Reprodução/You tube – Elza Soares: cantora morreu por causas naturais

A cantora Elza Soares morreu ontem aos 91 anos, no Rio de Janeiro. Nascida em 23 de julho de 1930, ela é considerada uma das maiores cantoras da música brasileira, com carreira no samba que começou nos anos 60, e gravou 36 discos, nos quais flertou com vários gêneros musicais.

“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz o comunicado enviado pela assessora. “Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”.

Em 1999, Elza Soares foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, ela aparece na lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista ‘Rolling Stone Brasil’. Em 2020, Elza foi homenageada como enredo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela chegou a ser intérprete de sambas da agremiação.

Elza Gomes da Conceição começou cantando sambalanço com ‘Se Acaso Você Chegasse’ em 1959, e se dedicou ao gênero nos anos 60. Nos 36 discos lançados, ela se aproximou do samba, do jazz, da música eletrônica, do hip hop e do funk. “Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, afirmava Elza. “Eu acompanho o tempo, eu não estou quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo”.

O último disco lançado foi ‘Planeta Fome’, em 2019, e ela dizia que não tinha planos concretos para outro álbum. “Ainda não, mas vai surgir. Minha cabeça não para, cara”, afirma Elza. A única certeza é que não iria parar de cantar: “Nem de brincadeira. Parar por quê? Por que parar? Não tem por que né?”.

A morte de Elza Soares acontece no mesmo dia da de Garrincha, com quem teve um relacionamento por 17 anos. O craque do Botafogo e da seleção brasileira morreu também no dia 20 de janeiro, mas no ano de 1983, aos 49 anos. “Eu sonho muito com o Mané. O maior amor da minha vida foi ele”, disse Elza, em entrevista ao programa ‘Conversa Com Bial’, em 2018.

Elza teve um filho com Garrincha – Manoel Francisco, apelidado de “Garrinchinha”, que morreu num acidente de carro em 1986, aos nove anos – e outros sete filhos de outros relacionamentos. Os dois primeiros, ambos meninos, morreram recém-nascidos. Posteriormente a cantora teve João Carlos, Gerson (entregue para adoção), Gilson (morto em 2015, aos 59 anos), Dilma (sequestrada com 1 ano de idade em 1950 e reencontrada somente em 1980) e Sara, além de Garrinchinha. “A única coisa do passado que ainda me machuca é a perda dos meus quatro filhos. O resto tiro de letra. Mas filho é uma ferida aberta que não cicatriza. Estará sempre presente!”, disse ela, após a morte de Gilson.