“Temos grande produção poética e pouco mercado”, diz ganhador do Jabuti

Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cearense Mailson Furtado, ganhador do Prêmio Jabuti 2018 de livro do ano, escreveu, ilustrou, diagramou e editou sua obra “À Cidade”. 

 

PERGUNTA – Como é ser um autor independente no Ceará?

MAILSON FURTADO – Eu produzo tudo e procuro uma gráfica para imprimir. No entanto, a maior parte de meus amigos busca pequenas editoras e pagam a elas uma pequena quantia para editar e diagramar o livro. Alguns desses selos ajudam na divulgação. Outros atuam como meros mediadores entre o autor e a gráfica.

PERGUNTA – Qual a importância de o Jabuti de livro do ano ter sido dado a uma obra de poesia?

MAILSON FURTADO – Eu vejo com muita alegria o Jabuti ter voltado à poesia depois de oito anos, até para abrir uma janela maior para dar visibilidade à poesia, que sofre mais em relação à prosa em questão de mercado. Pelo menos no Ceará, a maior parte da produção é voltada para a poesia. Temos uma grande produção poética acontecendo e pouco no mercado.

CORAL E OUTROS POEMAS

Sophia de Mello Breyner Andresen é uma das principais vozes da poesia portuguesa do século 20. No Brasil, porém, sua obra chegou apenas em 2004, com antologia esgotada nas livrarias.

A Companhia das Letras recupera neste ano a poesia de Sophia com o lançamento da antologia organizada pelo poeta Eucanaã Ferraz, que reúne mais de 200 poemas –do primeiro livro da autora, dos anos 1940, a versos inéditos, publicados postumamente. 

AUTORA Sophia de Mello Breyner Andresen

EDITORA Companhia das Letras 

QUANTO R$ 54,90 (392 págs.)

QUEM INDICA Marília Garcia

NUVENS

Esse é o único livro de poesia da pesquisadora e cineasta brasileira Hilda Machado (1951-2007). Publicada postumamente neste ano, a obra reúne textos inéditos e outros veiculados em revistas.

A dicção dos poemas permanece entre a melancolia e a autoironia. Precisa no encadeamento de imagens, a poeta provoca a narratividade dos textos com um forte senso de montagem cinematográfica. Destaque para o poema “Miscasting”. 

AUTORA Hilda Machado

EDITORA 34 

QUANTO R$ 36 (96 págs.)

QUEM INDICA Marília Garcia

OS POSTAIS CATASTRÓFICOS

O poeta e tradutor Ismar Tirelli Neto explora em seu lançamento mais recente as possibilidades da linguagem poética como emissária da percepção particular sobre o que é visto (e sentido).

Editada pela 7Letras, a obra reúne textos contemplativos que evitam lugares-comuns e buscam a concisão de imagens. 

O autor mantém assim características inconfundíveis de sua voz, debruçando-se sobre o encontro entre poesia e postais. 

AUTOR Ismar Tirelli Neto

EDITORA 7Letras 

QUANTO R$ 34 (76 págs.)

QUEM INDICA Marília Garcia

UM JOGO BASTANTE PERIGOSO

Publicado pela primeira vez em 1985, o livro de estreia da portuguesa Adília Lopes chega neste ano ao Brasil. Desde o título, a autora nos leva a indagar: Qual é o jogo? Qual o seu perigo?

A obra é um convite e ao mesmo tempo um alerta. Como afirma o escritor Valter Hugo Mãe na contracapa: “Tudo o que você sabia sobre poesia precisa de ser repensado”. Ler a obra de Adília Lopes é estar disposto a se despir de preconceitos. 

AUTORA Adília Lopes

EDITORA Moinhos 

QUANTO R$ 35 (56 págs.)

QUEM INDICA Marília Garcia

USE O ALICATE AGORA

Com o imperativo “Use o Alicate Agora”, Natasha Felix revela a potência de uma voz poética contundente. Dividido em quatro seções, o livro de estreia da poeta santista faz uma leitura ao mesmo tempo incisiva e delicada de questões ligadas ao corpo, desejo e violência.

A poesia aqui é de recusa ao interdito. Não quer dizer, simplesmente diz. O livro é o segundo número da coleção “Lança-Perfume” das Edições Macondo, que edita a primeira obra de poetas brasileiros contemporâneos. 

AUTORA Natasha Felix

EDITORA Macondo 

QUANTO R$ 30 (68 págs.)

QUEM INDICA Marília Garcia