Eles são azuis, alegres, cantarolam sempre a mesma melodia, vivem numa vila escondida no meio da floresta, recebem o nome de acordo com a personalidade e são perseguidos por um vilão trapalhão chamado Gargamel e seu gato Cruel. Se você era criança nos 80 sabe de quem eu estou falando. Se não era, agora vai saber, porque os Smurfs não só estreiam no cinema em 3D nesta sexta, como estão em toda parte: nas revistas, na internet e nos brindes das lanchonetes. 

Os duendes azuis, na verdade, são mais antigos ainda.  Nasceram em 1958, na história em quadrinhos do belga Pierre Culliford, conhecido como Peyo. São 99 criaturas comandadas e criadas pelo Papai Smurf, o único que usa gorro e calça vermelha. A roupa dos demais é branca. Entre os 99 filhos do Papai Smurf há apenas uma menina, a Smurfette, que foi criada pelo vilão Gargamel para criar a discórdia no clã, mas acabou se tornando uma Smurf pela mágica e carinho do Papai Smurf. Na nova aventura, em fuga de Gargamel que descobriu a vila, seis Smurfs — Papai Smurf, Ranzinza, Arrojado, Gênio, Desastrado e Smurfette — caem em um buraco mágico que desemboca em uma cachoeira em pleno Central Park, em Nova York. Na cidade, eles conhecem um casal formado por um gerente de marketing  que tenta uma promoção em uma empresa de cosmético e uma ingênua dona de casa grávida do primeiro filho. Os dois vão ajudar os Smurfs a vencer o Gargamel que, obviamente, os persegue no túnel mágico, e também passa por poucos e boas na big apple. Ao contrário da trama original, em que Gargamel perseguia os duendes azuis para comê-los, até que descobre uma receita mágica para produzir ouro, da qual os duendes azuis faziam parte dos ingredientes, desta vez ele quer capturar essas criaturas para potencializar seus poderes mágicos.

A trama, aliás, lembra, e muito, outro clássico do cinema infantil A Encantada, onde a princesa vai parar em Nova York também. A semelhança, no entanto, não estraga o charme do filme, já que as criaturas azuis roubam a cena.  Os personagens do autor belga foram levados ao cinema pelos estúdios Walt Disney e produzidos pelos desenhistas contemporâneos belgas Hergé e Franquin.
A versão atual Os Smurfs mistura animação com atores e cenários reais e o resultado é surpreendente. O vilão Gargamel, feiticeiro da floresta, é interpretado por Hank Azaria, que desempenha o papel com maestria, diferentemente dos smurfs que são animação.  Neil Patrick Harris, que interpreta o rapaz que hospeda os smurfs, conta que atuou com um ponto eletrônico no ouvido, por onde ele escutava os diálogos dos smurfs, que eram lidos por outros atores, fora de quadro, e mais nada. Nas cenas, são só os atores fingindo que estão lado a lado com os homenzinhos azuis. As animações só foram inseridas depois, nos computadores.

Um dos destaques da animação é o gato Cruel, escudeiro do bruxo Gargamel, vilão atrapalhado que tenta exterminar os smurfs. Eu queria que o Gargamel e o gato fossem como um casal que vive brigando, contou o ator Hank Azaria, em entrevista coletiva para o lançamento do filme nos Estados Unidos. Ele explicou que, em algumas cenas, existia um gato de verdade. Mas, em outras, era o mesmo esquema dos smurfs: o ator ficava sozinho diante da câmera e só depois os animadores acrescentavam o gato. 
Os duendes azuis  também estão mais moderninhos e jogam até Guitar Hero ao som de Aerosmith e Rum DMC e seguem em marcha para uma luta ao ritmo de AC DC.  O humor do filme também é destaque e feito sob medida para agradar os pais saudosistas e os filhos ávidos por aventura. E como não citar a palavra Smurfar, marca registrada dessa turma animada, que pode substituir qualquer palavra, como gostar por exemplo: vá ver este filme que você vai smurfar muito.

 


De 1959 até a era do Nintendo Wii e Iphone
Em 1958, os duendes azuis apareceram pela primeira vez nos quadrinhos Johan et Pirlouit, de Pierre Culliford, o Peyo, publicado no jornal La Dernière Heure, na Bélgica. Na trama, os cavaleiros medievais – que eram os personagens principais da HQ – encontraram a aldeia dos smurfs (originalmente chamados Schtroumpfs, em francês). As criaturas fizeram tanto sucesso que já em 1959 ganharam gibi próprio. Peyo pensou primeiro que podiam ser amarelos ou vermelhos, mas escolheu a cor azul porque a considerava mais infantil.
No Brasil, os smurfs chegaram em 1975 com a revista Os Duendes Strunfs, da Editora Vecchi, que publicou sete edições e três álbuns. Nessa versão, o nome ainda tinha sonoridade parecida com o original Schtroumpfs. Smurfete era chamada de Strunfete; o Papai Smurf, o Grande Strunf. Na primeira história, papai sai da vila atrás de ervas medicinais, e os duendes escolhem um líder temporário.
Em 1981, o estúdio norte- americano Hanna-Barbera começou a produzir a série de TV com 256 episódios, com o nome Os Smurfs. Logo a animação chegou ao Brasil e passou a ser exibida nos programas infantis da época, Turma do Balão Mágico e Xou da Xuxa.
Em 1982, a Editora Abril lançou a revista Os Smurfs, usando o mesmo nome do desenho animado. Os personagens também usavam o verbo smurfar para todas as suas ações. Muito depois, em 2003, chegou o gibizão O Smurf Reporter (Peyo, LP&M Editores, 48 págs), que foi relançado neste ano junto com O Bebê Smurf, com história e desenho igual ao original.
O primeiro game com eles foi para um jogo de Atari (primeiro videogame) em 1982, um ano após invadirem as telinhas. O produto fez tanto sucesso que não parou de se modernizar. Com o passar dos tempos, criaram-se versões para todos os consoles até chegar no Playstation. Em 2010, a Editora On Line resgatou os personagens com a publicação do álbum de figurinhas.
Nintendo Wii também ganhou versão de game das criaturas azuis. Em The Smurfs: Dance Party, o competidor tem de dançar como os personagens. Nos jogos para iPhone e iPod Touch, a aventura é com o Smurf’s Vilage, no qual o jogador tem de ajudar os anõezinhos a reconstruir a vila destruída por Gargamel.

 

Você pode criar o seu Smurf na internet
Com o lançamento do filme Smurfs, os produtores do filme tiveram uma criativa ideia para promover a obra. O site Smurf Yourself permite que o internauta crie um Smurf personalizado, com nome e tudo mais. Os Smurfs aparecem em uma animação tridimensional no site e podem ser caracterizados de acordo com a preferência do usuário. Smurf ou Smurfettes (a versão feminina), as opções disponíveis vão desde a cor do cabelo, roupa até acessórios que ajudam o internauta a fazer um Smurf skatista, jogador de futebol, artista, intelectual, entre outros. São 15 opções diferentes, que vão de operador de britadeira até diretor de cinema. Ao final, o usuário pode fazer com que o Smurf fale uma frase. No site, existem quatro formas para que seu boneco azul diga o que você quer: escrever um texto para que seja lido por uma voz robótica, com sotaque inglês, escolher uma fala pré-determinada, gravar sua mensagem por meio do celular ou, então, utilizando o microfone do computador.  Depois de fazer o próprio personagem e escolher a sua fala, é possível compartilhar o boneco no Facebook, Twitter ou no próprio blog por meio do código HTML. Para fazer o próprio Smurf, basta acessar o site besmurfed.com.