Inspira, expira, se concentre e mentalize algo para esse dia. No silêncio da sala de yoga, um “barulho” inofensivo e, ao mesmo tempo, cheio de fofura. Um latido. Bem baixo e fininho, claro, até porque se tratava de um filhote. Esse é mais um dia normal nas aulas de ‘Puppy Yoga’, prática que ganhou o coração de pessoas mundo afora e chegou em Curitiba há algum tempo.
A Puppy Yoga ficou conhecida por ser uma prática do esporte junto com filhotes de animais, geralmente cachorros ou gatos. Em Curitiba, a novidade veio junto com um objetivo maior: a adoção desses filhotes. A ‘Adote um Vira-Lata’ é quem promove os eventos, que acontecem todo mês. Para participar das aulas, os interessados pagam um “ingresso” e esse valor é todo revertido para o trabalho da ONG com os animais resgatados.
Mia Fabrício é a professora que decidiu trazer a prática da ‘puppy yoga’ para Curitiba. Segundo ela, os filhotes, na verdade, ajudam nas aulas. “O yoga é uma prática que nos conecta tanto com o nosso interior, quanto com o exterior, que é com os animaizinhos. A pessoa que está aqui traz toda essa presença na parte meditativa, na parte da postura em si, e quando vem um cachorrinho perto, dar um cheirinho no ouvido, isso cria vínculo. É uma junção muito especial”, explica.
Durante a aula, é comum que os cachorrinhos interajam com os alunos, seja brincando, ou até procurando um lugar para descansar – e dormir. Ao final, todos têm a oportunidade de fotografar, brincar e fazer carinho no filhotes. É também no final que as meninas da Adote Vl apresentam a ONG e explicam o processo para adoção dos cachorros.
Aliás, na sessão que o Bem Paraná acompanhou, uma das alunas decidiu realmente adotar um desses filhotes. Mas, já explicando, ninguém sai da aula com um cachorrinho já. Os interessados passam por um processo, até para evitar que a “emoção” do momento acabe e os animais não recebam todo cuidado nos novos lares.
As próximas sessões da Puppy Yoga estão marcadas para os dias 5 e 24 de maio, e ainda há ingressos. Mais informações estão no perfil do Instagram @adotevl.
Adote VL: ONG resgata e cuida de animais em Curitiba
A Adote Vl começou com Letícia Tavares, que é a presidente da associação. Aos 13 anos, quando perdeu sua mãe, Letícia conheceu Nina, uma pitbull que tinha sido abandonada e maltratada. Quando se deparou com a situação, a agora presidente da Adote Vl decidiu cuidar da cachorra, cuidou e doou os filhotes dela, mas acabou perdendo Nina para uma doença.
Desde lá, Letícia nunca mais parou de trabalhar com o resgate e reabilitação de animais. “Eu nunca imaginei que a gente chegaria aqui onde a gente chegou hoje. Fui conhecendo as meninas e a gente foi crescendo aos pouquinhos. Hoje em dia a gente tem nosso próprio abrigo, nossa própria marca de roupa e por aí vai”, conta.
Hoje, a Adote Vl conta com alguns setores, como o marketing, eventos, financeiro e a parte de resgate dos animais em si. Como toda organização não-governamental, a Adote precisa do dinheiro e apoio de empresas e voluntários. Para ser voluntário, por exemplo, existem duas opções: fixos, volantes e os lares temporários, como explica Júlia Dezordi, vice-presidente da Adote.
“Se alguém quiser disponibilizar o espaço dessa casa para receber alguns animais por um tempo, a gente manda tudo. Ração, potinho. E a pessoa vai cuidar do animal até ser adotado. Seja pelo voluntário, que é o que acontece na maioria das vezes, ou por outras pessoas.Daí tem também a opção de voluntário volante, que é para as pessoas que não têm disponibilidade de dedicar seu tempo diariamente. Ela pode ajudar, eventualmente, de forma presencial lá no abrigo. Pode ajudar a fazer a limpeza lá do ambiente e tal.”
Os voluntários fixos, por fim, são os que doam seu tempo para a Adote, como é o caso da própria Letícia, da Júlia e também da Isabelle Bernieri, que é voluntária de marketing.
“É uma experiência muito legal. Muito gratificante. Porque a gente consegue participar dos eventos. A gente consegue ajudar ali nas redes sociais montando posts. E a gente consegue participar, de certa forma, dos resgates também. E é muito gostoso poder participar do crescimento deles, ver como eles são reabilitados. Porque muitas vezes a gente paga eles em situação muito triste, e aos poucos eles vão ficando saudáveis e são adotados”, diz Isabelle sobre a sua experiência como voluntária.
A ONG trabalha com resgate e reabilitação de vários tipos de animais. Desde cachorros, gatos, até os animais de grande porte que ficam na fazenda da Adote. Eles recebem pedidos de resgate e sempre que podem vão atrás desses animais. No entanto, é o dinheiro que define quantos animais eles podem ajudar. Por isso, quanto mais ajuda financeira, mais vidas de animais serão salvas pela ONG.
Como ajudar a Adote VL
Para cada resgate, reabilitação e cuidados, os custos são muito altos. A Adote VL não tem apoio governamental, e apenas uma empresa fornece materiais de limpeza de forma fixa. Por isso, a própria Puppy Yôga tem sido um fôlego para a ONG. Os “ingressos” para as aulas ficam na faixa dos R$90 e podem ser parcelados na plataforma Sympla.
Além das aulas de yoga, é possível colaborar com a ONG por meio do pix adoteumviralatapr@gmail.com, e também é possível conversar com elas por meio do Instagram e negociar outra forma de ajudar. E, claro, uma ótima forma de ajudar também é ser voluntário.