Reconhecido como um dos países mais importantes no segmento do cinema de animação latino-americano, o Brasil será homenageado durante o 7º Animadrid, que acontecerá em Pozuelo de Alarcón, na capital da Espanha, de 29 de setembro a 6 de outubro.
O Animadrid, referência no circuito do cinema de animação internacional, traz em suas mostras competitiva e informativa uma seleção de filmes premiados em festivais de várias partes do mundo.
A produção brasileira terá uma retrospectiva abrangendo animações realizadas a partir da década de 1980, com o apoio do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) – entre eles os premiados Meow, de Marcos Magalhães, Palma de Ouro, em Cannes e El macho, de Ennio Torresan, vencedor do Festival de Annecy – até filmes mais recentes realizados por produtores independentes, além de títulos exibidos nas várias versões da mostra brasileira Animamundi.
O CTAv está colaborando com o Animadrid, como posto de recebimento e copiagem, para posterior remessa a Madri, de cerca de 60 títulos selecionados pela curadoria espanhola.
O CTAv e a Animação brasileira
A história da animação brasileira ganhou impulso e expressão internacional, a partir da criação, em 1985, do Centro Técnico Audiovisual, por meio de Acordo de Cooperação Técnica com o National Film Board (NFB), do Canadá.
O acordo, com duração prevista de dois anos (1º de abril de 1985 a 31 de março de 1987), e a um custo aproximado de US$ 2,1 milhões, dos quais dois terços correspondiam à participação da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA), gerou o primeiro centro formador de mão-de-obra para o cinema de animação no Brasil. O Canadá cedeu a maior parte dos equipamentos, inclusive quatro trucas de 16 mm computadorizada. Foram também técnicos canadenses que orientaram a instalação desses equipamentos e o primeiro curso de animação com técnicas de baixo custo.
Descentralizar a produção era, já na implantação do núcleo de animação no CTAV, no Rio, um dos principais objetivos do acordo. A idéia era formar animadores, selecionando talentos das diversas regiões do país, para que pudessem coordenar os núcleos que fossem sendo implantados em seus estados.
A partir de núcleos implantados pelo CTAv, na década de 1990, no Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a produção de filmes de animação estendeu-se por outros estados, surgindo, em decorrência, uma novíssima geração de animadores brasileiros, hoje produzindo não só no Brasil, mas em estúdios dos Estados Unidos, Canadá e Comunidade Européia.
Em março passado esse histórico laço cultural da animação brasileira com Canadá foi reatado com a assinatura de um novo Programa de Cooperação entre o Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e o National Film Board (NFB), evento que teve a presença do ministro da Cultura, Gilberto Gil; do presidente do NFB, Jacques Bensimon; do embaixador do Canadá, Guillermo Rishchynski; e do secretário do audiovisual, Orlando Senna.
Esse novo acordo prevê a disponibilização e o intercâmbio de obras audiovisuais entre Brasil e Canadá, além da formação de pessoal nas novas mídias digitais, realização de co-produções e atividades que envolvam ações conjuntas de ambos os países no setor.
“Essa relação com o Canadá em outros tempos resultou justamente na criação do CTAv e em um período muito positivo de atuação do órgão. A retomada desse acordo irá proporcionar – além de inúmeras vantagens no campo de intercâmbio tecnológico – uma oxigenação no desenvolvimento da animação no Brasil, somando a relação histórica dos canadenses com esse gênero”, disse, na ocasião, o secretário do Audiovisual, Orlando Senna.
Informações sobre Festival: www.animadrid.com