
O compositor e cantor Fausto Fawcett vai ministrar em Curitiba a Oficina “Infinito Cosmorama: A Expansão Multicelular do Verbo” É uma experiência criativa que combina elementos de performance, música e escrita. A oficina é descrita como “aulas-concerto” onde Fausto compartilha sua experiência em diferentes áreas artísticas, explorando temas como a expansão do verbo e a percepção do mundo.
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- 17/06/2025 às 14:19
Em Curitiba, uma edição da oficina está sendo promovida pelo Wonka Bar e A Capivara Instituto Cultural , intitulada . A oficina acontecerá em seis dias, com 5 módulos temáticos, com o objetivo de gerar insights e deslumbramentos através de fragmentos de filmes, LPs, performances e outros elementos.
Os módulos/aula de Fausto Fawcett formam um pentagrama temático (música, literatura, cinema, ciência, cosmogonia), relacionando humanismo, pré-história, religiosidade, consumo tecnológico e excesso de humanidade. No início de cada aula, Fausto Fawcett apresentará uma curta performance, servindo de inspiração, estímulo e ilustração do que foi explanado e conversado.
Sobre Fausto Fawcett
Fausto Fawcett é um artista multidisciplinar, transitando entre literatura, música, cinema, trabalhando com vários artistas de diversas áreas: Fernanda Abreu (como compositor e letrista: Rio 40 Graus, Garota Sangue Bom, Brasil é o país do swing, Padroeira Debochada), grupo Chelpa Ferro (como performer e ato de fala), Samuel Rosa do Skank (como autor da canção A Balada do Amor Inabalável). Teve dois poemas declamados em turnês por Maria Bethania (Encontro ou Amor e Essa Vida Clandestina) e incluídos no DVD e no livro “Caderno de Poesia”. Participou da primeira turma de alunos, ao lado de Fernanda Torres, Cazuza e Bebel Gilberto, na Oficina ministrada pelo grupo carioca Asdrúbal Trouxe o Trombone. Teve mais de oito livros lançados, com prefácio do cineasta Cacá Diegues e do antropólogo Hermano Vianna. E parcerias com diversos artistas como Arnaldo Antunes (poeta e compositor), Deborah Colker (coreógrafa), Luiz Zerbini (artista plástico), Marcelo Dantas (curador) entre outros e outras.
Eduardo Beu é responsável pela direção artística e é co-idealizador do projeto. Beu é um artista visual de atravessamentos poéticos, cuja prática opera no intervalo friccionado entre imagem, corpo, som e texto. Seu trabalho se articula como um gesto entre-linguagens, um campo vibrátil onde suportes (projeções, literatura, ato de fala, instalações sonoras) se misturam, se desfazem e se recombinam em paisagens sensoriais, políticas e afetivas. É o criador e idealizador dos projetos: Trovadores do Miocárdio, Black Poetry, Sinapses Poéticas, Nervo Óptico e Aural: Poesias Ressonantes.
.Serviço
Quando: de 23 a 28 de junho, das 19 às 22 horas (de segunda a sábado
Onde: Rua Trajano Reis, 326 – São Francisco, Curitiba
Destinado: a criadores, artistas, escritores, poetas, músicos, comunicadores, mentes inquietas em geral. Não há necessidade de pré-requisito.
Quanto: R$ 380,. primeiro lote, à venda no Sympla
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Programação da Oficina
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Aula 1: (MÚSICA) – “O QUE É MUITO ANTIGO NINGUÉM SEGURA”
* músicas abordadas:
Sympathy for the Devil – Rolling Stones
Helter Skelter – The Beatles
As duas canções foram lançadas em 1968. As duas viraram ícones do fim do sonho hippie-contra-cultural dos anos 1960. A canção do Rolling Stones apresenta camadas da história, atravessando uma personagem de charme enigmático, o “Príncipe do Mundo”, que está próximo de nossos corações vaidosos, egoístas, ambiciosos, mesquinhos, luxuriosos, mecanizados.
Na canção de Paul McCartney, surge um tobogã, um brinquedo em forma de espiral, para falar de queda e decadência, enfatizando barulho e caos. Helter Skelter significa também “confusão”, “desorganização”, o que infelizmente serviu de inspiração para mentes doentias, criadoras de seitas movidas por delírios.
