As Tartarugas Ninjas surgiram em 1984 na história em quadrinhos de Kevin Eastman e Peter Laird. A mistura inesperada de artes marciais, animais mutantes e Nova York, nasceu a franquia, que ganha um novo filme nesta semana. O longa-metragem dirigido por Jonathan Liebesman (Fúria de Titãs 2) faz jus ao nome original da série: Tartarugas ninjas mutantes adolescentes. Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello são irmãos que aprenderam a lutar com seu pai adotivo e mestre de ninJutsu Splinter, um rato também mutante.

Apesar do tamanho digno de alterofilistas ou lutadores de MMA, os animais carregam o espírito adolescente. Principalmente ao preencherem os estereótipos tão conhecidos das escolas. Leonardo é o líder que dá ordens e é respeitado, menos pelo valentão da turma, Raphael, que é o mais forte e mais grosseiro, sempre querendo ocupar o posto de liderança — mas, no fundo, é o mais sentimental entre os quatro. Donatello é o nerd, inteligente e rei das aparelhagens com seu óculos especiais que detectam perigo e identificam pessoas. Michelangelo é o que mais chama atenção, sempre bem humorado e faminto.

Por se tratar de uma história com trinta anos, obviamente, em meio a outros filmes, seriados e animações, se transformaria com o passar dos anos. Nos quadrinhos, por exemplo, as tartarugas passaram por mutação de uma maneira diferente. Essa mudança específica foi feita principalmente para dar um tom emocional a mais ao filme.

Referencias da cultura pop contribuem para a diversão. São citados no filme Batman, Harry Potter, Pequena Miss Sunshine, Transformers — sim, a franquia de um dos produtores do filme das tartarugas Michael Bay também aparece, de um jeito um tanto subliminar, na roupa de Leonardo —, entre outros. A música aparece com um clipe de Gwen Stefani passando em uma televisão — com direito a break dance de um dos ninjas — e um beat box no elevador puxado por Michelangelo, ou Mc Mikey, como preferir. A homenagem aos quadrinhos que originaram o filme aparecem no prólogo e nos créditos finais do filme.

Como um filme de ação normal, há muitas explosões e lutas.. A sequência da montanha, que aparentemente é o Monte Everest a poucos quilômetros de Nova York devido a altura, apresenta um antigo clichê dos filmes de gênero: doze segundos que duram quase um minuto. Tudo em prol da diversão. Afinal, trata-se de um filme com o nome de Bay envolvido, ou seja, exageros são comuns. Porém, não espere por algum veículo ganhando a forma de um Autobot.

Megan Fox, que havia brigado com Bay, chamando-o de Hitler depois das gravações de Transformers 2, voltou a trabalhar com ele neste filme, agora dando vida à April O’Neil, jornalista novata que cansou de fazer pequenas reportagens. Ela tenta investigar o Clã do Pé — organização de crime organizado em Nova York —, mas não recebe apoio de sua chefe. Talvez uma característica normal nos profissionais do Jornalismo, April é insistente e, durante uma visita a um porto da cidade, flagra uma tentativa de roubo do clã, que termina frustrada graças a ação de um vigilante misterioso (é o que pensa a inocente repórter). A partir daí, a história se desenrola.

O fato de April, Splinter, as tartarugas e os vilões terem se cruzado no passado dá certa sensibilidade e sentido necessários à trama. O plano do mal não é um dos mais surpreendestes: dominar o mundo através de uma máquina mortífera. Porém, Erick Sacks (William Fichtner) e o Destruidor (Tohoro Masamune) só conseguirão realizar isso se conseguirem extrair o sangue dos heróis. Mas não será fácil conseguir derrubar quatro seres que são ao mesmo tempo tartarugas, ninjas, mutantes e adolescentes.


SOBRE A SÉRIE

Histórico
Dois fãs de HQs se conhecem e resolvem unir forças para entrar no ramo. Frustrados, não conseguem criar uma história inédita. No bar, após algumas cervejas, um deles desenha uma tartaruga com um nunchaku. Tomando como inspirações um acidente provocado por um cego que cruzou o caminho de um caminhão que carregava material radioativo e ninjas dos quadrinhos, como Demolidor e Elektra; Kevin Eastman e Peter Laird criaram as Tartarugas Ninja. O que era pra ser um projeto independente com tiragem de 3.000 exemplares, tornou-se uma franquia com 26 anos de publicações, três séries animadas, cinco filmes, um seriado, brinquedos e video games.

Tecnologia
As tartarugas e Splinter ganharam forma através de computação gráfica. A mesma tecnologia foi usada para dar vida a personagens como Golum (Senhor dos Anéis e O Hobbit) e Cesar (Planeta dos Macacos), ambos feitos por Andy Serkis, e os animais de A Vida de Pi. Os atores escolhidos para o processo foram Alan Ritchson (Raphael), Noel Fisher (Michelangelo), Pete Ploszek (Leonardo), Jeremy Howard (Donatello) e Danny Woodburn (Splinter). Para dublar Splinter e Leonardo, entraram para o elenco Tony Shalhoub (da série Monk) e Johnny Knoxville (Jackass).

Nostalgia
Quem acompanhava a história antigamente, percebe neste novo filme algumas peças já conhecidas da história. O grito de guerra Kawabunga aparece em momentos decisivos para motivar a equipe. April usava um uniforme completamente amarelo na HQ, mas agora a repórter decidiu usar uma jaqueta da mesma cor, só que mais na moda. A fixação por pizza de Michelangelo também ganha espaço, principalmente em um momento de tensão, em que a tartaruga laranja quase desiste de tudo por uma fatia de 99 queijos.