
Quem passou nesta quarta-feira (14) de tarde pela Rua XV, no Centro de Curitiba, se deparou com uma cena instigante. Próximo do Palácio Avenida, uma mulher vestida de vermelho estendeu uma espécie de tapete branco com diversas cruzes. Sua boca estava tampada, fechada por uma fita vermelha também em formato de cruz. Em suas mãos, não apenas um papel, mas um grito silencioso em nome das tantas vítimas de feminicídio no país.
“A cada 90 minutos, uma mulher é assassinada no Brasil. 70% das mulheres mortas no país são vítimas de seus (ex) namorados, noivos, maridos. 10% desses homens são agentes de segurança pública. Amar e proteger”, relata o texto.
Tratava-se de uma intervenção artística de Nina Caetano, uma performer de Minas Gerais que nesta semana está em Curitiba se apresentando e também ministrando uma oficina na primeira edição do Encontro Internacional de Mulheres da Cena – Edição “Reverbe”.
O evento, que teve início na terça-feira e segue até o domingo, ocupa o prédio da Alfaiataria, o Teatro José Maria Santos e o Sesi Paula Gomes, além de outros espaços públicos e privados da cidade, como a Galeria Júlio Moreira, a Boca Maldita e o Wonka Bar, com intensa programação artística e formativa.
A programação do evento, que pode ser conferida no site alfaiataria.art.br, tem cinco dias de oficinas, mesas de conversas, falas públicas, mostras de processos e de participantes, performances, espetáculos e programação paralela com exposição, leituras públicas e intervenções urbanas, abarcando outras expressões artísticas. Grande parte das atividades são abertas para a população de forma gratuita.
O Encontro, realizado pela Alfaiataria Espaço de Artes em parceria com a Núcleo – Produção, Cultura e Desenvolvimento, está vinculado diretamente à rede internacional The Magdalena Project e apresenta trabalhos nacionais e internacionais criados, produzidos e atuados por mulheres. A proposta é criar um ambiente de convívio e imersão criativa com o objetivo de extrapolar os espaços de compartilhamento e aprofundar questões, práticas de trabalho e criação e também perspectivas reverberantes de presente e futuro do teatro.