A peça Os Malefícios do Tabaco inicia hoje uma turnê  pelas 25 cidades com Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do Paraná.  Serão mais de 50 apresentações gratuitas, no mínimo duas por cidade. A turnê acontece porque a peça ganhou o Prêmio Funarte Myrian Muniz de Teatro, que patrocinará o périplo do grupo. O texto e direção são Sílvia Monteiro, com Luiz Carlos Pazello e Lucas Cahet.
A peça Os malefícios do fumo ou Os Males do tabaco foi escrita por Anton Tchekhov em 1887, recebendo uma segunda versão 1904. É uma pequena obra prima da literatura mundial e possui as marcas típicas da poética de Tcheckov: a brevidade, a economia de procedimentos, a linguagem irônica, o humor e o aprofundamento psicológico das personagens.
No texto, Kin  ( no original Ivan Ivánovitch Niúkhin), homem casado, está sozinho num pequeno auditório. Ivan vai fazer uma palestra sobre os malefícios do tabaco a mando de sua esposa, megera que toma conta de sua vida. Começa a palestra falando dos males do cigarro enquanto justifica o fato de ele mesmo ser um fumante. Subitamente, dispara a dizer tolices e trivialidades. O desconforto psicológico e emocional do personagem o torna patético. Ivan divaga sobre sua própria velhice e fracasso pessoal.O que era extremamente engraçado fica triste. O histriônico professor acaba revelando a miséria escondida por trás da aparente euforia. Ivanovitch compartilha com os espectadores os dissabores de uma vida sem sentido agravada por um casamento arruinado que o impede de ser livre.
A  montagem mostra Os Malefícios do Tabaco em sua dimensão mais assustadora. O nosso personagem Kin é um tipo de Bufão, dentro de um ofurô, preso a uma tenda de oxigênio. Delirante, o personagem divide a cena com um médico, a visão atual do tabagismo.
Kin descreve sua vida monótona de maneira hilariante. O personagem consegue tirar comicidade de sua vidinha medíocre colocando a culpa de todas as suas desgraças no seu casamento desgastado de 33 anos. O fato de trabalhar para sua mulher, e as filhas que mal conversam com ele – só sabem rir e dizer que eu cheiro cigarro  – servem de pretexto para transformar o cigarro em seu único amigo, companheiro, comparsa.
Kin vai revelando ao público os motivos que o levam a fumar, e a cada revelação, a diretora, mostra o que se esconde por detrás das desculpas de Kin, trazendo a informação atual sobre o tabagismo. Sílvia desmonta a argumentação de Kin e pouco a pouco no decorrer da peça ele, patético, vai enxergando o nós que atam sua vida. 
A liberdade e o prazer de fumar são mostrados em sua forma mais patética.


Cenário é um Ofurô
O cenário da peça concebido pela diretora Sílvia Monteiro praticamente define todo o espetáculo: Num ofurô, dentro de uma tenda de oxigênio, está um paciente terminal, Kin. Fumante inveterado que agarra cigarros no ar, e se imagina fumando deliciosamente. Nosso figurino, ao mesmo tempo em que justifica o cenário,  parece roupa usada em hospitais, faz referência a uma época mais antiga, onde fumar parecia ser de alguma importância para o personagem Os Malefícios do Tabaco foi concebido para adaptar-se a qualquer espaço disponível: desde teatros e anfiteatros até as salas de aula, refeitórios, salões de festa, salões paroquiais, etc..