Este fim de semana é o último de apresentação do Espetáculo Miguilim, encenado pelo Grupo de Teatro Tanahora/PUCPR, em cartaz no TUCA desde 23 de outubro, sempre às 20 horas. A peça é um conto de Guimarães Rosa adaptado pelo ator e dramaturgo de Curitiba, Edson Bueno, e com direção de Laercio Ruffa. O trabalho faz parte das comemorações dos 30 anos do Tanahora que tem uma história de premiações e participações em festivais no Brasil e no exterior, escrita por profissionais e alunos de diferentes cursos.
A peça conta a história de um garoto pobre, de uma família sofrida do interior de Minas Gerais. Em meio aos problemas de educação, miséria e conflitos familiares, Miguilim mostra a força de vontade, a esperança calcada em sonhos que vão além fronteiras. Na região em que mora, há um Monte que não poderia ser ultrapassado. E Miguilim sonhava em descobrir o que a vida reservava para ele do lado de lá.
Edson Bueno explica que o maior desafio imposto pela peça é dar vida, no palco, à literatura de um romancista que criou um estilo próprio e aborda um universo, que embora brasileiro, é bastante regionalista. A literatura de Guimarães Rosa pede atenção e cuidado, porque se já é necessária uma alta concentração para ser lida, imagine para ser falada e comunicada, em tempo real, para uma platéia. Há, também, o universo do sertão mineiro, que não é conhecido organicamente, nem por nós, curitibanos artistas, e nem pelo público, complementa o dramaturgo.
Acima de tudo, Edson Bueno coloca que a escolha do espetáculo é um sinal claro de sensibilidade e inteligência. Desejar a literatura de Guimarães Rosa e, mais ainda, desejar ser o canal de comunicação de sua obra, é evidência de ousadia e coragem, explica.
Para encenar a peça, o Tanahora conta com um grupo de 12 atores, incluindo Tiago Galan Mazurkevic, de apenas oito anos de idade, que vai interpretar Miguilim. Ele foi selecionado em maio, junto com outros atores mirins que hoje integram o grupo de teatro da PUCPR. Estou aprendendo várias coisas, não só sobre teatro, mas também sobre voz, corpo e literatura. Também é muito legal porque, com a peça, estou convivendo com outra realidade (a do sertão), comenta Tiago.
Laercio Ruffa, diretor artístico do Grupo faz uma analogia entre a história de Miguilim e a do Tanahora. O personagem passa por todas as dificuldades com serenidade. Ele representa o amor; amor à terra e à família. E se apega em seus sonhos, assim como o Tanahora, que trabalha sempre para enxergar além do Monte. Em cada peça, em cada texto e elenco, não sabemos o que está do lado de lá. Mas agimos segundo nossos ideais, nossos sonhos, e assim conseguimos construir uma história de 30 anos de sucesso, afirma Ruffa.