Atriz fez longa carreira em Hollywood (ReproduĂ§Ă£o)

Piper Laurie, a obstinada atriz indicada ao Oscar que atuou em papĂ©is aclamados, apesar de a certa altura ter abandonado totalmente a atuaĂ§Ă£o em busca de uma vida “mais significativa”, morreu na manhĂ£ deste sĂ¡bado, 14, em sua casa em Los Angeles (EUA). Ela tinha 91 anos.

Laurie morreu de velhice, disse sua empresĂ¡ria, Marion Rosenberg, Ă  Associated Press por e-mail, acrescentando que ela era “um talento excelente e um ser humano maravilhoso”.

Laurie chegou a Hollywood em 1949 como Rosetta Jacobs e rapidamente conseguiu um contrato com a Universal-International, um novo nome que ela odiava e uma sĂ©rie de papĂ©is principais com Ronald Reagan, Rock Hudson e Tony Curtis, entre outros. Ela recebeu indicações ao Oscar por trĂªs filmes distintos: o drama de bilhar de 1961, Desafio Ă  CorrupĂ§Ă£o; a versĂ£o cinematogrĂ¡fica do clĂ¡ssico de terror de Stephen King, Carrie, em 1976; e o drama romĂ¢ntico Filhos de um Deus Menor, em 1986. Ela tambĂ©m apareceu em vĂ¡rios papĂ©is aclamados na televisĂ£o e no palco, inclusive em Twin Peaks, de David Lynch, na dĂ©cada de 1990, como a vilĂ£ Catherine Martell.

Laurie fez sua estreia aos 17 anos em Louisa, interpretando a filha de Reagan, depois apareceu ao lado de Francis, a mula falante, em Francis nas Corridas. Ela fez vĂ¡rios filmes com Curtis, com quem namorou, incluindo O prĂ­ncipe que era ladrĂ£o, NĂ£o hĂ¡ espaço para o noivo, Filho de Ali Baba e Johnny Dark. Farta, ela rescindiu seu contrato de US$ 2 mil por semana em 1955, jurando que nĂ£o trabalharia novamente a menos que lhe fosse oferecido um papel decente. Ela se mudou para Nova York, onde encontrou os papĂ©is que procurava no teatro e em dramas de televisĂ£o ao vivo. Atuações em VĂ­cio Maldito, The Deaf Heart e The Road That Led After trouxeram-lhe indicações ao Emmy e abriram caminho para um retorno ao cinema, inclusive em um aclamado papel como a problemĂ¡tica namorada de Paul Newman em O Traficante.

Por muitos anos depois, Laurie deu as costas Ă  atuaĂ§Ă£o. Ela se casou com o crĂ­tico de cinema Joseph Morgenstern, deu as boas-vindas a uma filha, Ann Grace, e mudou-se para uma casa de fazenda em Woodstock, Nova York. Ela disse mais tarde que o Movimento dos Direitos Civis e a Guerra do VietnĂ£ influenciaram a sua decisĂ£o de fazer a mudança. “Fiquei desencantada e procurando uma existĂªncia mais significativa para mim”, lembrou ela, acrescentando que nunca se arrependeu da mudança. “Minha vida era plena”, disse ela em 1990. “Sempre gostei de usar as mĂ£os e sempre pintei”.

Laurie tambĂ©m se tornou conhecida como padeira, com suas receitas aparecendo no The New York Times. Sua Ăºnica atuaĂ§Ă£o naquela Ă©poca ocorreu quando ela se juntou a uma dĂºzia de mĂºsicos e atores em um tour pelos campi universitĂ¡rios para apoiar a candidatura presidencial do senador George McGovern em 1972.

Laurie finalmente estava pronta para voltar a atuar quando o diretor Brian De Palma ligou para ela sobre interpretar a mĂ£e perturbada de Sissy Spacek em Carrie. No inĂ­cio ela sentiu que o roteiro era uma porcaria, mas entĂ£o decidiu que deveria interpretar o papel para rir. SĂ³ quando De Palma a repreendeu por dar um toque cĂ´mico a uma cena Ă© que ela percebeu que ele pretendia que o filme fosse um thriller. Carrie se tornou um sucesso de bilheteria, lançando uma mania de filmes sobre adolescentes em perigo, e Spacek e Laurie foram indicadas ao Oscar. Seu desejo de atuar reacendeu-se, Laurie retomou uma carreira movimentada que durou dĂ©cadas.

Na televisĂ£o, ela apareceu em sĂ©ries como Matlock, Murder, She Wrote e Frasier e interpretou a mĂ£e de George Clooney em ER.