Cultura SAMBA

Martinho da Vila quer esquentar o público curitibano com o melhor do samba

Em entrevista exclusiva ao Bem Paraná, o sambista relembrou passagens por Curitiba, refletiu sobre a carreira e contou detalhes do novo show

Luísa Mainardes
Foto: Leo Aversa

Foto: Leo Aversa

Neste sábado, 20 de setembro, Martinho da Vila chega em Curitiba para uma apresentação recheada de clássicos do samba. O show, que acontece no Teatro Positivo, conta com canções como “Quem é do Mar”, “O Pequeno Burguês”, “Segure Tudo”, “Ex Amor” e “Disritmia”, além de músicas mais recentes do sambista.

Quem o acompanha no palco são os músicos Wanderson Martins (cavaquinho), Ivan Machado (baixo), Claudio Jorge (violão), Victor Neto (flauta), Paulinho Black (bateria), Kiko Horta (teclado e sanfona), Analimar Ventapane (vocal), Alegria Ferreira (vocal) e Guido Ventapane (percussão). Os ingressos estão disponíveis no Disk Ingressos, a partir de R$90.

Em entrevista exclusiva ao Bem Paraná, o artista relembra as suas passagens pela capital paranaense, reflete sobre a sua carreira e conta detalhes do novo show. Confira a entrevista na íntegra aqui.

Bem Paraná – No início de setembro, a sua filha, Mart’nália, completou 60 anos. Como você vê o seu legado sendo repassado para os seus filhos e as próximas gerações? Você reflete sobre isso?

Martinho da Vila – O aniversário dela foi uma coisa linda. Foi maravilhoso. Um amigo comum nosso, que gosta muito dela, resolveu fazer a festa de aniversário. Não sei quanto, mas deve ter tido mais de 200 [pessoas]. Muita gente. Foi tudo muito legal, porque era só gente amiga. Então, os reencontros foram muito, muito bons, muito bons. E ela é brasileiríssima, nasceu no 7 de setembro.

Mas eu não penso muito. Nem mesmo o que eu faço, que eu deixo de fazer. Eu também sempre fui contra pais que querem que os filhos sigam a sua profissão. A família de advogado, de engenheiro, tem família até de bandido. É, eu sempre fui contra, mas ao mesmo tempo eu me contradizia, porque bem cedo fui botando eles pra fazer o coro comigo, fazer um negócio aqui, outro ali, sabe? E eles todos são muito talentosos, tudo virou artista. E a Mart’nália é a grande estrela da família.

BP – O samba tem como marca registrada as letras, que refletem uma esperança e uma sensibilidade com a vida. Martinho, pra você que já viveu tantas fases do samba no Brasil, o que o ele ainda tem a dizer, nos dias de hoje?

Martinho da Vila – O samba foi acompanhando os tempos. Foi mudando até na forma. Inicialmente, o samba era violão, cavaquinho e ritmo. Depois, foram incorporados outros instrumentos. E samba sempre tem o que dizer, porque dá pra fazer uma crônica com o samba.

BP – Você se lembra das primeiras vezes que passou por Curitiba?

Martinho da Vila – Eu já cantei em Curitiba algumas vezes. Várias vezes, mas eu não me lembro qual foi a primeira vez. Tenho muitas boas lembranças de Curitiba. Tem cada lembrança estranha. Um era um restaurante que tinha um costelão, não sei se ainda tem. Ele trazia uma costela enorme assim e tirava na mesa. É muito bom. Eu também lembro de quando teve aquele comício das diretas, o primeiro comício com grande público foi em Curitiba e eu participei. Fui eu, Ulysses Guimarães e o Tancredo Neves. Foi um comício fantástico e alegre. Dali pra frente começaram a fazer também comícios grandes em todos os lugares.

Aí quase sempre é frio, né? Mas a gente esquenta a plateia com música, com movimento e é um lugar ótimo para tomar vinho. Se um artista diz: ‘Fui a Curitiba, aquele pessoal é muito quieto’, é porque ele não conseguiu fazer um bom show. Agora, se ele fizer um bom show, a cidade vibra.

BP – Em Curitiba, assim como em outros estados do Sul do país, circula um mito que não existe samba, carnaval, ou que ele não é tão significativo quanto em outros estados do país. Martinho, para você, tem samba no Sul do país?

Martinho da Vila – Tem, tem. Carnaval tem pouco. Tem um pouco, mas mais dentro de salões. Agora até carnaval de salão também caiu hoje no Brasil todo. Antigamente tinha muito, mas o samba tem aí, tem bastante. O samba tem no Brasil inteiro, porque qualquer reunião assim descontraída termina em samba, em qualquer lugar.

BP – Curiosamente, artistas mais velhos têm vindo morar em Curitiba, como o Gerson Conrad, do Secos e Molhados, e o Danilo Caymmi, para fugir da correria. Você consideraria vir pra cá também?

Martinho da Vila – Não deve ser ruim morar aí, mas para sair do Rio de Janeiro é difícil. Aqui, o verão é verão e o inverno é verão. É tudo verão. Tem um ou dois dias de frio, mas não tem uma semana de frio aqui no Rio. Não existe isso. Quem quiser vir ao Rio no inverno pode vir tranquilo que vai ser legal, porque ele vai ter uns dois, três dias de frio no máximo. Eu creio que estejam indo pra aí mais pela qualidade de vida. É uma cidade tranquila, bonita, bem entrosada e organizada.

BP – Agora, sobre o show de sábado, como escolher a curadoria para um show de clássicos tendo tantos clássicos no catálogo? É difícil?

Martinho da Vila – É um pouquinho difícil montar um roteirinho de shows. Então, a gente tem que pensar numa direção e escolher as músicas por aí. Por exemplo, aqui eu pensei, vou fazer um show lá bem alegre, mas com umas coisas que levem à reflexão. Pega umas coisas alegres e junta e aí dá certo, porque se ficar juntando é difícil e o show não pode ser muito longo, que é chato. Eu não gosto de show longo.

BP – Por último, você poderia deixar um convite ou uma mensagem aos seus fãs curitibanos que já estão ansiosos para o show?

Martinho da Vila – Povo de Curitiba, eu vou estar aí fazendo um show bem alegre e vai ser só alegria. O meu objetivo é fazer com que o público saia do show mais feliz do que chegou.

Serviço – Martinho da Vila

Quando: 20 de setembro de 2025 (sábado)

Onde: Teatro Positivo (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300)

Horário: abertura da casa às 20h15 e show às 21h15

Ingressos: disponíveis no Disk Ingressos, os preços variam de R$ 90 a R$ 540, variando de acordo com o setor e modalidade escolhidos