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Fanfarra de colégio de Telêmaco Borba impulsiona frequência escolar e disciplina Foto: Arquivo pessoal

Uma iniciativa envolvente e motivadora vem transformando a realidade da comunidade escolar do Colégio Estadual Cívico-Militar Jardim Alegre, localizado em Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais. Desde o início de 2024, a criação de uma fanfarra na escola tem contribuído significativamente para reduzir a evasão e reaproximar os estudantes do ambiente escolar. A proposta foi acolhida com entusiasmo pelos alunos e já apresenta impactos visíveis tanto na educação quanto na convivência social.

O projeto nasceu da parceria entre o cabo Mauro Gerbes, monitor militar da escola, a diretora Adriana Astegher e a diretora auxiliar Antonia Carmelucia Pereira Bezerra. Diante dos desafios relacionados à disciplina e à frequência dos alunos, a fanfarra foi vista como uma ferramenta pedagógica capaz de estimular o pertencimento e o engajamento dos estudantes.

“Para participar da fanfarra, o aluno precisa atender a três requisitos: bom comportamento, assiduidade e notas satisfatórias”, explica Gerbes, que também atua como regente do grupo. Segundo ele, desde a implantação do projeto, estudantes com histórico de baixa frequência passaram a frequentar as aulas com regularidade, enquanto outros, antes envolvidos em situações disciplinares, apresentaram mudanças positivas de atitude e melhora no desempenho escolar.

Um exemplo é Victor Gabriel Carretero, aluno do 7º ano do Ensino Fundamental e diagnosticado com autismo. Para ele, a fanfarra tem sido um espaço de inclusão e desenvolvimento. “Gosto muito de participar da fanfarra e desfilar. Sei que, para isso, preciso me comportar e manter boas notas”, conta o estudante.

Já para Nathali Vitória Xavier Siqueira, da 2ª série do Ensino Médio, o projeto representa uma fonte de motivação para a ida à escola e contribui para diferentes aprendizados. “Melhora minha coordenação motora, proporciona momentos felizes com meus colegas e ainda me ensina a trabalhar em equipe e a dialogar com responsabilidade”, relata.

A chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Telêmaco Borba, Sueli Aparecida Martins, destaca o resgate de valores como responsabilidade e pertencimento promovido pela fanfarra. “Mais do que formar músicos, o projeto transforma trajetórias escolares. É emocionante ver o impacto positivo na vida dos alunos e o orgulho que a fanfarra desperta em toda a comunidade escolar.”

Participações e reconhecimento

A fanfarra do CCM Jardim Alegre realizou sua primeira grande apresentação durante o desfile de 7 de Setembro do ano passado, com a participação de 43 integrantes — um feito significativo, considerando que a escola não desfilava há cerca de 20 anos. Desde então, o grupo também passou a se apresentar nas cerimônias de formatura da instituição.

No início de junho deste ano, a fanfarra foi destaque em uma solenidade interna que homenageou alunos com bom desempenho em notas, frequência e comportamento. Ao som dos instrumentos, os estudantes receberam certificados e medalhas em reconhecimento ao esforço e dedicação.

Próximos passos

A diretora Adriana Astegher avalia que os resultados obtidos até agora são extremamente positivos, sobretudo pela participação ativa dos estudantes e o apoio de suas famílias. “Nosso objetivo agora é ampliar o número de alunos atendidos. Para isso, é preciso seguir regras claras: vir uniformizado todos os dias, manter a frequência e não ter registros de comportamento inadequado (FO)”, destaca.

Atualmente, a maior parte dos instrumentos utilizados pela fanfarra é emprestada de uma escola municipal vizinha. Para garantir a continuidade e o crescimento da iniciativa, o cabo Gerbes aponta a necessidade de aquisição de novos materiais e reforça a importância de parcerias com empresas da região.

Outra meta é a contratação de um professor especializado em música para atuar no contraturno. “Não tenho formação musical para incluir instrumentos como sopro e lira. Seria muito bom aprender com um profissional e ampliar o repertório da fanfarra”, afirma o monitor militar.

Para viabilizar essa contratação, a escola trabalha para atingir 95% de frequência escolar — critério exigido para a inclusão de profissionais por meio dos Programas de Atividades de Ampliação de Jornada Escolar. Atualmente, o índice varia entre 80% e 85%.

Com o fortalecimento da estrutura, a expectativa é que o projeto se consolide como uma ferramenta pedagógica duradoura e transformadora dentro da unidade de ensino.