Para alguns pode soar exagerado, mas não é. Foi apenas a realização de um sonho e sei que para muitas das 70 mil pessoas que estiveram na noite desta sexta-feira (11) no Campo de Marte, em São Paulo, o que direi representará um pouco dos inesquecíveis breves momentos que passamos ao lado de Geezer Butler, Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Tommy Clufetos, que substituiu com perfeição Bill Ward na bateria do Black Sabbath.

Foram oito horas esperando de pé numa arena improvisada numa área de hangares no aeroporto local, na zona norte de São Paulo (sem contar, as oito horas de viagem de ônibus de Curitiba até a capital paulista e as 14 horas para voltar, por conta de problemas na estrada perto de Registro – havia uma cratera no meio da rodovia). Toda a espera valeu a pena para se ter a honra de, por duas horas, poder assistir ao vivo a maior banda de todos os tempos.

Antes do momento mais esperado da noite, os fãs de heavy metal puderam assistir o Megadeth, liderado pelo guitarrista e vocalista Dave Mustaine. Uma apresentação de cerca de uma hora que levantou a galera com clássicos como Symphony of Destruction e Sweating Bullets. Uma apresentação de peso, com muita qualidade. Mas o melhor ainda estava por vir.

Na plateia, desde crianças até idosos. Eu esperava desde a minha adolescência por aquele momento (que, admito, cheguei a acreditar que jamais aconteceria). Um senhor também contou o tempo que aguardou pela oportunidade de ver o Black Sabbath ao vivo: desde 1969, quando a banda apareceu pela primeira vez em um programa da extinta TV Tupi.

Se aproximava o inesquecível, o inacreditável momento. No palco, a escuridão. Na plateia, a ansiedade, que só aumentou quando surgiu a voz de Ozzy incitando um coro de ôô-ôô, imediatamente atendido pelos fãs. E de repente as luzes se acenderam: a maior banda de metal de todos os tempos estava já pronta e abriu a apresentação com War Pigs. A multidão foi à loucura, com reações das mais diversas: gritos histéricos, choro e até mesmo aqueles que, incrédulos, apenas levaram a mão à boca e admiraram o momento, que parecia um sonho – um sonho se realizando.

Apesar do cansaço, a paixão falou mais alto. Da primeira até a última música os fãs ficaram muito loucos, como pediu diversas vezes o simpático Ozzy. A banda também não poupou na setlist e apresentou seus maiores hits – “Black Sabbath”, “N.I.B.”, “Iron Man” e “Children of the Grave” foram as canções que mais agitaram a multidão.

Tamanha reverência foi recompensada: ainda no meio do show, o vocalista questionou se o Sabbath deveria voltar ao Brasil. A reposta foi óbvia. Durante a apresentação, por pelo menos três vezes foi o cantor quem reverenciou o ensandecido público, se ajoelhando no palco e louvando sua plateia, além dos diversos “eu te amo”. Esperança de que, talvez, haja um bis.

No final, valeu todo o esforço para acompanhar a banda britânica, os pais do heavy metal. Foram os melhores momentos da minha vida. A expressão que mais se ouviu foi que show do caralho!. De fato. Sabbath é foda.

No próximo domingo (13), a turnê brasileira do Black Sabbath passará pelo Rio de Janeiro, com uma apresentação na Praça da Apoteose. Depois, será a vez de Belo Horizonte receber os pais do heavy metal, com apresentação na Esplanada do Mineirão na terça-feira (15).
 
Setlist do show do Black Sabbath em São Paulo
– War pigs
– Into the void
– Under the sun
– Snowblind
– Age of reason
– Black sabbath
– Behind the wall of sleep
– N.I.B.
– End of the beginning
– Fairies wear boots
– Rat salad
– Iron man
– God is dead?
– Dirty women
– Children of the grave
– Paranoid