Em cartaz com a peça infantil A Saga da Bruxa Morgana e a Família Real, a atriz Rosi Campos revisita a personagem que marcou sua carreira, a simpática feiticeira do Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura. Simultaneamente, Rosi já está gravando a próxima novela das 6, Amor Eterno Amor, que tem estreia prevista para o próximo mês. Nos palcos há mais de 35 anos, Rosi se formou em jornalismo e chegou a trabalhar nos Correios, ao lado de Eliane Giardini, durante a faculdade. Nesta entrevista, a atriz falou sobre o medo de cirurgias plásticas, a infância, a corrupção no País e mais. Veja a seguir:
Agência Estado — Você fez muitos personagens, mas a Morgana é a mais conhecida. É o personagem da sua vida?
Rosi Campos — A Morgana e a Mamuska são meus papéis mais lembrados. A diferença é que a Morgana eu continuo fazendo. É super legal ter um personagem de que a criançada gosta. Então, é maravilhoso poder carregá-la pelo resto da vida.
Agência Estado — Muita gente tem você como ídolo de infância. Quem foram os seus ídolos de criança?
Rosi Campos — Ah, o Flash Gordon, Rin Tin Tin, National Kid… Era o que tínhamos para assistir naquela época.
Agência Estado — Você nasceu em Bragança Paulista (SP). Morou por lá?
Rosi Campos — Eu nasci em Bragança porque meu pai levou a farmácia do meu avô para a cidade, que estava prosperando, quando minha mãe estava grávida. Meu pai era advogado, e meu avô era farmacêutico. Então, é uma cidade onde não tenho parentes. Minha família é de Santa Cruz das Palmeiras. Com sete meses, vim morar em São Paulo.
Agência Estado — Como você era na infância?
Rosi Campos — Eu estudei em escola de freiras, só de meninas, mas não era tão rígido. Dava para fazer umas baguncinhas. Eu era tímida e, como sempre fui alta, ficava no fundão, mas não dei nenhum trabalho para os meus pais (risos).
Agência Estado — Você sempre quis ser atriz?
Rosi Campos — Eu queria fazer cinema, mas, naquela época, só tinha pornochanchada. Meu pai não ia deixar. Mas ele me deixou fazer jornalismo. Eu fui estudar na USP, e como os departamentos eram meio juntos, eu fazia aulas de cinema, música. Também havia o teatro, né?
Agência Estado — Foi lá que você começou?
Rosi Campos — Comecei com montagens no grupo Geteca. Depois, fui para o Mambembe. Foi nessa época que realmente entrei para o teatro.
Agência Estado — Trabalhou com jornalismo?
Rosi Campos — Não em redação, mas fui assessora de imprensa da Som Livre por cinco anos. Na época, eu já estava fazendo teatro. Antes, na faculdade, trabalhei nos Correios.
Agência Estado — Nos Correios?
Rosi Campos — Sim, no setor de telegrama por telefone, em 1978. Eu e a Eliane Giardini trabalhávamos no mesmo departamento. Pagava muito bem e eu trabalhava só meio período. Eu já conhecia ela do teatro e nos cruzamos lá por acaso.
Agência Estado — Tinha muito telegrama com conteúdo estranho?
Rosi Campos — Nossa, tinha de tudo, até telegrama vendendo o Maranhão (risos). Tinha mensagem cifrada, que não dava para entender. A vida estava passando ali. Era época de ditadura. Só tinha mulher trabalhando, e eram umas mulheres muito loucas.
Agência Estado — Como foi quando seu pai te viu no teatro?
Rosi Campos — Ele não gostava muito. Na verdade, ele assistiu apenas uma peça minha. E ele morreu cedo, em 1981, eu ainda estava começando. Talvez, se tivesse acompanhado mais, iria gostar. Já a minha mãe sempre me deu força.
Agência Estado — Foi em 1989 que você fundou o Circo Grafitti, certo?
Rosi Campos — Sim, nós estreamos com Você Vai Ver o que Você Vai Ver, com direção do Gabriel Vilella. Levamos a peça até para a Colômbia.
