Tim Festival quer fazer a diferença

Com alguns shows com ingressos  esgotados e uma mudança de escalação apenas, começa amanhã, em São Paulo, a quinta edição do Tim Festival, com shows de Cat Power and Dirty Delta Blues,  Antony and the Johnsons e  Toni Platão. Em Curitiba, uma versão reduzida será dia 31, com o palco da Pedreira Paulo Leminski ocupado por um show histórico – o da cantora islandesa Björk –, e dos mais hypados do momento – The Killers e Artic Monkeys -, com Hot Chip abrindo o evento. Mas, a programação deste que é o mais importante certame brasileiro de música contemporânea,  é bem maior. Só em Sampa serão cinco dias de shows. O Rio de Janeiro ganhou dois  dias  cheios de atrações e novo formato, temático. Vitória também ganhou três dias.

Ao longo de sua história – iniciada em 2003 – o Tim ganhou notoriedade entre os fãs de música no Brasil e prestígio com importantes artistas e suas equipes, o que na hora de bater o martelo garante uma atenção maior por parte de empresários e agenciadores de bandas. É o que conta Ronald o Lemos, um dos responsáveis pela tarefa de criar o cardápio Tim. Difícil, porque não é tarefa simples escolher na produção mundial o que é mais interessante e ainda conseguir brechas em agendas que dão a volta ao mundo.  Para escolher o que de ponta se produz há critérios estéticos, também, já que o intuito é, efetivamente, oferecer algo que faça a diferença para o público que for, iniciado ou não, em música alternativa.

É um trabalho, o de  curadoria, que corre o ano todo em viagens para onde houver um festival, para ter certeza de que o cara (ou a dama) desempenha de verdade no palco. Trabalho que gruda um ano no outro.   “Já estamos pensando no próximo. Escolher é fácil, mas a responsabilidade de criar uma programação para um  evento como o Tim é  muito grande”, pondera Lemos. Ao contrário do que se imagina, ele assegura que não tem na cabeça atender a um público alternativo, segmentado. “O importante é trazer o que de mais legal teve na música. Tivemos edição em que a eletrônica foi o forte.  Este ano não tem pra ninguém: é Killers, Artic Monkeys e Bjork”, diz, citando três das atrações que estarão em Curitiba.  “Eles fecharam os principais festivais do mundo e cumprimos a promessa de oferecer o mais bacana, sem pensar em um estilo específico, ou em um tipo de público”, comenta o curador.

 Curitiba não verá nenhum artista brasileiro, mas Lemos  ressalta a produção independente nacional que chama a atenção, diz, pela qualidade e descentralização.  “O ollar da curadoria para os artistas nacionais é tão atento quanto o dedicado aos internacionais”, assegura. “ Tem gente do Ceará, o Montage, de Cuiabá, o Vanguart. Ano passado teve Bonde do Rolê, aí de Curitiba. Nosso desafio é chamar a atenção para estas cenas”.

Em relação aos estrangeiros o mais complicado, mesmo, é que é época de turnês. “ A segunda parte é acertar quem poderá ir para qual cidade. As vezes é impossível combinar agenda”, diz.  “Porém, a tradição do evento ajuda, porque as notícias de como é feito correm entre os artistas. Este ano o Tim entrou em reportagem da revista Wired, como destaque no calendário de festivais mundiais”, diz, emendando que a beleza da Pedreira Paulo Leminski é algo que já correu e tem gente que quer tocar lá de qualquer jeito.

Infelizmente, para nós, ela não foi suficiente para que a agenda de Cat Power, uma das principais estrelas do Tim Festival 2007, que toca amanhã em São Paulo, para um seleto público de 800 pagantes que esgotaram os ingressos nas primeiras horas de venda, fosse ajustada. Ainda assim, numa boa, só pra ver Björk, já vale o preço do ingresso.  Aliás, esse ano o ticket  em Curitiba está mais barato que ano passado.