
Nos últimos shows internacionais anunciados para Curitiba a compra dos ingressos virou uma grande maratona tanto na vida real quanto na virtual com filas on-line e na frente das bilheterias oficiais. No caso da banda Coldplay, que se apresentará nos dias 21 e 22 de março, os ingressos se esgotaram em poucas horas. Na última quarta (15), fãs do Red Hot Chili Peppers passaram até cinco horas na fila da bilheteria da Pedreira Paulo Leminski para garantir o encontro com os ídolos e no site os ingressos se esgotaram em menos de 24 horas. No “mercado paralelo”, no entanto, há ingressos para os dois shows, mas com valores exorbitantes, até oito vezes mais caros. E o Procon-PR recomenda que os consumidores comprem os ingressos somente nos canais oficiais para que tenham os direitos garantidos.
Há várias pessoas oferecendo os ingressos no Facebook, no Instagram e também na plataforma internacional Viagogo, que intermedia venda e compra de ingressos para shows, espetáculos e internacionais. Lá, a reportagem do Bem Paraná encontrou, por exemplo, usuários vendendo o ingresso na pista Premium (meia-entrada) para o show do Coldplay no próximo dia 21 de março no Couto Pereira, em Curitiba, por R$ 2.875. A mesma entrada foi vendida pelo site oficial do evento, a Eventim, por R$ 490 — ou seja, o preço do “mercado paralelo” é cinco vezes mais caro. Para arquibancada, há ingressos oferecidos por R$ 2.070 (meia-entrada) no Viagogo, valor oito vezes maior que o vendido na bilheteria oficial: R$ 245. Na mesma plataforma havia ingresso cadeira pro-tork por R$ 1.725 (a meia-entrada), o mesmo vendido por R$ 440 no canal oficial. No momento da consulta da reportagem do Bem Paraná, havia 38 ingressos disponíveis para os shows do Coldplay em Curitiba.
Menos de 12 horas depois de os bilhetes para o show do Red Hot Chili Peppers, marcado para 13 de novembro no Couto Pereira, terem esgotado em Curitiba, usuários já ofereciam as entradas no Viagogo. Na plataforma, o ingresso para pista comum (meia-entrada) aparecia por R$ 1.035, três vezes mais caro que o valor vendido nos canais oficiais: R$ 280. Para arquibancada (meia-entrada), um usuário do Viagogo, vendia o ingresso para a apresentação da banda californiana por R$ 748, enquanto na bilheteria oficial custava R$ 198.
Segundo o engenheiro A.B, 32 anos, que não quis se identificar, que é usuário da plataforma Viagogo, a medida que o show se aproxima, os valores sobem, como é o caso do Coldplay agora. “Há duas semanas, os ingressos estavam em média 3 vezes mais caros, agora chegam a oito vezes e arrisco a dizer que na véspera podem chegar a dez vezes mais. Paga quem quer”, afirmou ele, que nunca teve problemas com a plataforma.
No site Reclame Aqui, especializado em receber e tentar resolver queixas dos consumidores, a plataforma Viagogo aparece com nota 5.6. Das 1.625 reclamações feitas no Reclame Aqui, 1559 foram respondidas. Entre as reclamações mais comuns, há muitas sobre dificuldade de cancelamento de compra, envio de bilhetes falsos, não entrega de ingressos e dificuldade de comunicação com a plataforma. A reportagem do Bem Paraná tentou entrar em contato com a plataforma Viagogo e não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Para evitar a ação de cambistas, as produtoras dos shows limitam a venda de ingressos por CPF. Para os shows do Red Hot Chili Peppers e Coldplay, o limite eram cinco ingressos, dois deles meia-entrada.
Oriente-se
“Recomendamos fortemente a compra de ingressos por canais oficiais”, diz diretora do Procon-PR
A diretora do Procon-PR, Claudia Silvano, no entanto, alerta que não é recomendável comprar ingressos para shows, espetáculos e festivais no mercado paralelo, porque não há como garantir os direitos do consumidor: “Sempre recomendamos fortemente a compra de ingressos nos canais oficiais dos organizadores do evento. Qualquer outro caminho pode resultar em perda financeira e frustração. Os sites de revenda de ingressos, apesar de populares, também não são totalmente seguros, pois são pessoas vendendo para outras pessoas, e não a empresa oficial que organizou o evento”.
Há riscos, como por exemplo, de o ingresso ser falso. Como a cópia se aproxima do original, pode ser difícil desconfiar do golpe até o dia do evento. Assim, a pessoa vai até o local do show e é barrada. Foi o que aconteceu com a enfermeira A.M.O, 41 anos, que só percebeu que tinha comprado um ingresso falso pelo Facebook quando chegou ao show do Metallica, em 2019, e não conseguiu entrar. “Isso porque comprei da prima de uma conhecida. Perguntei no Facebook se alguém tinha ingresso, e ela apareceu. Achei que era seguro, ela mandou o ticket antes e eu paguei depois. Só descobri no dia do show. Ela me disse que tinha comprado de alguém e não sabia. Fiz B.O, mas não tive ânimo para começar um processo judicial. Frustrante demais”.
Nesse caso é importante ter atenção aos detalhes, como fonte (tipografia), cores e tamanho dos elementos gráficos que compõem o ingresso (impresso ou digital). Além do risco de obter um ingresso falso, existem situações em que um mesmo ingresso verdadeiro é comercializado para várias pessoas. Após a primeira leitura no acesso ao evento, a entrada se torna inválida.