Divulgação – Christian Bale concorre ao Oscar de melhor ator

A certa altura, Lynne Cheney proclama: “Se você tem algum poder, alguém vai tentar tirá-lo de você. Esta é a única verdade.” Lynne (Amy Adams) é esposa de Dick Cheney (Christian Bale), protagonista de ‘Vice’, de Adam McKay, indicado em oito categorias do Oscar, inclusive melhor filme e ator – Bale divide o favoritismo com Rami Malek, de Bohemian Rhapsody. Bem, num ponto Lyne Cheney está certa: a coisa toda gira em torno do poder. Poder, poder e poder. Ela fala com propriedade, pois está casada e profundamente envolvida com um homem que só pensou nisso a vida toda, Dick Cheney, todo poderoso vice-presidente dos Estados Unidos no governo de Georges W. Bush. 

O filme é a história dessa trajetória política singular. Não segue a receita das obras do gênero que estamos acostumados a ver. Assume, sem nada esconder, seu caráter. Anuncia, como se fosse engraçado, que fizeram tudo para chegar à verdade dos fatos. Mas, que isso seria difícil, senão impossível, no caso de um personagem que sempre fez de tudo para se esconder e, sobretudo, ocultar a real natureza dos seus atos.

Assim é Cheney, retratado de forma brilhante por Bale, da juventude à maturidade. Cheney se aproximou do Partido Republicano ao pressentir que havia ali uma oportunidade de ascensão social. Inocente e novato, foi discípulo de um grande mestre, Donald Rumsfeld (Steve Carell), astuto como um Maquiavel do Novo Mundo, e sem resquício do refinamento e dos raros escrúpulos morais do mestre florentino, autor de O Príncipe.

A estratégia de McKay em Vice consiste em nos jogar num universo dúbio, em que a farsa é vizinha da realidade e com ela se confunde. Rimos com o personagem, mas sentimos que esta é uma graça amarga, pois reage às artes da manipulação política quando levadas ao seu ápice. Em síntese, rimos para não chorar.

Biografia, drama e tons de sátira marcam história do político americano
Dick Cheney é considerado o vice mais poderoso da história, tendo sido um dos arquitetos da guerra contra o Iraque e da criação da prisão na base de Guantánamo. Mas Vice se propõe a ser mais que biografia. Adam Mckay, responsável pelo roteiro e direção, já disse em entrevistas que a história é também sobre o do Partido Republicano no país. Em um misto de biografia, drama e tons de sátira, o longa conta a vida de Cheney, desde a juventude errática até a chegada a Washington e sua iniciação na Casa Branca, durante o governo Nixon.