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Alta Performance ensaio (Foto: Divulgação)

Quem vê o material de divulgação da peça teatral “Alta Performance” depara-se com um palito de fósforo em chamas. É o símbolo do esgotamento, do queimar-se por inteiro, da Síndrome de Burnout. Cansaço excessivo, insônia e sentimentos de fracasso e insegurança são apenas alguns dos sintomas desse distúrbio emocional que, entre tantas pessoas, atingiu a atriz Samara Rocha em determinados momentos de sua vida. E o que ela fez com isso, além de buscar tratamento? Levou a experiência para os palcos. Foi assim que nasceu “Alta Performance”, que será apresentada entre os dias 22 e 25 de agosto, no Espaço Excêntrico Mauro Zanatta.

O espetáculo, uma autoficção tragicômica em três atos, passeia pelas angústias e desafios do mundo digital, pelas memórias da protagonista e desemboca em uma busca humana por autenticidade, cura e conexão. “A dramaturgia propõe um espetáculo sobre uma jornada pessoal de autodescoberta e transformação, orientada pelo desejo de uma comunicação genuína e amorosa”, revela Samara.

O nome vem da experiência que a própria atriz viveu quando foi demitida de uma grande empresa porque, segundo os seus superiores, não representava mais uma funcionária de “alta performance”. O que ela tinha, na verdade, era cansaço extremo. Síndrome de Burnout, enfim. “A leitura de ‘A Sociedade do Cansaço’, me fez ver como isso é estimulado socialmente”, comenta Samara, fazendo referência ao livro do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, material que enriqueceu a pesquisa para a construção do espetáculo.

Outra das motivações para a elaboração do texto foi a complexidade de sentimentos que tomam conta de quem é diagnosticado com altas habilidades. Foi o que aconteceu com a própria Samara ao passar por uma avaliação neuropsicológica no decorrer do processo de maturação da peça. “Quando você recebe esse rótulo de superdotado, vem uma pressão. Para uma pessoa que já se cobra muito e tem uma intensidade emocional muito forte, isso gera uma sensação de inadequação social”, expõe. Segundo ela, “Alta Performance” é, nesse sentido, também um trabalho de busca “por se entender e se aceitar”.  

O projeto bebe nas fontes da palhaçaria, arte que Samara estuda há anos. Mauro Zanatta, que motivou o nascimento do espetáculo; Hique Veiga, que dirigiu o segundo ato; e Laércio Amaral, responsável pela direção geral e preparação corporal, são citados pela atriz como nomes importantes em todo o processo. “Chamei esses três artistas que eu admiro para conduzir o projeto. Embora a arte não seja terapia, esse processo, da forma como foi recebido por esses três diretores, acabou tornando-se terapêutico”, conta a atriz. “E essa rede de apoio se reflete na ficha técnica do espetáculo, que contém pessoas que eu amo”, finaliza.

LEGENDA

Ensaio de “Alta Performance”: reflexões sobre distúrbios emocionais e homenagem à arte da palhaçaria são alguns dos elementos presentes no trabalho

SERVIÇO:

Alta Performance

Pré-estreia:   22 de agosto (quinta-feira)

Temporada:   23, 24 e 25 de agosto (com Libras)

Horário: 20 horas

Local: Espaço Excêntrico Mauro Zanatta – Rua Lamenha Lins, 1429, Rebouças

Ingressos: Entrada Gratuita

A distribuição de ingressos começa 1h antes do espetáculo