Ele é professor de Matemática, mas as palavras e não os números é que têm povoado a mente de Osiris Roriz, um curitibano “nascido na Praça Garibaldi” há 58 anos. Ele é um palindromista. Palíndromos são palavras, frases ou textos iguais, independente do sentido da leitura, se da esquerda para direita ou o contrário. Foi por esta “loucura saudável” que ele se encantou. Com uma sacola cheia de resumos de suas pesquisas, o professor deixa logo clara a paixão começou há uns 5 anos.
Tudo teve início quando ele descobriu que seu apelido, Ziro Roriz, era um palíndromo. “Até meus 45 anos lia mais livros técnicos. A partir dessa idade as pessoas ficam mais maduras, com a vida estruturada e daí comecei a escrever”, conta ele que foi fazendo cursos de criação literária e começou a escrever contos e poesia – tem cinco livros prontos. Até que lhe chegou às mãos o mais famoso palindromo da Língua Portuguesa. “Socorram-me subi no onibus em Marrocos”. E o mais antigo: “Roma me tem amor”
“Eles existem em todos as línguas. Sótades de Maronéia, no século III a.C., é tido como o inventor, embora não se tenha nada dele registrado, pois ficou conhecido pelos versos sotádicos, que são frases cuja ordem das palavras não alteram o sentido”, explica ele, que “procura” palíndromos o tempo todo ao redor, seja olhando para uma placa da rua ou visualizando o nome da repórter. “Hoje em dia , mentalizo a palavra e ela já me vem ao contrário”, conta ele que, amante do estudo de línguas, já se embrenhou até pelo aprendizado do Hebraico.
Roriz diz que criou um tipo novo de palíndromo. “Lendo da esquerda para direita é uma frase insossa, mas se lida ao contrário é interessante. São os palídromos duplos”.
E as pesquisas e estudos também não param. “ O nome dos dois palindromistas que se sabe que têm livros publicados (ambos por edição de autor) são: Eno Theodoro Wanke, de Ponta Grossa e Rõmulo Marinho, de Brasília”, informa, colhendo argumentos para conseguir por sua criação no mercado. Sua mais recente empreitada foi a criação do que defende como o “maior palíndromo da Língua Portuguesa”, com 282 palavras, sem contar as 11 do título. Ele procura apoio para publicação mas sabe que é difícil. No livro que tem pronto estão palíndromos estranhos, que precisam de legendas, conta, divertindo-se. “’A droga tá gorda’ poderia ser epitáfio do Fernandinho Beira-Mar; ‘Oi rato otário’, legenda para o encontro de um gato que enganou e surpreendeu um rato”.
Mas, afinal para que serve isso, Ziro? “Para provocar riso. Vale pela surpresa que provoca nas pessoas. È algo que se a pessoa gosta vira mania”, garante ele.
Exemplos
• Reverta atrever
• Ovacionar a paranóica vo
• Só com o tio somávamos oito moços
• É na Tropa do avô novo no vão da porta né