Em O Cavaleiro Solitário, em cartaz nos cinemas de Curitiba a história é contada por um velho índio, Tonto, sobre os bastidores que transformaram o homem da lei, John Reid, em uma lenda do Oeste.
O filme de Gore Verbinski é mais uma tentativa de revitalização de um gênero que marcou época no cinema norte-americano e criou a própria mitologia com Ford, Hawks, Sturges e outros. O western, o mito fundador da nação norte-americana, conforme definiu o crítico André Bazin em ensaio.
Acontece que também certas mitologia são datadas. Podem ressurgir, às vezes com grandeza efêmera, sob a forma crepuscular, como em Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood. Ou ressurgir sob a capa da paródia, como neste Cavaleiro Solitário.
Aqui, a paródia assume a figura de Johnny Depp com sua veia cômica e levemente autoirônica. Depp é, na verdade, o que o filme tem de melhor. À sua maneira, consegue funcionar no mais banal dos blockbusters, rindo de si mesmo (e embolsando cachês milionários, claro, e transmitindo a mensagem subliminar de que nada daquilo é para ser levado muito a sério).
Desse modo, Depp retoma a tradição de humor presente em muitos westerns (sempre há humor em Ford, por exemplo), não apenas com o fito de aliviar a tensão, mas de colocar em crise a própria narrativa.