Oficina de atores da Globo. Aulas de interpretação com Camilla Amado e Rossella Terranova. DRT. Contrato como atriz. Não há dúvida, Grazi Massafera é atriz. A crítica, contudo, provoca. E parte dos telespectadores desconfia. A loira revelada na quinta edição do reality show |Big Brother Brasil e alçada ao posto de musa na novela Páginas da Vida (2006) sabe que é avaliada, mas não liga. Vê no segundo trabalho na teledramaturgia, a Florinda de Desejo Proibido, a chance de provar que atriz ainda não é. “É como tirar carteira. Quem acaba de tirar já é motorista? Eu acho que não. Tenho DRT e sou atriz? Não é assim, é sacanagem com a profissão. Tem que ter experiência, e essa é a minha segunda novela”, diz Grazi. “O povo esperou, quer ver o que ia acontecer, o que ia trazer. Se tiver que dar errado, vai dar, não tem o que fazer. A vida não é só sucesso, tem hora que dá errado, outra que dá certo.” Florinda é a segunda filha do prefeito Viriato (Lima Duarte) e da primeira-dama Magnólia (Nívea Maria). Enquanto o pai dedica-se à política e a mãe torce para o marido continuar no poder, a personagem conta os dias para se casar.

O problema é que precisa desencalhar a irmã mais velha, Eulália (Aninha Lima) para tirar o projeto do papel.  Grazi considera-se aprendiz, mas treinou em rotina profissional para a novela das seis. Estudou, assim como os companheiros de núcleo, a década de 30 e Minas Gerais, onde a trama é ambientada. Ainda teve de aprender o sotaque mineiro com a fonoaudióloga Iris Gomes da Costa, assim como Daniel Oliveira, ator nascido em Belo Horizonte que interpreta o vilão do folhetim.

Mudar o sotaque, porém, rendeu aulas de recuperação à novata. “No começo, levava para o baiano, aí tive uma ajudinha da Iris. Ficou demais, agora tenho que ficar diminuindo. Estou ansiosa, vi poucas cenas que fiz. Esse trabalho é diferente, é novela de época, tem comédia, tudo tem de ter um limite para não ficar demais.” A atriz garante que não tem privilégios por conta da pouca experiência. “Sou iniciante ainda, café com leite, mas ninguém me trata de maneira diferente… mas peraí, depende do que é café com leite, na minha cidade é gente que não vale nada (risos).”
 Se ainda não domina a cartilha da atuação, a atriz conta que pelo menos já se sente à vontade no ambiente de trabalho, o que não acontecia na estréia. “Tinha medo de abrir a porta do estúdio, o ar condicionado me assustava. Essas coisas são naturais hoje.” O repertório é curto, mas já tem espaço para reclamações. Passar horas a fio no estúdio para gravar uma única cena é eleito desagradável pelos veteranos e até pela novata. “O chato é esperar, às vezes espero o dia todo só para gravar uma coisinha, mas já aprendi: quando tenho que esperar, leio um livro ou fico papeando, o tempo passa mais rápido assim.” A falta de privacidade das celebridades também é apontada. “Não estou mais no Big Brother, estou tentando resgatar a minha privacidade. Se não for assim, a gente pira. Sou gente boa, tenho bom relacionamento com os fotógrafos. Quando eles querem uma foto, é só pedir que faço. Quando não quero, falo.”  Além do enredo, a popularidade de Grazi é uma das apostas da emissora para levantar a audiência das seis, em crise com o baixo Ibope de Eterna Magia. Mas ela é cautelosa ao comentar a responsabilidade. “O termômetro é o público. Sei que a Telminha (de Páginas) deu certo por causa do retorno, a personagem poderia morrer e quase virou protagonista. Florinda ainda não sei.”