estão os instrumentos para a discotegam. Seis alunos estão atentos as explicações do professor que logo pede que um por vez “discoteque”. Sempre auxiliando e fazendo com que o aluno preste atenção na sincronia das músicas – são usados dois aparelhos de vinis –, é ali que o professor “bate” diversas vezes na mesma tecla em relação a mixagem, ou seja, quando as músicas se entrelaçam. “Conhecer os elementos musicais isolados, esse é o lance. Buscar a sincronia das batidas”, ressalta Christ, que logo emenda: “Mas não é difícil, qualquer pessoa pode ser dj, basta ter ‘ouvido’ e treino”. Na academia há aulas básicas e avançadas para se profissionalizar.
O aluno Cideclei Britto, que trabalha numa indústria farmacêutica, diz que foi por acaso à escola fazer uma aula experimental e que conhece pouco sobre música eletrônica. “A dificuldade fica na mão mesmo, na contagem certa de discotecar e achar a sincronia”. Ele é evangélico e conta que quer aprender a tocar até para fazer o caminho diferente do que muita gente faz: montar uma banda. “Estou aqui para aprender a discotecar música gospel na minha igreja”.
Mostrar o “processo de fábricação” é o tema do workshop “Produção e discotecagem em música eletrônica”, que será ministrado por Christ e Kobna, durante a I Feira de Música de Curitiba, que acontece paralelamente à 25ª Oficina de Música de Curitiba, no Memorial de Curitiba de 25 a 28. “A mescla de sons é uma tendência forte lá fora”, explica o DJ Kobna, que trabalhou por mais de 10 anos na cena eletrônica de Londres. Informações: (41) 3247-8205 ou pelo site: www.christdjacademy.com.br