

Há quem acredite que a fotografia analógica morreu, mas se engana quem pensa assim. Em Curitiba – e no Brasil, claro – o gosto pelo analógico está cada vez maior e a produção até chegou aos cinemas em pleno 2024. O Lab:Lab Analógico foi o laboratório que contribuiu com o longa, aclamado em todo o mundo, ‘Ainda Estou Aqui’.
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O filme se passa nos anos 70, durante a ditadura militar brasileira. Com atuações de Fernanda Torres e Selton Mello, o longa conta a história verídica da família Paiva e foi baseado no livro, de mesmo nome, produzido por Marcelo Rubens Paiva – também personagem da história. Por se tratar de uma história que se passa em outra época, a produção optou por ser fiel à estética e foi aí que o Lab:Lab entrou.
Em setembro de 2023, o Lab:Lab Analógico recebeu um pedido especial – sem nem saberem ainda do que se tratava. A equipe de produção do filme ‘Ainda Estou Aqui’ pediu ao laboratório para que fizessem um processo inverso ao habitual de digitalização de filmes.
Como foi o processo?
A tarefa do Lab:Lab envolveu transformar arquivos digitais em películas físicas, sensibilizando filmes coloridos positivos para produzir slides autênticos. A equipe explicou que o trabalho, além de técnico, é também artístico, exigindo precisão e paixão.
“Foi desafiador, mas é exatamente o tipo de projeto que nos anima. Trabalhar com Ainda Estou Aqui foi mais do que um processo técnico – foi uma responsabilidade histórica e cultural”, conta Vitor, um dos fundadores do laboratório.
O resultado foi exibido no Cine Passeio, em Curitiba, onde a equipe se emocionou ao ver seu trabalho projetado no cinema. “A gente levou os slides para tirar fotos lá, mas o impacto do filme nos deixou atordoados. Era impossível não se sentir abalado pela história e, ao mesmo tempo, orgulhoso de ter contribuído de alguma forma,” relata Mari, gerente do LabLab.
Nas redes sociais, a contribuição do Lab:Lab para o longa fez sucesso. Uma publicação no Instagram sobre os slides de Ainda Estou Aqui ultrapassou 100 mil visualizações. No entanto, para a equipe, o impacto foi bem além dos números.
“Saber que contribuímos para uma obra tão importante, indicada ao Oscar, nos dá a certeza de que a fotografia analógica ainda tem um papel poderoso a desempenhar, tanto artisticamente quanto na preservação da memória”, disse Mari.
O longa ‘Ainda Estou Aqui’ foi indicado pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2025. Os indicados oficialmente saem em uma lista em janeiro do ano da premiação, ou seja, ano que vem.
Mesmo sem a certeza do filme no Oscar, Ainda Estou Aqui é um grande sucesso no país, ultrapassando a marca de 1 milhão de espectadores em uma semana. Além disso, o Instagram oficial do Oscar “The Academy” compartilhou uma foto de Fernanda Torres (protagonista no filme) que ultrapassou 2 milhões de curtidas.

Lab:Lab e o crescimento e paixão pelo analógico
Fundado em 2019, o LabLab iniciou suas operações em um pequeno apartamento, mas cresceu rapidamente graças ao boom da fotografia analógica. Hoje, o laboratório revela cerca de 1.300 filmes por mês e recebe pedidos de todo o Brasil.
O laboratório conquistou renome nacional ao revelar, digitalizar e produzir filmes com métodos artesanais, além de desenvolver processos químicos próprios, como a fórmula LL4, que possibilita a revelação de filmes cromo – um feito exclusivo na América Latina.
“Cada mês desde 2019, vimos a demanda crescer. Mesmo com o aumento dos custos, a paixão das pessoas por fotografar com filme continua impressionante,” afirma Vitor.
Hoje, a equipe é formada por cinco profissionais. Vitor Leite, Mariana Guerra, Alessa Berti, Maria Mion e Midiam Valentim. Além do projeto feito para ‘Ainda Estou Aqui’, a equipe lembra de fotos de Milton Nascimento e Esperanza Spalding que digitalizaram, além de produção de filmes e outros projetos que participaram.
Antes de chegarem ao LabLab, todos ali já gostavam de fotografar com analógicas. Foi a chance de unir uma paixão com trabalho. O Lab:Lab fica na Rua Albino Silva 54 – Cj. 1B. Além disso, o laboratório aceita pedidos de todo o Brasil, e no Instagram deles @lab.lab_br tem mais informações.
*Sob supervisão de Mario Akira