Neto do radialista e cineasta Otávio Gabus Mendes, filho do novelista Cassiano Gabus Mendes, sobrinho do ator Luis Gustavo e irmão do ator Tato Gabus Mendes. Com essa família, Cássio Gabus Mendes, 49 anos, não poderia ter crescido longe da TV. A decisão de se tornar ator foi natural e teve o apoio do pai, que conseguiu um pequeno papel para ele na TV Cultura. No ar em Insensato Coração, como o jornalista Kléber, o ator comemora 30 anos de carreira e volta a fazer uma novela das 9 depois de ficar 14 anos longe do horário nobre. À reportagem, Cássio falou sobre a família, a carreira e o casamento de quase 20 anos com a ex-atriz Lídia Brondi, que deixou a carreira e se tornou psicóloga.
Agência Estado — Você vem de uma família de artistas. Eles lhe influenciaram na escolha da profissão?
Cássio Gabus Mendes — Eu nasci no meio disso, mas nunca houve pressão. Desde garoto, eu ia na sala do meu pai, na TV Tupi. Essa área tem essa fantasia que chama atenção. Então, nunca se sabe se você nasceu com isso ou se aprendeu a gostar. Comecei a fazer teatro amador. Num determinado momento, fiz um curso com o Antunes Filho. Fiquei seis meses no Teatro São Pedro, meio de secretário dele. Certo dia, pedi para o meu pai me ajudar e ele conseguiu que eu fizesse um teleconto na TV Cultura. Fiz um garçom, que entrava em cena, falava duas palavras e servia o Marcos Caruso. Em seguida, em 1982, fiz um papel na novela Elas por Elas. Foi assim que tudo começou.
Agência Estado — Seu pai abriu as portas para você.
Cássio Gabus Mendes — Hoje, existem mais escolas, mais facilidade para rodar com o trabalho. Na época, tinham o Macunaíma e cursos isolados. Então, por ele ser do ramo, tive a facilidade de entrar. Mas na nossa profissão, se manter é o mais complicado.
Agência Estado — Sentiu algum preconceito por vir de família famosa?
Cássio Gabus Mendes — Não. Mas acho normal porque você desvia a atenção para o nome. É o mesmo que ver o filho do Nelson Piquet ou o sobrinho do Ayrton Senna correndo. No primeiro instante, você foca na pessoa.
Agência Estado — Como foi sua infância?
Cássio Gabus Mendes — Eu nasci em São Paulo, na Maternidade Pro Matre. Sempre morei aqui. Foi uma infância comum. Eu era tranquilo, mas dava trabalho para estudar. Brincava na rua, tinha amigos na escola.
Agência Estado — Recebiam famosos em casa?
Cássio Gabus Mendes — Às vezes, eu saía da escola e ia lá para a TV Tupi, ficava pelos corredores. Lembro da época em que a novela Beto Rockfeller (1968) estava fazendo sucesso. Eu estudava numa escola grande e era meio tímido com essas coisas de televisão, mas tinha muito orgulho de o meu tio, Luis Gustavo, ser o Beto Rockfeller, né? Então, comecei a contar aos amigos, mas alguns colegas não acreditavam. Um dia, pedi para minha mãe falar para ele me pegar na escola. Ele foi. Daí, fiquei todo exibido, né?
Agência Estado — Você não quis participar de Ti-Ti-Ti, novela do seu pai, que ganhou um remake de Maria Adelaide Amaral no ano passado?
Cássio Gabus Mendes — Depois de Três Irmãs, o Gilberto Braga me ligou, convidando para fazer a novela dele. Fazia anos que eu não trabalhava com ele. Somos amigos, saímos para jantar, almoçar. Eu disse: Não quero nem saber o que é, estou dentro. Então, não deu para fazer Ti-Ti-Ti.
Agência Estado — Há alguma chance de o seu personagem em Insensato Coração ser gay? Faria um?
Cássio Gabus Mendes — Não. Ele é homofóbico. Eu faria um gay, mas montaria uma linha de personagem diferente.
Agência Estado — É verdade que você tem vergonha de se ver em Vale Tudo (1988), no canal Viva?
Cássio Gabus Mendes — A vergonha é porque a novela coloca a gente para se ver 22 anos depois. Eu tenho o maior orgulho de ter participado. Sempre que posso, vejo e mando gravar tudo em DVD. Estou feliz com essa repercussão num canal novo e com outra geração. Isso mostra que é uma história bem contada e atual.
Agência Estado — E nessa novela você e sua esposa (Lídia Brondi) estão no elenco.
Cássio Gabus Mendes — Sim. Mas não tinha nada a ver. Na época, era absolutamente comum, como trabalhar com qualquer outra atriz. Só começamos a namorar uns três anos depois.
Agência Estado — Quando se casou com a Lídia, ela já tinha deixado a carreira?
Cássio Gabus Mendes — Fizemos a peça Parsifal (1992) e ela parou. A gente já estava junto.
Agência Estado — Você apoiou a decisão dela, de largar a carreira de atriz?
Cássio Gabus Mendes — Não me sinto à vontade para falar disso. Foi uma escolha dela. Hoje, ela trabalha com psicologia e se sente muito feliz na profissão.
Agência Estado — Como faz para manter um casamento de 19 anos?
Cássio Gabus Mendes — O princípio é ter uma ligação mais forte do que você. Também um respeito, cumplicidade, amor, um companheirismo poderoso e a paixão, que sustenta tudo. Acho que não foge disso. Mas com esse tempo todo de casado, entendo que é difícil. Casamento é sempre difícil. A gente vai caminhando.
Agência Estado — Ainda é romântico?
