
Após adiarem a turnê que chegaria ao Brasil, em 2020, devido à pandemia, a banda britânica Jethro Tull chega ao país para a RökFlöte Tour. Em Curitiba, o grupo se apresenta no dia 12 de abril, uma sexta-feira, no Teatro Positivo. Com produção da MCA Concerts, os ingressos podem ser adquiridos no Disk Ingressos, a partir de R$ 400 (meia-entrada).
No início de 1968, um grupo de jovens músicos britânicos, de várias bandas regionais falidas, se reuniu em Luton, no norte de Londres. Com um amor comum pelo blues, eles começaram a conquistar um público pequeno, mas entusiasmado. O início do Jethro Tull aconteceu com seu primeiro álbum, This Was, no fim de 1968, antes de lançar outros trabalhos mais caseiros.
Benefit, Aqualung e Thick As A Brick solidificaram o sucesso da banda, que aconteceu internacionalmente. Vários membros entraram e saíram da formação, mas o vocalista, compositor e flautista Ian Anderson continuou a liderar o grupo através de suas várias encarnações musicais.
Jethro Tull foi, em meados dos anos 1970, um dos grupos de maior sucesso no cenário mundial, rivalizando com Zeppelin, Elton John e até os Rolling Stones. Hoje, a banda coleciona cerca de 30 álbuns e mais de 50 milhões de vendas.
Nesta turnê, Ian Anderson estará acompanhado pelos músicos David Goodier (baixo), John O’Hara (teclados), Joe Parrish (guitarra) e Scott Hammond (bateria). Em entrevista ao Bem Paraná, Anderson contou sobre as inspirações que cercam o último álbum, RökFlöte, o gosto pela música brasileira e futuros trabalhos, que já estão com lançamento programado para 2025.
Confira a entrevista na íntegra aqui:
Bem Paraná — Ian, o Jethro Tull está vindo ao Brasil mais uma vez e, desta vez, com um novo álbum. Pode nos contar um pouco sobre quais foram as suas inspirações quando entraram no estúdio para iniciar esse projeto?
Ian Anderson — vocalista do Jethro Tull – O álbum mais recente, RökFlöte, é um trabalho que decidimos escrever sobre crenças politeístas. Optei pela mitologia nórdica porque, de certa forma, era a mais difícil, devido às associações óbvias com o heavy metal e o fascínio que a mitologia nórdica tem por algumas das visões de extrema direita e pelo comportamento de algumas bandas de rock escandinavas.
E, é claro, sua relação com pessoas como [J. R. R.] Tolkien e [Richard] Wagner e, mais tarde, com Heinrich Himmler, o que é muito preocupante. Portanto, há muitas coisas sombrias e assustadoras relacionadas à mitologia nórdica, e isso dificultou um pouco a escrita. Então, decidi que tinha de dar um toque mais leve, não para transformá-lo em comédia ou humor, mas para dar um pouco de leveza e uma nova visão para os personagens e personalidades da mitologia nórdica.
BP — O Jethro Tull tocou no Brasil pela primeira vez em 1988. Você tem boas lembranças dos shows que fez aqui na América do Sul e no Brasil? Alguma que gostaria de compartilhar?
Ian — A maioria dos shows que fiz, como em qualquer outro lugar do mundo, eu tenho de entrar em um avião e voar, e não gosto de voar, então isso é desagradável. Tenho de me hospedar em um hotel, tentar descansar um pouco, fazer a passagem de som, fazer o show e acordar às seis ou sete horas da manhã do dia seguinte para viajar para o próximo lugar.
Não olho para trás e digo: “Ah, foi ótimo. Eu me diverti muito em Palma, Maiorca, ou em Roma”, ou onde quer que fosse, porque estou ocupado trabalhando. Minhas lembranças não são específicas sobre muitas cidades que visito, porque tudo o que vejo são hotéis e aeroportos.
Não tenho tempo para ser um turista, porque tenho uma equipe que preciso pagar. E não tiramos dias de folga, simplesmente, porque é mais um dia de custos. Mas já visitei várias cidades no Brasil ao longo dos anos e elas tendem a ser sempre as mesmas. Lembro de uma turnê orquestral em que tocamos com orquestras locais e lembro de tocar em Curitiba com uma orquestra local, que era boa.
Muitas vezes não vale a pena sair do hotel para ser turista por uma hora. Talvez seja um pouco diferente em algumas cidades onde há algo para visitar, como uma bela catedral, um museu ou uma galeria de arte, mas, olhando os hotéis e os locais onde ficaremos na próxima turnê, acho que não irei a lugar algum.
BP — O que você acha dos seus fãs brasileiros? E o que esse público tem de especial, diferente de outros fãs ao redor do mundo?
Ian — Provavelmente, não é bom generalizar e comparar determinados públicos a outros, mas há alguns estereótipos nacionais que se aplicam um pouco. E, sem dúvida, o público dos países latinos, como Brasil ou Portugal, onde estive na semana passada, é um pouco diferente de como será quando eu for para a Noruega amanhã. É um temperamento diferente.
