Quer ter um Portinari ?

Empresa faz reprografias da obra do artista a preços populares

Bem Paraná

Adriane Perin

Uma realidade do mundo das artes visuais está prester a mudar. É nisso que aposta o empresário João Rezende, da Recriar, empresário que tem autorização para fazer reprografias de mais de cinco mil obras de Cândido Portinari. A intenção é popularizar estas e outras obras consagradas – e caríssimas. “Não conhecemos 95% das criações dele, porque  estão em acervos e coleções particulares”, pondera. O plano deve se concretizar através do conceito RCR (Reprografias Certificadas Recriar) e com o aval entusiasmado do herdeiro de Portinari, João Cândido Portinari e responsável pelo contrale de sua obras. “RCR é um conceito no qual o artista é remunerado por cada cópia reproduzida, ao contrário do que acontece hoje, quando o interessado paga pelo licenciamento e o artista recebe uma única vez. Entendemos que o artista brasileiro menos popular, que tem poucas oportunidades, vai se beneficiar disso também. Dos renomados, vamos ter obras mais baratas idênticas aos originais”, assegura.
No galpão da empresa, em Pinhais, as “cópias” de  Portinari estão por todo lado e chamam a atenção pela perfeição. Entusiasmado e conhecedor do assunto, Rezende engata na conversa e vai embora, em seus argumentos, ressaltando sempre a importância de se dar mais acesso à obras de arte. Sobre o preconceito que a popularização de produtos elitizados  como este, sofre, tem a resposta na ponta da língua. “Sempre é assim quando surgem novas tecnologias. Nós sofisticamos algumas técnicas e busquei tecnologias  em diversas partes dos mundo; fui atrás das informações para chegar a um padrão de qualidade. Nossa reprografia consegue mostrar a pincelada”, garante. A reportagem pode constatar os detalhes em vários provas. “A 3 metros já é bem dificil diferenciar a cópia do original. Isso barateia para uso em decoração, mas não só”, argumenta Rezende.
 Para ele,  as RCR podem ser muito eficientes  também didaticamente e para o mercado de artes. “Uma secretaria da Educação ou Cultura poderia itinerar com estas cópias com um custo muito mais em conta, transmitindo informações. Um museu pode manter uma obra valiosa dessas guardada e ao mesmo tempo em exposição”, defende. Neste último caso, o impacto poderia ser significativo, já que o seguro deste tipo de “produto” é muito alto. “Já colocamos obras em Israel, México, França, EUA, Japão. É uma ferramenta de alta importância para  prefeituras, museus e  não se corre o risco de ver uma obra valiosa pixada com spray”, acrescenta o empresário, comentando  que atende alguns museus, mas não pode dizer quais. “Portinari pintou Brasil e de norte a sul e era um sonho dele que suas crições chegassem ao povo brasileiro.Podemos contribuir para isso”, acredita.
Rezende explica que hoje em dia  existem muitas  técnicas digitais aplicadas em produção de arte e a RCR é resultado dessa evolução tecnológica, processo que considera inevitável. “É uma evolução natural que, gostem ou não, vai ocupar o espaço. Também acho que as reações contrárias , que já tivemos, são por conta de uma ignorância sobre a qualidade a que se pode chegar. Pouco a pouco vamos conquistar o nosso lugar”.
Portinari  —   “O João Cândido Portinari, filho do Portinari, é muito exigente e mantém cuidado técnico  com  a obra merecedor dos maiores aplausos. Ele preserva mesmo”, diz o empresário. Esse  grau de exigência só faz aumentar o valor do trabalho da empresa paranaense, já que ela foi procurada pelo herdeiro de Portinari, depois que ele viu uma reprodução.  “Ele quis saber tudo e acompanhou todos nosssos estudos para a obra do pai. Só depois nos deu acesso ao acervo. Hoje ele é especialista em, qualidade artística e isso foi fundamental para nós  também,  porque toda exigência faz com que melhore o resultado final”, diz ele, que está trabalhando com obras de Goya e Klint e “só não desenvolveu  mais trabalhos no exterior ainda  porque gostaria de primar pelo artista brasileiro. “Quero manter o slogan da Recriar:A Casa Brasileira da Arte”. Sua equipe usa em torno de 10 softwares e o resultado permite ter peças de Portinari por menos de R$100. “Só certificamos as RCRs após verificação da fidelidade das cores, que buscam o máximo de semelhança com o original e alta resolução que permite exibir os detalhes das pinceladas”. garante ele.

Serviço
Recriar (R. Santa Helena, 762 – Pinhais) Informações: (41) 3557-6000 ou www.recriararte.com.br