
Ninguém arredou o pé da fila quilométrica na bilheteria do Teatro Guaíra na noite desta quarta (26). Tudo para conseguir um ingresso para a peça “Daqui Ninguém Sai”, que celebra a obra de Dalton Trevisan, considerado um dos maiores contistas do Brasil e que completaria 100 anos de vida. Dalton faria aniversário no dia 14 de junho de 2025, mas morreu em dezembro do ano passado, quando já se costurava a peça que iria homenageá-lo.
A entrada no Teatro foi diferente. O público entrou pelo palco e depois teve acesso às poltronas do Guairinha, onde ocorre o espetáculo.
A peça é uma produção do Centro Cultural Teatro Guaíra e a estreia nacional acontece na Mostra Lucia Camargo do 33º Festival de Curitiba. Serão duas apresentações, nesta quarta e quinta, às 20h30, no Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha). Os ingressos são gratuitos. Parte deles será distribuída para convidados e a outra será distribuída ao público em geral, por ordem de chegada, uma hora antes de cada espetáculo na bilheteria do teatro.
O espetáculo está sendo conduzido pela atriz e diretora Nena Inoue, que tem uma relação com Dalton Trevisan marcada profundamente pelo teatro. “Conheci o Dalton através do teatro, então minha relação com ele passa pelo teatro”, diz, Ela já participou de várias montagens baseadas nos contos de Trevisan, como em “Mistérios de Curitiba” e o “O Vampiro e a Polaquinha”, como atriz, e na direção dos espetáculos “Paranã” e “Dalton Cabaré”.
“Toda vez que solicitava liberação de seus contos, ele autorizava, porque confiava em mim. A gente se reconhecia, posso dizer, como amigos”, afirma.
Agora, neste novo espetáculo, ela mergulha no universo do escritor, trazendo à tona sua conexão com a cidade, com suas personagens e com o fazer teatral. A encenação de “Daqui Ninguém Sai” reúne mais de 40 contos de Trevisan, desde minicontos e haicais até narrativas mais longas. “Não tem um conto principal ou menos principal. Todos eles constroem a dramaturgia, assim como as cartas inéditas do autor”, diz.
Nena reconhece que a morte de Dalton trouxe uma nova expectativa em torno de sua obra, mas ressalta que o processo criativo da peça seguiu seu caminho próprio. “A obra seguiu seu curso, que a gente alterou, mas não por conta da morte dele. O processo diário nos transformou e mudou a obra teatral”, conclui. Para ela, Dalton Trevisan continua vivo em suas obras. “Ele está imortalizado em suas palavras, seus livros, seu olhar, sua crítica, seu ódio, seu amor. Toda vez que lembro dele, me dá um aperto no coração por perdê-lo, mas ele continua eterno em suas obras.”
Serviço:
“Daqui Ninguém Sai”
Mostra Lucia Camargo – Festival de Curitiba
Onde: Guairinha (R. XV de Novembro, 971)
Quando: Quarta-feira (26) e quinta-feira (27), às 20h30
Quanto: Ingressos Gratuitos distribuídos 1 hora antes na bilheteria do Teatro.