As pessoas latinas, geralmente, tendem a ser um pouco mais soltas e demonstrativas. Quando se toca na Itália ou na Espanha, em países mediterrâneos, o mesmo se aplica. Agora, se você toca na Finlândia ou no Japão, há muita seriedade e eu não me importo com isso, porque eu sou um deles. Em termos de temperamento, não demonstro minhas emoções da maneira que os latinos costumam fazer. Sou um peixe frio e úmido do hemisfério norte.
BP – Ian, você conhece música brasileira? E você gosta?
Ian — Eu me apaixonei pela música de Heitor Villa-Lobos, em 1973. Eu estava na Suíça, em Montreux, escrevendo um novo álbum e queria ouvir algum gênero que não tivesse nada a ver com a música que eu toco. Então, para me distrair, eu comecei a escutar Villa Lobos, porque era muito diferente.
Isso me deu um sentimento alternativo sobre a música, em comparação com o trabalho que eu estava escrevendo e que iria gravar. Por isso, muitas vezes, ouço músicas que não são do meu tipo, mas que são muito mais interessantes para mim.
Na verdade, não ouço música pop e rock desde meados da década de 1970. Praticamente, parei de ouvir música pop. Portanto, ouço principalmente música clássica ou, às vezes, música folclórica, mas não sou realmente um grande fã de música. O único momento em que realmente ouço música é quando estou sentado em um avião, pois tenho um pouco de medo de voar.
BP — O Jethro Tull viu a música mudar muito ao longo das décadas e a banda também passou por algumas mudanças. Você vê uma nova geração encontrando a música do Jethro Tull e curtindo os shows tanto quanto os fãs mais antigos?
Ian — Sempre há algumas pessoas mais jovens que vão aos shows e que é a primeira vez que assistem ao Jethro Tull. Tem sido assim desde os anos 1960, então sempre há pessoas novas. Mas você não pode fingir que o número de pessoas novas que vão à festa é igual ao número de pessoas que costumavam ir e que já morreram ou não saem mais de casa.
Então, inevitavelmente, você percebe que o público está diminuindo em termos do número de pessoas que realmente vão aos shows. E as pessoas da minha idade tendem a não ir a shows com muita frequência, porque são muito velhas. A viagem, as filas, o estacionamento e tudo mais se torna um problema.
Hoje, a diferença é que poderíamos ter feito três ou quatro shows naquele local na década de 1970 e, agora, fazemos apenas um show. O que é bom, porque não gosto de passar mais de um dia em uma cidade ou local.
BP — Sabemos que podemos esperar as melhores faixas do último álbum e da carreira da banda, mas o que mais o público pode esperar do show?
Ian — Se eles tiverem sorte e vierem em uma boa noite, podem esperar ver um grupo de velhos se divertindo. E a música é uma seleção variada que abrange as sete décadas em que lançamos álbuns. Portanto, há algumas músicas do final dos anos 1960 e até duas faixas de cada um dos dois últimos álbuns que lançamos.
Há algumas músicas relativamente novas e algumas favoritas antigas que as pessoas provavelmente conhecem. Além disso, algumas músicas mais antigas que talvez não tenhamos tocado por muitos anos ou que certamente não tocamos no Brasil. É um conjunto variado de músicas. Não se pode agradar a todos o tempo todo, mas você tenta tornar a experiência interessante. E, se é interessante para mim, espero que seja interessante para outras pessoas também.
BP — Os comentários no YouTube do Jethro Tull são impressionantes pela quantidade de pessoas agradecendo a você e à banda por continuarem a fazer música de alta qualidade. Podemos esperar novas músicas em um futuro próximo?
Ian — O álbum mais recente foi lançado em 2023, mas, na verdade, foi gravado no final de 2022. E tenho um contrato com a gravadora que prevê a produção de mais um álbum, e espero tê-lo concluído até o final deste ano. Portanto, ele está programado para ser entregue à gravadora em abril de 2025 e lançado no final de setembro de 2025. Esse é o cronograma.
BP — Por fim, gostaria de deixar uma mensagem para os fãs brasileiros que o aguardam em Curitiba?
Ian — .Sim, eu gostaria de desejar a todos um Feliz Natal, pois nunca é cedo demais para pensar no Natal. E todo ano faço concertos de Natal para arrecadar fundos para as nossas grandes catedrais medievais, algumas das quais têm mil anos de idade.
Portanto, já estou no espírito natalino. Estou me preparando para os dois concertos que faremos na Catedral de Bristol e, pela segunda vez, na Catedral de Salisbury, no sudoeste da Inglaterra. Desejo aos bons seguidores cristãos do Brasil o feliz Natal que está a apenas nove meses de distância.
Serviço
Jethro Tull em Curitiba
Onde: Teatro Positivo (Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido).
Quando: 12 de abril de 2024 (sexta-feira).
Horário: O show tem início às 21h.
Quanto: Ingressos a partir de R$400 (meia-entrada).
Vendas: https://www.diskingressos.com.br/