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Foto: Oliver Arnoso

Considerado um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira, o artista Neto Vettorello apresenta em Curitiba sua mais recente exposição, “De Urihi a Òrun”. Com 10 trabalhos exclusivos, a mostra vai além do visual: as obras são gestos poéticos e políticos que evocam o sagrado, resgatando memórias silenciadas e convidando o público a ouvir narrativas invisibilizadas pelas histórias oficiais.

A exposição propõe uma travessia sensível entre dois universos espirituais: “Urihi”, a floresta viva segundo a cosmologia Yanomami, e “Òrun”, o plano ancestral da tradição Iorubá. A partir dessas cosmovisões, Vettorello cria um conjunto que circula entre o visível e o invisível, o material e o espiritual, a cidade e a mata, o presente e o tempo mítico, como destaca o curador Felipe Oliver.

Com mais de 20 anos de trajetória, Neto Vettorello começou sua carreira artística no fim dos anos 1990, no graffiti e na cultura urbana, transformando muros em espaços de expressão coletiva. Seu trabalho atual combina graffiti, pintura, design gráfico, vídeo e escultura, formando experiências visuais imersivas em espaços públicos e institucionais, com presença em mais de 30 países.

Um símbolo recorrente em sua obra é o personagem “Tani É”, que transita entre o humano, o ancestral e o espiritual, e que guia as investigações do artista sobre identidade, pertencimento e memória. Na exposição, “Tani É” acompanha o público nessa jornada entre mundos.

Além da experiência estética, a mostra carrega uma dimensão de denúncia. “De Urihi a Òrun” critica o apagamento dos povos originários e negros, a destruição de seus territórios e destaca as queimadas que ameaçam não só as florestas, mas também histórias, mitos, rituais e futuros, afirma Vettorello.

O artista propõe o “reencantamento como resistência” — uma escuta espiritual ativa diante do colapso ambiental e social, e uma afirmação radical da vida contra o esquecimento. Ao unir cosmologias indígenas e afro-brasileiras, a exposição convida o público a repensar sua relação com o território, a natureza e o outro. “Mais do que uma exposição, é um gesto ancestral de reconexão — onde arte, espírito e território se tornam inseparáveis”, conclui.

Sobre a Barleria

A Barleria, localizada no bairro São Francisco, é um espaço que integra arte, música, bons drinks e um brechó exclusivo. Desde sua fundação em 2023, tornou-se um dos principais pontos culturais de Curitiba, com uma galeria de arte que recebe exposições mensais e atrações musicais locais e nacionais, criando uma atmosfera única onde moda, arte e música se encontram.

A exposição “De Urihi a Òrun” fica em cartaz até 31 de agosto na Barleria (Alameda Júlia da Costa, 252). A visitação é gratuita.

Para mais informações, acompanhe os perfis no Instagram: @netovettorello e @barleria_.