
O filme brasileiro ‘Ainda Estou Aqui’ recebeu três indicações ao Oscar 2025 – as nominações saíram nesta quinta-feira (23) – e ampliou a história brasileira na premiação mais importante da história do cinema. A indicação de Fernanda Torres como melhor atriz já era esperada, principalmente depois da vitória dela no Globo de Ouro, há alguns dias. Da mesma forma, a indicação para melhor filme de língua não inglesa era viável – no Globo de Ouro, o filme também concorreu nessa categoria, mas perdeu para ‘Emilia Pérez’. Contudo, ‘Ainda Estou Aqui’ cravou uma bela surpresa e ganhou uma indicação também para melhor filme, a categoria mais importante de todas.
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Entre os melhores filmes, ‘Ainda Estou Aqui’ concorre contra ‘Anora’, ‘O Brutalista’, ‘Um Completo Desconhecido’, ‘Conclave’, ‘Duna: Parte 2’, ‘Emilia Pérez’, ‘Nickel Boys’ e ‘A Substância’. ‘Emilia Pérez foi o campeão de indicações, com 12 ao todo, seguido por ‘O Brutalista’, com 10.
Em ‘Ainda Estou Aqui’, Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e viúva do ex-deputado federal Rubens Paiva. No longa biográfico, inspirado no livro homônimo escrito por Marcelo, acompanhamos a vida da família Paiva durante a ditadura militar. Quando o patriarca da casa é levado pelo regime, cabe a Eunice manter sua família com cinco filhos unida e lutar pelo esclarecimento do sumiço de seu marido.
Como mérito diferenciado, ‘Ainda Estou Aqui’ é o primeiro filme falado em português a concorrer ao Oscar. Mas não é a primeira vez que um filme brasileiro disputa a categoria principal. Em 1986, ‘O Beijo da Mulher-Aranha’ esteve entre os indicados. Tratava-se de uma coprodução de Estados Unidos e Brasil, dirigida por Hector Babenco (um argentino radicado no Brasil) e falada em inglês. O filme perdeu para ‘Entre Dois Amores’, mas ganhou a estatueta de melhor ator, para William Hurt. Em 2018, ‘Me Chame pelo Seu Nome’, coprodução que envolveu Estados Unidos, França, Itália e Brasil, foi indicado para melhor filme, roteiro adaptado, ator e canção original. Perdeu todas – no caso do melhor filme, para ‘A Forma da Água’.
Na história, o Brasil até soma vitórias na premiação máxima do cinema. Em 1960, ‘Orfeu Negro’, coprodução de Brasil, Itália e França, levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Embora o filme fosse baseado em uma obra de Vinicius de Moraes, falado e português e com atores brasileiros, o diretor era francês (Marcel Camus), o que fez com que o filme fosse inscrito pela França e não pelo Brasil.
Outro triunfo brasileiro no Oscar é a designer Luciana Arrighi, que venceu na categoria de Direção de Arte por ‘Retorno a Howards End, em 1993. Ela ainda foi indicada por ‘Vestígios do Dia’, em 1994, e ‘Anna e o Rei’, em 2000.
Filme estrangeiro
Considerando coproduções com outros países, o Brasil já levou seis filmes a indicações do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Além de ‘Orfeu Negro’ e ‘Ainda Estou Aqui’ (que tem uma pequena parcela francesas na produção), o país emplacou ‘O Pagador de Promessas’ (1962), ‘O Quatrilho’ (1996), ‘O Que é Isso, Companheiro?’ (1998) e ‘Central do Brasil’ (Brasil/França) (1999).
Filmes com produção brasileira, total ou parcial, que receberam indicações ao Oscar
- ‘Orfeu Negro’ (Brasil/França/Itália): Melhor filme estrangeiro (1960)
- ‘O Pagador de Promessas’: Melhor filme estrangeiro (1963)
- Raoni (Brasil/França/Bélgica): Melhor documentário (1979)
- ‘O Beijo da Mulher-Aranha’ (Brasil/Estados Unidos): Melhor filme, diretor (Hector Babenco), ator (William Hurt) e roteiro adaptado (1986)
- ‘O Quatrilho’: Melhor filme estrangeiro (1996)
- ‘O Que é Isso, Companheiro?’: Melhor filme estrangeiro (1998)
- ‘Central do Brasil’ (Brasil/França): Melhor atriz (Fernanda Montenegro) e filme estrangeiro (1999)
- ‘Uma História de Futebol’: Melhor curta-metragem (2001)
- ‘Cidade de Deus’: Melhor diretor, roteiro adaptado, edição e fotografia (2004)
- ‘Diários de Motocicleta’ (Brasil/Argentina/Chile/Peru/Reino Unido/Alemanha/França/Estados Unidos): Melhor roteiro adaptado e canção (Jorge Drexler, que venceu o prêmio) (2005)
- ‘Lixo Extraordinário’ (Brasil/Reino Unido): Melhor documentário (2011)
- ‘O Sal da Terra’ (Brasil/França/Itália): Melhor Documentário (2015)
- ‘O Menino e o Mundo’: Melhor animação (2016)
- ‘Me Chame pelo Seu Nome’ (Brasil/EUA/França/Itália): Melhor Filme, roteiro adaptado, ator e canção original (2018)
- ‘Democracia em Vertigem’: Melhor documentário (2020)
- ‘Ainda Estou Aqui’ (Brasil/França): Melhor filme, atriz e filme estrangeiro (2025)
Brasileiros já indicados ao Oscar
- Ary Barroso: melhor cancão, ‘Rio de Janeiro’, em ‘Brazil’ (1945)
- Tetê Casconcelos: melhor documentário para ‘El Salvador: Outro Vietnã’ (1982)
- Luciana Arrighi: melhor direção de arte em ‘Retorno a Howards End (1993), Vestígios do Dia (1994) e Anna e o Rei (2000). Venceu por ‘Retorno a Howards End’
- Fernanda Montenegro: melhor atriz em ‘Central do Brasil’ (1999)
- Carlos Saldanha: melhor curta de animação por ‘Gone Nutty’ (2004) e melhor animação por ‘Ferdinand’ (2018)
- Sérgio Mendes e Carlinhos Brown: melhor canção, ‘Real in Rio1, por ‘Rio’ (2012)
- Pedro Kos: melhor documentário de curta-metragem para ‘Me Leva Para Casa’ (2022)