Agência Estado — Foi nessa viagem que vocês precisaram de seguranças?
Rosi Campos — Não, isso foi com o Teledeum (1987), que levamos para um festival na Colômbia. Quando descemos no aeroporto, o Mario César Camargo estava com uma garrafa de uísque na mão. No dia seguinte, saiu no jornal que não era para ninguém ver a peça Eles ameaçaram o Cacá Rosset de morte.
Agência Estado — Ficaram com medo?
Rosi Campos — Não, achamos engraçado. Andávamos acompanhados pelos bombeiros, e antes da peça os cachorros verificavam se não havia bomba no teatro. Era uma medida de segurança bem comum por lá.
Agência Estado — Em 2010, você atuou em Chico Xavier – O Filme. Segue alguma religião?
Rosi Campos — Sou espírita. Eu me tornei espírita depois dos 30 anos. Comecei a frequentar com meu marido o centro espírita do dr. Herculano Pires e gostei muito. E foi ótimo fazer o filme, que é muito bonito.
Agência Estado — Agência Estado — Agência Estado — Vi que você tem Facebook. Gosta de redes sociais?
Rosi Campos — Eu tento manter, mas acho difícil encontrar tempo para isso. Tento responder aos fãs, mas no momento estou meio relapsa. Não sei usar essas coisas muito bem. Só aprendi a mexer no Facebook.
Agência Estado — No seu perfil, aparece indicado que você tem uma visão política de esquerda?
Rosi Campos — Sério, onde isso? Ah, essa coisa de direita e esquerda não existe mais, é coisa antiga. Hoje em dia é tudo misturado, não existe partido. Existe quem vai roubar mais. Essa questão ideológica acabou, o que pode até ser bom. Muita coisa errada foi feita em nome da direita e da esquerda. O que precisamos é de bons gestores, de pessoas que resolvam os problemas, não de políticos.
Agência Estado — Acompanha noticiário político?
Rosi Campos — Sim e fico indignada com os casos de corrupção, mas ninguém faz nada. É um povo que, podendo, também rouba. O que é que nós vamos fazer? A pessoa acha que tudo bem pegar um pouquinho aqui, ali. A questão da ética no Brasil é complicada.
Agência Estado — O que está achando do governo da presidente Dilma?
Rosi Campos — Estou achando legal. Antes, nos outros governos, houve uma época de crescimento muito grande com as coisas boas que aconteceram no mundo. Com a China comprando. Mas, na verdade, o Brasil não está crescendo, o que está crescendo é um setor. Se você viajar 100 quilômetros para dentro de São Paulo, parece que você ainda está em 1500. Há muita gente pobre, sem saneamento básico. Claro que muitas coisas melhoraram, mas enquanto existir isso, como você pode falar que o Brasil está maravilhoso?
Agência Estado — Você está com 57 anos. Como lida com a idade? É vaidosa?
Rosi Campos — Eu não tenho muita paciência para isso. Você tem que se cuidar, televisão é cruel, mas eu nunca fiz plástica. Tenho medo. Agora, você tem que começar com menos de 40 anos, quando ainda pode fazer um procedimento corretivo, que não seja tão radical. Após os 30, a cara cai mesmo (risos).
Agência Estado — Seu filho (Pedro Brandi) e seu marido (Ary Brandi) participam do espetáculo. Como é trabalhar em família?
Rosi Campos — Sim, meu filho sempre trabalha comigo. Ele é ator, fez faculdade de cinema e de artes cênicas. Ele também assina a luz do espetáculo. E assume o papel do ator Tadeu de Pyetro quando precisa. Eu aproveito que estamos trabalhando juntos para dar uns beijos e abraços escondidos nele (risos).
Agência Estado — E seu marido?
Rosi Campos — Ele é produtor do espetáculo. Ele é fotógrafo de teatro e shows há mais de 35 anos. Somos casados desde 1979, faz as contas…
E como se mantém um casamento de 33 anos?
Rosi Campos — Ah, nós nos aguentamos, né?