Aula 2: (LITERATURA) – “MACUMBA VERBAL”
* livros abordados:
Grande Sertão Veredas – 1956, Guimarães Rosa
Almoço Nu – 1959, William Burroughs
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À primeira vista, Grande Sertão Veredas e Almoço Nu parecem habitar mundos literários distintos. Um marcado pelo regionalismo transcendido do sertão brasileiro, outro pela pulsação caótica das cidades modernas e do submundo contemporâneo. Mas tanto Guimarães como Burroughs compartilham uma poética da desconstrução. O sertão do Guimarães não é apenas geografia; é metáfora existencial, espaço para transformação espiritual: “o sertão está dentro da gente”. Já Burroughs fragmenta a narrativa por meio de “cut-up”, criando mosaicos linguísticos que ecoam o caos de um mundo governado por pulsões, vícios e sistemas de controle. A cidade de Burrroughs são colagens de pesadelos, paisagens alucinatórias, que refletem o desamparo humano.
Guimarães busca ampliar a linguagem, Burroughs a implodir, mas os dois compartilham a crença de que a palavra não é apenas meio, mas a essência da experiência. A luta do humano com seus próprios demônios, a relação entre espaço e identidade.
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Aula 3: (CINEMA) – “SER HUMANO, ANIMAL ÉPICO”
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* filmes abordados
Apocalipse Now – 1979, Francis Ford Coppola
eXistenZ – 1999, David Cronenberg
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Guerras, realidade virtual, inteligência artificial: aventura de suspensão da civilização, que volta e meia nos parece insuficiente, provocando uma misteriosa insatisfação. Apocalipse Now e eXistenZ são filmes que tocam nesse nervo exposto das nossas vidas. O poder da tecnologia militar e o poder da tecnologia de entretenimento nos empurrando para ambientes de urgência alucinatória. Nas atuais manchas urbanas essas duas forças se uniram afetando nosso cotidiano. Iminência. Vigilância. Violência. Ansiedade. Grandes cidades são bunkers, trincheiras sociais e digitais a céu aberto. Apocalipse Now é a mais completa tradução da guerra como o lado sinistramente lisérgico do poder. Em eXistenZ, os videogamers resolvem deixar abduzir suas mentes, seus corpos, pelos universos virtuais, pelos jogos digitais. Cabos de plugação são os novos cordões umbilicais nos ligando à placenta digital que comanda e alimenta o mundo.
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Aula 4: (CIÊNCIA) – “A RADIAÇÃO AMOROSA MUDA TUDO”
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* casal abordado:
Marie & Pierre Curie
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Essa aula tem como mote principal casais que lidaram com vários campos de força e influenciaram definitivamente a vida de todos nós. Campo de força amorosa, campo de força criativa, campo de força científico-experimental, campo de força da transcendência da mediocridade, campo de força da curiosidade que estimula o máximo do senso filosófico, campo de força social, campo de força das vocações que incutem um sentimento de missão apaixonante a sua profissão. Marie & Pierre Curie formaram o núcleo de excelência humana literalmente brilhante (ficaram doentes em virtude de manipulação dos elementos radioativos, Marie morreu de leucemia em virtude desses experimentos). Eles são uma espécie de casal-saga e acrescentam, na perspectiva das aulas do Infinito Cosmorama, elementos amorosos e científicos às intenções épicas explicitadas nas músicas, livros e nos filmes já citados das aulas anteriores.
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Aula 5: (COSMOGONIAS) – “O COSMOS COMO AGONIA DA MATÉRIA”
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As 4 aulas anteriores são uma caminhada, um percurso que desemboca nas mitologias complementares da Ciência, das Religiões, das Humanidades, Deuses, Deus, Darwin, Big Bang. As cosmogonias, as criações da vida, da matéria, do espírito, baseadas em narrativas literárias, míticas, religiosas, dogmáticas, se encontram com aquelas baseadas nas matemáticas e nas incertezas científicas. O bestiário astrofísico, cosmológico, cheio de formações planetárias, universos paralelos, tecnologia contemporânea, se misturando com os arquivos de Shiva, Osíris, Oludumaré, Ouroborus. O Caos Mítico abençoa o Princípio das Incertezas.
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