Cássio Gabus Mendes — Sim. Sou do tipo que dá presentes, flores. Nós costumamos fazer muitas coisas juntos. É isso que sustenta a relação.
Agência Estado — E filhos?
Cássio Gabus Mendes — Não temos. A vida caminhou para isso. E não pretendo ter.
Agência Estado — Tem algum personagem que você gostaria de fazer?
Cássio Gabus Mendes — Eu sou muito grato com as oportunidades que tive. Mas gostaria muito de fazer um vilãozão.
Agência Estado — Você vai fazer 50 anos em agosto. Você se preocupa com a idade?
Cássio Gabus Mendes — Eu procuro viver mais o dia a dia, sem grandes expectativas com relação a tudo. Faço exercícios para a saúde, mas não tenho muita preocupação com outras coisas. Só com qualidade de vida. De uns anos para cá, diminuí carne, refrigerante e parei de fumar. Fumei por 20 anos, mas parei há 16 anos.
Agência Estado — E o sexo mudou com a idade?
Cássio Gabus Mendes — Como tudo. Diminui um pouco a ansiedade, né? Pelo menos comigo, não só no sexo, mas com tudo. Com a idade, o cuidado e a qualidade do sexo melhoram. Hoje, eu presto mais atenção.
Agência Estado — Você tem religião?
Cássio Gabus Mendes — Tenho minhas crenças e orações, que são coisas misturadas. Não fui criado com religião. Mas tenho crenças, que guardo para mim
Agência Estado — Tem algum medo?
Cássio Gabus Mendes —Tenho medo de morrer. Mas tenho mais medo de que as pessoas ao meu redor morram. Também tenho medo de doenças sérias, para mim e para os mais próximos.
Agência Estado — Como encarou a morte do seu pai (Cassiano Gabus Mendes morreu em 1993)?
Cássio Gabus Mendes — Esse negócio de morte cada um sabe de si, né? Perder pessoas próximas é muito forte, uma sensação única. Eu era muito ligado a ele. Cada um sabe da sua história. Mas não tem como se recuperar. É algo extremamente violento.
Agência Estado — Mas seu pai era muito querido no meio artístico…
Cássio Gabus Mendes — Na hora da perda, esse tipo de valor não tem importância. Você só pensa no que aquela pessoa significava para você. Inconscientemente, é um momento egoísta.
Agência Estado — Você votou na Dilma?
Cássio Gabus Mendes — Não vou dizer meu voto porque é um direito que a gente tem. Não sou apolítico, mas prefiro guardar para mim. Na hora que achar que devo, eu me posiciono.
Agência Estado — Você parece muito calmo. O que faz você perder a paciência?
Cássio Gabus Mendes — É difícil me tirar do sério. Não sou estourado, como meu personagem da novela. O trânsito me aborrece um pouco, mas nada que me faça sair do carro para brigar. Mas todo mundo tem seu limite.
Agência Estado — Ainda é romântico?
Cássio Gabus Mendes — Sim. Sou do tipo que dá presentes, flores. Nós costumamos fazer muitas coisas juntos. É isso que sustenta a relação.
Agência Estado — E filhos?
Cássio Gabus Mendes — Não temos. A vida caminhou para isso. E não pretendo ter.
Agência Estado — Tem algum personagem que você gostaria de fazer?
Cássio Gabus Mendes — Eu sou muito grato com as oportunidades que tive. Mas gostaria muito de fazer um vilãozão.
Agência Estado — Você vai fazer 50 anos em agosto. Você se preocupa com a idade?
Cássio Gabus Mendes — Eu procuro viver mais o dia a dia, sem grandes expectativas com relação a tudo. Faço exercícios para a saúde, mas não tenho muita preocupação com outras coisas. Só com qualidade de vida. De uns anos para cá, diminuí carne, refrigerante e parei de fumar. Fumei por 20 anos, mas parei há 16 anos.
Agência Estado — E o sexo mudou com a idade?
Cássio Gabus Mendes — Como tudo. Diminui um pouco a ansiedade, né? Pelo menos comigo, não só no sexo, mas com tudo. Com a idade, o cuidado e a qualidade do sexo melhoram. Hoje, eu presto mais atenção.
Agência Estado — Você tem religião?
Cássio Gabus Mendes — Tenho minhas crenças e orações, que são coisas misturadas. Não fui criado com religião. Mas tenho crenças, que guardo para mim
Agência Estado — Tem algum medo?
Cássio Gabus Mendes — Tenho medo de morrer. Mas tenho mais medo de que as pessoas ao meu redor morram. Também tenho medo de doenças sérias, para mim e para os mais próximos.
Agência Estado — Como encarou a morte do seu pai (Cassiano Gabus Mendes morreu em 1993)?
Cássio Gabus Mendes — Esse negócio de morte cada um sabe de si, né? Perder pessoas próximas é muito forte, uma sensação única. Eu era muito ligado a ele. Cada um sabe da sua história. Mas não tem como se recuperar. É algo extremamente violento.
Agência Estado — Mas seu pai era muito querido no meio artístico…
Cássio Gabus Mendes — Na hora da perda, esse tipo de valor não tem importância. Você só pensa no que aquela pessoa significava para você. Inconscientemente, é um momento egoísta.
Agência Estado — Você votou na Dilma?
Cássio Gabus Mendes — Não vou dizer meu voto porque é um direito que a gente tem. Não sou apolítico, mas prefiro guardar para mim. Na hora que achar que devo, eu me posiciono.
Agência Estado — Você parece muito calmo. O que faz você perder a paciência?
Cássio Gabus Mendes — É difícil me tirar do sério. Não sou estourado, como meu personagem da novela. O trânsito me aborrece um pouco, mas nada que me faça sair do carro para brigar. Mas todo mundo tem seu limite.