Conheça as curitibanas que vão à Itália para um campeonato mundial de pole dance

Apesar do preconceito, a modalidade é reconhecida como esporte e há vários atletas espalhados pelo Brasil

Livia Berbel
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As 'Maris' do Pole Dance (Luísa Mainardes)

O pole dance, embora seja um termo carregado de preconceito alheio, se tornou um esporte no mundo todo. Com todas as suas categorias, são muitos os atletas que participam e conseguem se expressar das mais variadas formas. Mariana Mosson e Mariana Souza, as ‘Maris’, são duas atletas de Curitiba que vão até a Itália para representar o Brasil no campeonato mundial Exotic Generation. 

A competição está marcada para março e promete reunir os melhores do mundo, incluindo as ‘Maris’. As atletas foram selecionadas depois de ganharem, cada um em sua categoria, a competição nacional. Mari Souza compete na categoria ‘Profissional Flow’, que preza pelas passagens e performance. Já Mari Mosson compete na categoria ‘Semiprofissional Hard’, que preza pela força e batida dos passos.

Vale lembrar ainda que esse campeonato se enquadra no Pole Art, na subcategoria Exotic. O Pole Art é uma vertente mais artística, voltada para a união da dança com os movimentos do esporte. O Exotic vem desse movimento, mas traz elementos que remetem à história do pole dance nas casa noturnas, por isso as atletas se apresentam usando um salto de 20cm.

Conheça a história das atletas

Com 28 anos, Mari Souza pratica pole dance há 13 anos. Sua história no esporte começou ainda no ensino médio, quando acompanhou a mãe em uma aula experimental. Desde então, se apaixonou pela modalidade, que combina habilidades físicas e expressão artística.

Apaixonada pelo pole dance, ela se formou em Educação Física e se tornou professora. Mari ministra aulas de pole dance há uma década e participa de competições há 12 anos. Em abril, seu estúdio completa dois anos, dedicado a formar novos praticantes e promover o crescimento da modalidade.

“O pole unia duas coisas que pra mim eram muito lindas: o esporte e a arte. Envolve muito essa questão da dança, da expressão, da performance. Uniu as coisas que eu mais amava na vida, aí eu criei esse é o meu lugar”, conta Mari Souza.

Mari Mosson, que tem 24 anos, iniciou no pole dance em 2019, buscando uma atividade que complementasse sua rotina de estudos para o vestibular. Após experimentar diversos esportes, uma amiga a convidou para uma aula de pole dance, e desde então, Mari se dedicou intensamente à prática. Em 2023, após conquistar o primeiro lugar em uma competição nacional em São Paulo, recebeu a notícia de sua classificação para o mundial na Itália.

“Nunca imaginei que chegaria tão longe! O pole começou como um hobby e virou minha maior paixão. Agora, ter a chance de competir em um mundial é um sonho que ainda estou processando”, diz Mari Mosson.

A preparação para o campeonato mundial é intensa. Ambas as atletas treinam diariamente além de contar com uma equipe multidisciplinar que inclui acompanhamento nutricional e recuperação física – já que são muitos dias de treino e impacto.

Entenda o pole dance

Há divergências sobre o início do pole dance, mas entende-se que a união dos movimentos acrobáticos começou na Índia com Mallakhamb, desde o século XII. Mais tarde, o pole dance realmente foi utilizado em casas noturnas, com dançarinas eróticas. Tanto é que muitas mulheres queriam aprender o pole para agradarem seus maridos.

Por fim, o pole dance passou por uma última reformulação, que foi quando ficou conhecido como um esporte. Desde então, meninas mais novas e até meninos procuram o pole dance como uma modalidade esportiva.

Há duas vertentes no pole dance. O Pole Sport, com regulamentações rigorosas e movimentos homologados, e o Pole Art, que enfatiza a dança, a arte e a performance.

O Pole Sport foi muito importante, pois foi ele que regulamentou e deu visibilidade ao pole dance como esporte. Assim como em esportes das Olimpíadas, por exemplo, o Pole Sport tem as confederações e os movimentos são regulamentados, baseado na dificuldade de cada um.

O Pole Art, por outro lado, não possui confederações, mas são vários os campeonatos que premiam e valorizam os atletas dessa modalidade. As ‘Maris’, como foi dito, competem no Pole Art, na subcategoria Pole Exotic.

Do preconceito ao reconhecimento do pole dance como esporte

Devido à origem nas casas noturnas, o pole dance ficou conhecido por ser predominantemente erótico. Outro ponto, é que o próprio esporte exige que os atletas usem menos roupa, mas algumas pessoas atribuem isso à sensualidade.

“Essa é uma questão interessante também. A gente precisa estar com pouca roupa para praticar o pole, porque a gente precisa da aderência da pele na barra. Não tem como fazer de roupa, a pele tem que grudar”, explica Mari Souza.

No entanto, apesar dos desafios, as redes sociais contribuem para desmistificar o pole dance e apresentá-lo como uma atividade física completa. “Ainda há muito estigma, mas aos poucos as pessoas estão entendendo que o pole é uma arte, um esporte completo e uma forma de empoderamento.”

As atletas curitibanas não têm patrocínio, mas é possível contatá-las para apoiá-las por meio do Instagram. Mari Mosson, Mari Souza e o estúdio de Pole Dance em Curitiba.